A CDC ANGOLA
Pioneira da dança contemporânea em Angola onde é a única com estatuto profissional, a Companhia de Dança Contemporânea de Angola fundada em 1991 pela coreógrafa angolana Ana Clara Guerra Marques, marca a ruptura estética e formal da dança neste país africano, ao propor a abertura para novos conceitos de espectáculo num terreno conservador quase exclusivamente marcado pelas danças patrimoniais e recreativas urbanas.
A utilização de espaços cénicos não convencionais, bem como a iniciação do público angolano ao Teatro-Dança, entre outras sugestões para a diversificação e renovação das linguagens da dança em Angola, não tem sido tarefa fácil, apesar das suas novas propostas estéticas despertarem cada vez mais a curiosidade e o interesse do público.
Há também a destacar o trabalho realizado em colaboração com importantes nomes da literatura (Manuel Rui, Carlos Ferreira, Pepetela, F. Ningi), das artes plásticas (António Ole, Jorge Gumbe, Mário Tendinha, Masongi Afonso) e do audiovisual angolano (Geração 80, Rui Tavares), bem como o trabalho experimental resultante da investigação e da reflexão sobre a estatuária e as danças tradicionais e populares de algumas regiões de Angola.
A crítica social é uma das opções desta companhia que tem partilhado o seu trabalho com os países africanos, europeus e asiáticos que já visitou.
Depois de uma longa interrupção, a CDC reaparece, em 2008, com um novo elenco de bailarinos por si formados e a trabalhar em regime de exclusividade.
A Dança Inclusiva, pela integração de elementos portadores de deficiências físicas, foi o mais recente desafio da Companhia de Dança Contemporânea de Angola que se vem impondo pelo investimento intelectual, pela originalidade das suas criações e pela qualidade técnica e artística com que vai conquistando o reconhecimento da sociedade.
(Enviado por Pwo)
É assim a vida em TERRAMAR, onde dragões e feiticeiras se juntam e contam histórias em que tudo pode acontecer.
sexta-feira, dezembro 30, 2011
segunda-feira, dezembro 26, 2011
NATAL
Estamos em plena crise, mais para uns que para outros.
O desemprego é assustador, o novo ano que se avizinha não parece trazer bons augúrios para ninguém. Haverá certamente festejos na passagem de ano, com muita luz e cor.
Continuaremos a ter estes governantes ridículos, completamente subjugados a forças que não dominam, mas às quais querem pertencer.
Mas, a esperança resiste. Nesta época tão dura, o povo português contribuiu com mais 30% de ofertas para o Banco Alimentar em relação ao ano passado.
Desejo para 2012: que este país tão pobre, não continue a incentivar a saída daquilo que tem de melhor, os seus quadros jovens. Se isso continuar a acontecer, demoraremos uma eternidade a regressar a qualquer normalidade.
O desemprego é assustador, o novo ano que se avizinha não parece trazer bons augúrios para ninguém. Haverá certamente festejos na passagem de ano, com muita luz e cor.
Continuaremos a ter estes governantes ridículos, completamente subjugados a forças que não dominam, mas às quais querem pertencer.
Mas, a esperança resiste. Nesta época tão dura, o povo português contribuiu com mais 30% de ofertas para o Banco Alimentar em relação ao ano passado.
Desejo para 2012: que este país tão pobre, não continue a incentivar a saída daquilo que tem de melhor, os seus quadros jovens. Se isso continuar a acontecer, demoraremos uma eternidade a regressar a qualquer normalidade.
sexta-feira, dezembro 23, 2011
EUSÉBIO
Eusébio, é uma das pessoas que eu admiro. Um dos melhores jogadores de futebol de sempre.
Foi internado com uma pneumonia.
Ninguém tem dúvidas, que sempre terá tratamento diferenciado e que todo o Portugal torce por ele.
Está melhor, felizmente.
Segundo o boletim médico, em declaração pública do director do hospital, ele até já pediu o prato que quer comer amanhã: bacalhau.
Pressuroso o dito director, apressou-se a dizer que o hospital está a fazer esforços no sentido de lhe satisfazer os desejos.
Mas era preciso dizer isso públicamente com aquele ar servil?
Que refeição de Natal estará reservada, para os restantes doentes?
Como se sentirão eles, ao ouvir tais dislates?
Foi internado com uma pneumonia.
Ninguém tem dúvidas, que sempre terá tratamento diferenciado e que todo o Portugal torce por ele.
Está melhor, felizmente.
Segundo o boletim médico, em declaração pública do director do hospital, ele até já pediu o prato que quer comer amanhã: bacalhau.
Pressuroso o dito director, apressou-se a dizer que o hospital está a fazer esforços no sentido de lhe satisfazer os desejos.
Mas era preciso dizer isso públicamente com aquele ar servil?
Que refeição de Natal estará reservada, para os restantes doentes?
Como se sentirão eles, ao ouvir tais dislates?
quinta-feira, dezembro 22, 2011
NATAL
A todos os que por aqui passam, amigos, menos amigos, visitantes apenas, desconhecidos, a todos um feliz Natal.
Fiquem com um dos mais belos poemas da lingua espanhola, uma das línguas mais bonitas do mundo.
Todo pasa y todo queda pero lo nuestro es pasar
pasar haciendo camino, camino sobre la mar
nunca perseguí la gloria y dejar en la memoria
de los hombres mi canción.
Yo amo los mundos sutiles ingrávidos y gentiles
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse, de sol y gran arbolar
bajo el cielo Azul temblar, súbitamente y quebrarse
nunca perseguí la gloria.
Caminante son tus huellas del camino y nada más
caminante no hay camino, se hace camino al andar
al andar se hace el camino y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar
caminante no hay camino sino estelas en la mar.
Hace algún tiempo en ese lugar
donde los bosques se visten de espinos
se oyó una voz de un poeta gritar
caminante no hay camino se hace camino al andar
golpe a golpe, verso a verso.
Murió el poeta lejos del hogar
le cubre el polvo de un país vecino
al alejarse le vieron llorar
caminante no hay camino se hace camino al andar
golpe a golpe, verso a verso.
Cuando el jilguero no puede cantar
cuando el poeta es un peregrino
cuando de nada nos sirve rezar.
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
golpe a golpe,
verso a verso
Fiquem com um dos mais belos poemas da lingua espanhola, uma das línguas mais bonitas do mundo.
Todo pasa y todo queda pero lo nuestro es pasar
pasar haciendo camino, camino sobre la mar
nunca perseguí la gloria y dejar en la memoria
de los hombres mi canción.
Yo amo los mundos sutiles ingrávidos y gentiles
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse, de sol y gran arbolar
bajo el cielo Azul temblar, súbitamente y quebrarse
nunca perseguí la gloria.
Caminante son tus huellas del camino y nada más
caminante no hay camino, se hace camino al andar
al andar se hace el camino y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar
caminante no hay camino sino estelas en la mar.
Hace algún tiempo en ese lugar
donde los bosques se visten de espinos
se oyó una voz de un poeta gritar
caminante no hay camino se hace camino al andar
golpe a golpe, verso a verso.
Murió el poeta lejos del hogar
le cubre el polvo de un país vecino
al alejarse le vieron llorar
caminante no hay camino se hace camino al andar
golpe a golpe, verso a verso.
Cuando el jilguero no puede cantar
cuando el poeta es un peregrino
cuando de nada nos sirve rezar.
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
golpe a golpe,
verso a verso
CESÁRIA
Agora que Cesária morreu, corre por aí em alguns blogs que os portugueses não a trataram como devia e que era melhor acolhida noutros países. Provávelmente dizem essas coisas por desconhecimento. Cesária era bastante apreciada em Portugal, talvez não tivesse o estatuto de diva da "world music", mas era bem tratada.
Ninguém como o povo português conhece Cabo Verde. E para nós Cesária não era uma diva, era apenas mais uma extraordinária cantora das ilhas de fogo. Pena que o resto do mundo não conheça Lura, ou Cimentera, ou Ildo Lobo, ou os Tubarões, ou Dany Silva, ou Tito paris, ou, ou, para apenas citar alguns de repente.
Perceberiam de imediato o que eu quero dizer.
Cesária era bem tratada pelos portugueses.
segunda-feira, dezembro 19, 2011
CÓRDOVA
Este fim de semana estive em Córdova, visitando velhos amigos e trabalhando com eles, por pura diversão, no Hospital Reina Sofia. Foi óptimo. Fez-me bem. Fez-me recordar os tempos que aí passei treinando coisas novas. Ainda assim, aproveitei e treinei outras técnicas que quero iniciar em Janeiro. Ano novo, vida nova, como se diz por aqui.
E Córdova é um sítio onde sempre regresso, sabendo que vou ficar feliz. É uma cidade encantadora de gente simpática e que nos acolhe com imensa naturalidade. E ainda por cima, joguei golf. Algo me dizia que não devia tirar o meu saco do carro.
Agora estou de volta, muito mais leve e sereno. Até lá voltar.
E Córdova é um sítio onde sempre regresso, sabendo que vou ficar feliz. É uma cidade encantadora de gente simpática e que nos acolhe com imensa naturalidade. E ainda por cima, joguei golf. Algo me dizia que não devia tirar o meu saco do carro.
Agora estou de volta, muito mais leve e sereno. Até lá voltar.
sexta-feira, dezembro 09, 2011
segunda-feira, dezembro 05, 2011
RIOS
domingo, dezembro 04, 2011
BLOGS!
A blogosfera é um espaço de cultura, lazer, divertimento, impensável há alguns anos atrás. Através dela, pode-se conseguir quase tudo, inclusivamente bons amigos, e aumentar exponencialmente o saber.
Há os blogs individuais que reflectem a opinião, o saber e mesmo a personalidade de quem o utiliza como ferramenta. Têm a vantagem de que só lê quem quer. Pode até acontecer que ninguém o leia, mas creio que isso importa muito pouco aos donos deles.
Depois há os blogs colectivos.
Quando alguém assume criar um blog e torná-lo colectivo, ainda que seja administrador, o blog deixa em termos prácticos de lhe pertencer e a sua única função é torná-lo equilibrado e evitar alguns mal entendidos que sempre surgem.
Há uns anos atrás tive o privilégio de escrever num blog colectivo, que envolvia gente dos cinco continentes. Foi uma época tão importante, que esse blog foi objecto de um "case study" e fez parte de uma tese de doutoramento.
Foi um período fabuloso, mas a má administração acabou com esse blog, num curto espaço de tempo. Nessa altura recebi telefonemas de gente insatisfeita como eu, dos EUA, do Brasil e até da Austrália. Foi impossível salvar o blog, porque os administradores recusaram-se a ver o que se passava.
Mas salvou-se alguma coisa. Ainda hoje fiquei com amigos com os quais contacto regularmente, nos quatro cantos deste mundo.
Neste momento, num outro blog muito importante, estou eu e estará muita gente a passar por uma situação idêntica, mas tenho fé que os administradores que são gente sensata, se apercebam do mal estar e corrijam rápidamente o que está mal.
GED
Há os blogs individuais que reflectem a opinião, o saber e mesmo a personalidade de quem o utiliza como ferramenta. Têm a vantagem de que só lê quem quer. Pode até acontecer que ninguém o leia, mas creio que isso importa muito pouco aos donos deles.
Depois há os blogs colectivos.
Quando alguém assume criar um blog e torná-lo colectivo, ainda que seja administrador, o blog deixa em termos prácticos de lhe pertencer e a sua única função é torná-lo equilibrado e evitar alguns mal entendidos que sempre surgem.
Há uns anos atrás tive o privilégio de escrever num blog colectivo, que envolvia gente dos cinco continentes. Foi uma época tão importante, que esse blog foi objecto de um "case study" e fez parte de uma tese de doutoramento.
Foi um período fabuloso, mas a má administração acabou com esse blog, num curto espaço de tempo. Nessa altura recebi telefonemas de gente insatisfeita como eu, dos EUA, do Brasil e até da Austrália. Foi impossível salvar o blog, porque os administradores recusaram-se a ver o que se passava.
Mas salvou-se alguma coisa. Ainda hoje fiquei com amigos com os quais contacto regularmente, nos quatro cantos deste mundo.
Neste momento, num outro blog muito importante, estou eu e estará muita gente a passar por uma situação idêntica, mas tenho fé que os administradores que são gente sensata, se apercebam do mal estar e corrijam rápidamente o que está mal.
GED
sexta-feira, dezembro 02, 2011
DEZEMBRO DE NOVO!
Mês mágico. Pelo menos de onde eu venho era.
Mês de inventar palavras novas, usar a magia.
"Amorar" por exemplo. Não sei se já foi inventada, mas eu inventei-a também.
"Dançarinhando", coisa que eu faço muitas vezes.
"Futugir", coisa que eu nunca farei.
Experimentem inventar. Faz-nos sentir bem.
Fiquem abensonhados ( esta não é minha).
Mês de inventar palavras novas, usar a magia.
"Amorar" por exemplo. Não sei se já foi inventada, mas eu inventei-a também.
"Dançarinhando", coisa que eu faço muitas vezes.
"Futugir", coisa que eu nunca farei.
Experimentem inventar. Faz-nos sentir bem.
Fiquem abensonhados ( esta não é minha).
DEZEMBRO
Aí está ele, esse mês de tantas e desencontradas emoções. O mês do Natal.
Pessoalmente, acredito no Pai Natal, sempre acreditei.
De onde eu venho, acreditamos em dragões, em elfos, em duendes, em feiticeiros e... no Pai Natal.
Independentemente de amarguras, ou de frustrações, ou de desastres ciclópicos, eu acredito no Pai Natal.
E, de verdade, tenho pena daqueles que não acreditam. Não sabem o que perdem.
A vida sem magia, é apenas um "copy"/ "paste", de uma enorme, incomensurável tristeza.
Pessoalmente, acredito no Pai Natal, sempre acreditei.
De onde eu venho, acreditamos em dragões, em elfos, em duendes, em feiticeiros e... no Pai Natal.
Independentemente de amarguras, ou de frustrações, ou de desastres ciclópicos, eu acredito no Pai Natal.
E, de verdade, tenho pena daqueles que não acreditam. Não sabem o que perdem.
A vida sem magia, é apenas um "copy"/ "paste", de uma enorme, incomensurável tristeza.
quarta-feira, novembro 30, 2011
terça-feira, novembro 29, 2011
Yiruma - Kiss The Rain (Full Version)
KISS THE RAIN
Lembro-me que chovia no meu passado
Grossas gotas, mornas, acolhedoras
Cada uma me lambuzando a face e os lábios
Em suaves beijos de amor primeiro
Lembro-me de imaginar ser tudo possível
Mirando-as a engrossar a correnteza
Vendo-as partir nos rumos de outras vidas
Com a certeza de que regressariam de novo
Imaginava que me trariam notícias de lá
Lembro-me de as ver chegar em cada ano
As mesmas chuvas que eu tinha beijado
Incessantemente prisioneiras entre a nuvem e o charco
Brilhando em tons de azul sob o sol tropical
Lembro-me que chovia no meu passado
E eu imaginava que tudo era possível.
Lembro-me que chovia no meu passado. Grossas gotas, mornas, acolhedoras, cada uma me lambuzando a face e os lábios, em suaves beijos de amor primeiro. Cristais líquidos escorrendo no pano da tarde. A terra vermelha fumegava cios. Lembro-me de imaginar ser tudo possível, mirando-as a engrossar a correnteza, vendo-as partir nos rumos de outras vidas com a certeza de que regressariam de novo. Imaginava que me trariam notícias de lá.
Lembro-me de as ver chegar em cada ano, as mesmas chuvas que eu tinha beijado, gotejando beirais, incessantemente prisioneiras entre a nuvem e o charco, brilhando em tons de azul e vermelho sob o intenso sol tropical.
Lembro-me que chovia no meu passado, e eu ainda imaginava que tudo era possível.
segunda-feira, novembro 28, 2011
VIDA
Latejam-me as veias
Por onde circulam palavras de impaciência
Em cadências loucas de ritmos distantes
Vincando rugas mágicas na pele da alma
Oceanos de luz invadem-me em golfadas
Noites e dias explodindo perto de mim
Mil sóis vagabundos penetram-me o corpo
E tremo sozinho febres de tanto esperar
Ainda assim, latejam-me as veias
No ritmo de tantas inquietas solidões
Arrisco-me nas profundezas do grande mar
Apalpando às cegas cada onda que passa
Procura incessante de outras solidões iguais
Ateio labaredas nos céus de cor violeta
Voo entre elas no dorso dos mais velhos dragões
E convoco todos os feiticeiros disponíveis
Latejam-me demasiado as veias
De imaginar tanta vida para palmilhar ainda
E tanto desencontro no caminho em frente
Por onde circulam palavras de impaciência
Em cadências loucas de ritmos distantes
Vincando rugas mágicas na pele da alma
Oceanos de luz invadem-me em golfadas
Noites e dias explodindo perto de mim
Mil sóis vagabundos penetram-me o corpo
E tremo sozinho febres de tanto esperar
Ainda assim, latejam-me as veias
No ritmo de tantas inquietas solidões
Arrisco-me nas profundezas do grande mar
Apalpando às cegas cada onda que passa
Procura incessante de outras solidões iguais
Ateio labaredas nos céus de cor violeta
Voo entre elas no dorso dos mais velhos dragões
E convoco todos os feiticeiros disponíveis
Latejam-me demasiado as veias
De imaginar tanta vida para palmilhar ainda
E tanto desencontro no caminho em frente
TALVEZ
Talvez
A vida não seja apenas estilhaços
E não seja tão duro crescer
Dançando sempre num baile de cicatrizes
Talvez
Haja um tempo de sorrir à morte
Fitar a fera de olhos confiantes
E dizer-lhe sereno que não venceu a batalha
Talvez
Os crepúsculos anunciem o orvalho das manhãs
As fogueiras sejam realmente dragões
Contando histórias na lingua velha
Talvez
Haja amores que sejam eternos
E que todos os rios circulem nas veias
Flutuando alucinações e desejos contidos.
Talvez
Haja um tempo de sussurros cristalinos
Com libelinhas dourando sob o sol.
A vida não seja apenas estilhaços
E não seja tão duro crescer
Dançando sempre num baile de cicatrizes
Talvez
Haja um tempo de sorrir à morte
Fitar a fera de olhos confiantes
E dizer-lhe sereno que não venceu a batalha
Talvez
Os crepúsculos anunciem o orvalho das manhãs
As fogueiras sejam realmente dragões
Contando histórias na lingua velha
Talvez
Haja amores que sejam eternos
E que todos os rios circulem nas veias
Flutuando alucinações e desejos contidos.
Talvez
Haja um tempo de sussurros cristalinos
Com libelinhas dourando sob o sol.
sábado, novembro 26, 2011
DE ONDE EU VENHO
De onde eu venho
Não há talvez nem indecisões
Nenhum rio é de sim e não
E todos, todos nascem no mar
Terra é terra, fogo é fogo
E nenhuma água jamais o dissipará
De onde eu venho
Libelinhas azuis vagueiam no crepúsculo
E pirilampos acendem as noites
Enquanto girassóis se ausentam de danças
Em redor de cada fogueira ateada
Cada homem empenha sua palavra firme
Fundida no fogo dos seus ancestrais
De onde eu venho
Há memórias de bemquerer
Salpicando as espumas do grande mar
As mulheres podem vestir cetins negros
Porque nenhuma dança será recusada
E nenhum amor, nunca vacilará
De onde eu venho
Serpenteiam brilhantes as veias da terra
Num rumor liquido e sagrado
Amparando amores prometidos e cumpridos
Enquanto majestoso bagres deslizam serenos
Nos rios de todas as memórias
De onde eu venho
Cada homem é a sua palavra.
GED
Não há talvez nem indecisões
Nenhum rio é de sim e não
E todos, todos nascem no mar
Terra é terra, fogo é fogo
E nenhuma água jamais o dissipará
De onde eu venho
Libelinhas azuis vagueiam no crepúsculo
E pirilampos acendem as noites
Enquanto girassóis se ausentam de danças
Em redor de cada fogueira ateada
Cada homem empenha sua palavra firme
Fundida no fogo dos seus ancestrais
De onde eu venho
Há memórias de bemquerer
Salpicando as espumas do grande mar
As mulheres podem vestir cetins negros
Porque nenhuma dança será recusada
E nenhum amor, nunca vacilará
De onde eu venho
Serpenteiam brilhantes as veias da terra
Num rumor liquido e sagrado
Amparando amores prometidos e cumpridos
Enquanto majestoso bagres deslizam serenos
Nos rios de todas as memórias
De onde eu venho
Cada homem é a sua palavra.
GED
sexta-feira, novembro 25, 2011
ÁFRICA
Hoje inexplicávelmente, acordei e passei o dia com o cheiro de África entranhado em mim, como um perfume.
Por isso andei feliz o dia inteiro, embora a saudade me batesse constantemente, mais que o habitual.
Este amor é permanente, sem quebras, e ao contrário de tantos outros é para a vida inteira.
Está na hora de regressar e sentir de novo na pele, o calor abrasador daquele sol amigo. De passear sem destino naquelas anharas sem fim.
Cumprimentar gibóias e girafas e zebras. Alucinar com a dança dos girassóis.
É, está na hora de regressar a este amor firme que me consome diáriamente.
quinta-feira, novembro 24, 2011
PLAYING FOR CHANGE
Para quem não conhece, aconselho vivamente a visita a www.playingforchange.com.
Visitem, ouçam, vasculhem o site com todo o cuidado, que não se vão arrepender.
Uma cadeia de televisão norte americana, propôs-se encontrar cantores e músicos de rua, fora de todos os circuitos comerciais e pô-los a tocar em simultâneo, cada um em seu país. O movimento cresceu e hoje é magnífico.
Aproveitem.
Visitem, ouçam, vasculhem o site com todo o cuidado, que não se vão arrepender.
Uma cadeia de televisão norte americana, propôs-se encontrar cantores e músicos de rua, fora de todos os circuitos comerciais e pô-los a tocar em simultâneo, cada um em seu país. O movimento cresceu e hoje é magnífico.
Aproveitem.
sábado, novembro 19, 2011
VIDA
Hoje sinto-me profundamente feliz. Salvei uma vida.
À minha frente, morreu súbitamente uma pessoa. Consegui mantê-lo vivo, durante dez minutos até chegar a Emergência Médica.
Hoje, sinto-me feliz. Finalmente mereci o meu pedaço de pão.
À minha frente, morreu súbitamente uma pessoa. Consegui mantê-lo vivo, durante dez minutos até chegar a Emergência Médica.
Hoje, sinto-me feliz. Finalmente mereci o meu pedaço de pão.
quinta-feira, novembro 17, 2011
terça-feira, novembro 15, 2011
I'M GOING TO...
Perdoem-me aqueles raros amigos que aqui vêm.
Vou dar-me a mim próprio um período de repouso e de reflexão.
Estou cansado, verdadeiramente cansado de escrever.
Sem chama e sem vontade de voar.
Apenas um tempo.
Depois, talvez regresse de novo.
Abraços
Vou dar-me a mim próprio um período de repouso e de reflexão.
Estou cansado, verdadeiramente cansado de escrever.
Sem chama e sem vontade de voar.
Apenas um tempo.
Depois, talvez regresse de novo.
Abraços
RETEP NAP
No outro dia alguém me perguntou, se era possível viver sem chama, sem fantasia, sem voar!
É possível viver sem as duas pernas, sem os dois braços, sem as duas pernas e os dois braços, sem olhos, sem uma série de coisas. É quase possível viver sem quase tudo.
Viver sem chama é apenas mais uma forma de mutilação. É possível, mas isso é vida?
Há quantidades enormes de intelectuais dizendo barbaridades do género: as recordações, todas elas ajudam a povoar a solidão. Eu que não sou intelectual, acho que as recordações apenas ajudam a intensificar a solidão.
domingo, novembro 13, 2011
QUEM NÃO SE LEMBRA?
PAI
Anoitece
E o céu encobriu-se de mil estrelas
Lá muito longe, entre Rigel e Altair
Encontro aquela que sempre procuro
Nova, com a luz de milhões de velas
Acendeu-se, quando decidiste partir
E brilha intensamente no céu escuro
Anoitece
E quando olho fixamente essa estrela
Sinto que ficou tanto, tanto por dizer
Que nem sei bem por onde começar
Sei que tenho de preencher esta tela
Com cores que te possam dar prazer
Que possam mostrar-te o sol e o luar
Anoitece
Penso em tudo aquilo que me deste
Pitágoras e o milagre da hipotenusa
Arquimedes mergulhando no banho
Sandokan, Cyrano, o principe Oreste
Neruda, Leonardo e a sua bela musa
Chopin, Galileu, África sem tamanho.
Anoitece
Sei que a natureza tem horror ao vazio
Sei que a gravidade nos impede de voar
E que varia na razão inversa da distância
Sei que temos sempre a vida por um fio
Sei que deste tudo o que tinhas para dar
Sei tudo isto que aprendi desde a infância
Anoitece
Deste-me tudo sem pedir nada em troca
Apenas pelo puro prazer de me ver crescer
Ensinaste-me que o sonho comanda a vida
Ensinaste-me a ver que não há fio sem roca
Ainda assim, sinto que ficou tanto por dizer
Tanto, que sinto permanentemente esta ferida
Anoitece
Aproveito para te dizer o que me vai na alma
Que deveria ter dito antes e já não pode ser
A verdade é que só há pouco tempo percebi
Como a luz do teu mundo era doce e calma
E só agora ganhei coragem para te dizer
Que gosto muito, muito, muito de ti.
MOMENTOS
Há momentos em que as palavras queimam
E escrever é uma montanha intransponível
Custa usá-las, porque fogem e magoam
Dançam as próprias danças, não as nossas
E o amor, já não é mais coisa de bemquerer
Há momentos em que as palavras doem
Silenciando todos os gestos ensaiados
Afectos ardem nas fogueiras lentas da noite
E os lobos e girassóis permanecem quietos
Ainda que a lua cheia se arraste nos céus
Há momentos em que as palavras ferem
E as gotas da chuva são apenas punhais
Ferindo incessantemente a alma já dilacerada
Impossível sonhar com dias de cor azul
E nenhuma noite se crava mais nas madrugadas.
Há momentos em que as palavras enlouquecem
E passeiam desordenadas nas nossas veias
Rios em turbilhão correndo ao contrário
Foz e nascente misturadas num caos alucinado
Nenhum abraço terno para inventar um chão
Os ventos imóveis já não vestem poeiras
E o sol deixa de caber no concavo das mãos
Há momentos em que o poema não é mais possível
E escrever é uma montanha intransponível
Custa usá-las, porque fogem e magoam
Dançam as próprias danças, não as nossas
E o amor, já não é mais coisa de bemquerer
Há momentos em que as palavras doem
Silenciando todos os gestos ensaiados
Afectos ardem nas fogueiras lentas da noite
E os lobos e girassóis permanecem quietos
Ainda que a lua cheia se arraste nos céus
Há momentos em que as palavras ferem
E as gotas da chuva são apenas punhais
Ferindo incessantemente a alma já dilacerada
Impossível sonhar com dias de cor azul
E nenhuma noite se crava mais nas madrugadas.
Há momentos em que as palavras enlouquecem
E passeiam desordenadas nas nossas veias
Rios em turbilhão correndo ao contrário
Foz e nascente misturadas num caos alucinado
Nenhum abraço terno para inventar um chão
Os ventos imóveis já não vestem poeiras
E o sol deixa de caber no concavo das mãos
Há momentos em que o poema não é mais possível
sábado, novembro 12, 2011
CHAMAS
Pintado, com as lembranças das imensas queimadas da minha terra. Quando as chanas se incendiavam por dezenas de quilómetros e eu pensava que tudo estava perdido naquela terra calcinada. Depois, pouco tempo depois a floresta explodia em todos os tons de verde e a selva regressava com todos os seus habitantes
sexta-feira, novembro 11, 2011
ROSA DE ATACAMA
Ser pai, é profissão a tempo inteiro, 24 horas por dia, durante toda a vida. E não é remunerada.
Uma tarefa ciclópica quando se pensa nisso. Tratar da saúde dos filhos, e fundamentalmente ensinar-lhes tudo, literalmente tudo, esperando que oiçam, aprendam e gostem.
Todos os momentos são bons para isso. Se está a comer uma maçã, porque não falar da gravidade e de Newton. Se não que tomar banho, dizer-lhes que o banho foi óptimo para Arquimedes. Se acharem que a luz é rápida, dizer-lhe que Einstein também achava isso e que a célebre fórmula das t-shirts, não é nada ligado ao esoterismo.
Se estivermos a ouvir música, ensinar-lhes a gostar de Chopin, ou de Sérgio Godinho, ou de Chico Buarque.
Ensinar-lhes que a leitura compulsiva do pai, é uma forma de atingir o mundo e o conhecimento.
Tudo isto, misturado com grandes doses de ternura e dizendo pelo meio que a melhor coisa do mundo é ser solidário. E na oportunidade falar-lhes do Che.
E ainda assim fica tanto por ensinar. A esperança é que as armas que lhes fornecemos, os ajudem a descobrir novos caminhos, que possam por sua vez transmitir aos filhos.
É, ser pai é uma tarefa ciclópica, mas é bom vê-los crescer sadios e de cabeça limpa.
Uma tarefa ciclópica quando se pensa nisso. Tratar da saúde dos filhos, e fundamentalmente ensinar-lhes tudo, literalmente tudo, esperando que oiçam, aprendam e gostem.
Todos os momentos são bons para isso. Se está a comer uma maçã, porque não falar da gravidade e de Newton. Se não que tomar banho, dizer-lhes que o banho foi óptimo para Arquimedes. Se acharem que a luz é rápida, dizer-lhe que Einstein também achava isso e que a célebre fórmula das t-shirts, não é nada ligado ao esoterismo.
Se estivermos a ouvir música, ensinar-lhes a gostar de Chopin, ou de Sérgio Godinho, ou de Chico Buarque.
Ensinar-lhes que a leitura compulsiva do pai, é uma forma de atingir o mundo e o conhecimento.
Tudo isto, misturado com grandes doses de ternura e dizendo pelo meio que a melhor coisa do mundo é ser solidário. E na oportunidade falar-lhes do Che.
E ainda assim fica tanto por ensinar. A esperança é que as armas que lhes fornecemos, os ajudem a descobrir novos caminhos, que possam por sua vez transmitir aos filhos.
É, ser pai é uma tarefa ciclópica, mas é bom vê-los crescer sadios e de cabeça limpa.
11.11.11
Às 11 horas de hoje alguém me disse que parasse porque era um momento único na vida, irrepetível.
Parei, claro.
Mas na verdade não são todos os momentos, momentos únicos e irrepetíveis?
Pelas melhores e piores razões, mas são.
GED
Parei, claro.
Mas na verdade não são todos os momentos, momentos únicos e irrepetíveis?
Pelas melhores e piores razões, mas são.
GED
sábado, novembro 05, 2011
segunda-feira, outubro 31, 2011
ÁFRICA MINHA
África vincou-me a alma. Um vinco profundo daqueles que a gente não se livra em nenhum dia da vida.
Nesse vinco indelével, estão todas as savanas douradas com nuvens correndo baixas rente ao chão. E as chuvas torrenciais, permanentemente prisioneiras entre as nuvens e os charcos. E o sol abrasador, endurecendo a pele para outros futuros.
E o mar, na sua enorme mansidão azul, traçando alinhavos na areia, na certeza de que traçou outros em areias tão semelhantes às minhas.
Dentro de mim, sempre esta matriz essencial que me move e me faz dirigir sempre na mesma direcção. Poesia, prosa, ou apenas um olhar pela vida, sempre pela janela desse grande sul, tão grande que não tem explicação.
Sempre a mesma imagem: girassóis, milhões deles nas suas danças lentas, enquanto tambores se ouvem ao longe.
E tchingandjes ensaiando danças mágicas em rituais que só os iniciados conhecem.
E o cacimbo, ah o cacimbo. Não é explicável, é apenas cacimbo escondendo parcialmente as florestas entre os seus farrapos no húmido ar da manhã, numa altura em que os pássaros ainda se aquietam nas ramagens.
E o silêncio total e absoluto como em nenhuma outra parte do mundo. Um silêncio acolhedor, quente, recheado de mil mistérios.
É, sempre mas sempre, dentro de mim faz sul.
Nesse vinco indelével, estão todas as savanas douradas com nuvens correndo baixas rente ao chão. E as chuvas torrenciais, permanentemente prisioneiras entre as nuvens e os charcos. E o sol abrasador, endurecendo a pele para outros futuros.
E o mar, na sua enorme mansidão azul, traçando alinhavos na areia, na certeza de que traçou outros em areias tão semelhantes às minhas.
Dentro de mim, sempre esta matriz essencial que me move e me faz dirigir sempre na mesma direcção. Poesia, prosa, ou apenas um olhar pela vida, sempre pela janela desse grande sul, tão grande que não tem explicação.
Sempre a mesma imagem: girassóis, milhões deles nas suas danças lentas, enquanto tambores se ouvem ao longe.
E tchingandjes ensaiando danças mágicas em rituais que só os iniciados conhecem.
E o cacimbo, ah o cacimbo. Não é explicável, é apenas cacimbo escondendo parcialmente as florestas entre os seus farrapos no húmido ar da manhã, numa altura em que os pássaros ainda se aquietam nas ramagens.
E o silêncio total e absoluto como em nenhuma outra parte do mundo. Um silêncio acolhedor, quente, recheado de mil mistérios.
É, sempre mas sempre, dentro de mim faz sul.
domingo, outubro 30, 2011
EM BRANCO!
Sentamo-nos com uma folha de papel em branco à nossa frente. E começa a difícil tarefa de preenchê-la.
Uns optam por escrever, outros por desenhar, outros por ambas as coisas. É um processo penoso, porque na maior parte das vezes, a ideia inicial esvai-se à medida que vamos fazendo alguma coisa. A folha tem vida própria.
Então, aos poucos, penosamente lá vamos fazendo aquilo a que nos propusemos.
E tudo começa a tomar forma, ainda que se apague, risque, faça de novo e se recomece vezes sem conta.
No fim, independentemente do valor do que lá está, sentimos que demos um contributo ao mundo.
Porque o que lá está é nosso, irrepetível e é fruto apenas da nossa vontade.
Uns optam por escrever, outros por desenhar, outros por ambas as coisas. É um processo penoso, porque na maior parte das vezes, a ideia inicial esvai-se à medida que vamos fazendo alguma coisa. A folha tem vida própria.
Então, aos poucos, penosamente lá vamos fazendo aquilo a que nos propusemos.
E tudo começa a tomar forma, ainda que se apague, risque, faça de novo e se recomece vezes sem conta.
No fim, independentemente do valor do que lá está, sentimos que demos um contributo ao mundo.
Porque o que lá está é nosso, irrepetível e é fruto apenas da nossa vontade.
quarta-feira, outubro 26, 2011
ÁGUAS
Há tanto para ver a transparência da terra. Basta querer.
Olhar cacimbos translúcidos e ver através, a explosão de cores prestes a romper.
Ver elefantes se movendo em liberdade, fazendo do planeta a sua casa, desenhando sombras no pó que se levanta.
Presenciar o nascimento de um bébé, anunciando aos ventos a história de um amor.
Ver girassóis apenas preocupados em dançar, num borrão imenso nas planícies.
Sentir o vento quente nos acariciando a face, e o silêncio em redor pousando sereno nas copas das árvores.
Basta querer, sem precisar de turvar as águas limpidas do rio que passa.
De qualquer modo, como eu te entendo Mia.
Olhar cacimbos translúcidos e ver através, a explosão de cores prestes a romper.
Ver elefantes se movendo em liberdade, fazendo do planeta a sua casa, desenhando sombras no pó que se levanta.
Presenciar o nascimento de um bébé, anunciando aos ventos a história de um amor.
Ver girassóis apenas preocupados em dançar, num borrão imenso nas planícies.
Sentir o vento quente nos acariciando a face, e o silêncio em redor pousando sereno nas copas das árvores.
Basta querer, sem precisar de turvar as águas limpidas do rio que passa.
De qualquer modo, como eu te entendo Mia.
terça-feira, outubro 25, 2011
segunda-feira, outubro 24, 2011
FERNÃO CAPELO GAIVOTA
Ursula K Le Guin uma das minhas escritoras favoritas, fala nos seus livros, principalmente na trilogia "TERRAMAR", de voar em ventos diferentes.
A ideia, embora a tenha mais ou menos percebido, nunca foi clara para mim.
Até recentemente.
Voar é um acto de liberdade. Qualquer ave anseia por voar alto, o voo maior, o voo de uma vida. Nem sempre é possível, porque uma infinidade de coisas pode correr mal.
Pode nunca ser possível saír do bando e voar sózinho esse voo que vale uma vida.
Então, temos que voar nos ventos diferentes, nos ventos dos amigos, da poesia, da música, aprender a dançar com as palavras.
Não é a suprema felicidade, mas pode-se sobreviver com isso.
A ideia, embora a tenha mais ou menos percebido, nunca foi clara para mim.
Até recentemente.
Voar é um acto de liberdade. Qualquer ave anseia por voar alto, o voo maior, o voo de uma vida. Nem sempre é possível, porque uma infinidade de coisas pode correr mal.
Pode nunca ser possível saír do bando e voar sózinho esse voo que vale uma vida.
Então, temos que voar nos ventos diferentes, nos ventos dos amigos, da poesia, da música, aprender a dançar com as palavras.
Não é a suprema felicidade, mas pode-se sobreviver com isso.
SNIPERS
Esta noite passei-a em claro, trabalhando. Quando vinha para casa ouvindo o rádio do carro, ouvi a notícia.
O Secretário de Estado das Comunidades ia renunciar ao subsídio de alojamento. Os nossos políticos recebem subsídio de alojamento se residirem fora de Lisboa. De acordo, é uma maçada ter de se deslocar para governar. Embora ele tenha alojamento próprio em Lisboa, deu como referência a sua casa de origem em Braga!!! Por isso admiro os professores que não têm subsídio de deslocamento e ainda assim vivem felizes, conhecendo o país enquanto trabalham.
Eu prefiro um bom ditador. Desenganem-se, não os apoio, mas são políticos honestos, não estão ali para enganar ninguém, mandam, roubam, matam, mas assumem-se com esse rótulo. Claro está que acabam todos da mesma maneira, mas isso é outra história.
Agora, esta "escumalha democrática", que se esconde, aninha, serpenteia entre as nuances das leis e que ainda por cima se mostra indignada quando descoberta, é bem menos honesta que qualquer ditador escorreito.
E, no nosso país a justiça é inoperante. Mais, se observarmos os últimos vinte anos, verificamos que nas nossas prisões estão os ladrões menores, aqueles que ninguém conhece. Os outros, os ladrões "importantes", esses nenhum foi preso até agora. Convido-vos a fazer esse exercício de memória.
Eu digo muitas vezes que resolvia estes problemas, precisava apenas de quatro pessoas. Tinham é que ser bons...
O Secretário de Estado das Comunidades ia renunciar ao subsídio de alojamento. Os nossos políticos recebem subsídio de alojamento se residirem fora de Lisboa. De acordo, é uma maçada ter de se deslocar para governar. Embora ele tenha alojamento próprio em Lisboa, deu como referência a sua casa de origem em Braga!!! Por isso admiro os professores que não têm subsídio de deslocamento e ainda assim vivem felizes, conhecendo o país enquanto trabalham.
Eu prefiro um bom ditador. Desenganem-se, não os apoio, mas são políticos honestos, não estão ali para enganar ninguém, mandam, roubam, matam, mas assumem-se com esse rótulo. Claro está que acabam todos da mesma maneira, mas isso é outra história.
Agora, esta "escumalha democrática", que se esconde, aninha, serpenteia entre as nuances das leis e que ainda por cima se mostra indignada quando descoberta, é bem menos honesta que qualquer ditador escorreito.
E, no nosso país a justiça é inoperante. Mais, se observarmos os últimos vinte anos, verificamos que nas nossas prisões estão os ladrões menores, aqueles que ninguém conhece. Os outros, os ladrões "importantes", esses nenhum foi preso até agora. Convido-vos a fazer esse exercício de memória.
Eu digo muitas vezes que resolvia estes problemas, precisava apenas de quatro pessoas. Tinham é que ser bons...
domingo, outubro 23, 2011
CAMINHOS
E de repente, ele encontrou-se à beira de um precipício.
Sem saída, com todos os lobos da memória vindo no seu encalço.
Que fazer, pensou ele?
A morte sem glória ou a resistência tenaz?
Escolheu o segundo caminho. Apenas ficar junto ao precipício, e esperar que a alcateia, num gesto inesperado se afaste.
Sem saída, com todos os lobos da memória vindo no seu encalço.
Que fazer, pensou ele?
A morte sem glória ou a resistência tenaz?
Escolheu o segundo caminho. Apenas ficar junto ao precipício, e esperar que a alcateia, num gesto inesperado se afaste.
FASES
É oficial. O frio está aí.
A minha matriz africana começa a dar sinais de desconforto.
Mas nem tudo é mau, se se souber aproveitar o que a vida nos dá.
Chegou a época dos encontros regulares com os amigos, que afinal são o que nos suporta na vida.
E chegou a época alta do golf.
É que este é um desporto que às vezes até se joga com tempo bom!
A minha matriz africana começa a dar sinais de desconforto.
Mas nem tudo é mau, se se souber aproveitar o que a vida nos dá.
Chegou a época dos encontros regulares com os amigos, que afinal são o que nos suporta na vida.
E chegou a época alta do golf.
É que este é um desporto que às vezes até se joga com tempo bom!
sábado, outubro 22, 2011
quinta-feira, outubro 20, 2011
INSENSATEZ
De repente, as palavras misturam-se de forma indesejada. Por incompetência ou insensatez, deixamos que elas nos golpeiem e abram rasgos de difícil encerramento. Apetece fazer como Penélope, desfazer tudo e começar de novo, de modo que as nuvens sejam nuvens e que chão firme tenha exactamente esse significado.
Mas, domar um bando de palavras em voos alucinados, requer antes do mais ser mestre na arte de voar e na engenharia de ser ave, e nem sempre se consegue lucidez para fazer isso.A gente pode sempre imaginar um bando de pássaros em voo, mas quantas aves fugiram ao nosso controle?
quarta-feira, outubro 19, 2011
LIBERDADE
Pode-se ser livre em qualquer circunstância. Não há machado que corte a raíz ao pensamento. Pode-se criar o que se quiser, escrever sobre as nuvens, dançar com as palavras, fazer gotejar palavras dos beirais aflorando nevoeiros, pode-se descer as avenidas dançando ao som de um bolero imaginário.
Pode-se até inventar um verbo novo e fazer dele o campo de batalha de uma vida inteira.
Pode-se pisar terra firme, ainda que tudo o resto em volta sejam pantanos de areias movediças.
Pode-se ser livre, ainda que enclausurado na mais bárbara das prisões.
Mas para que isso aconteça, temos que ter todas as contas saldadas connosco próprios. Não se pode ser livre, devendo coisas à vida.
Pode-se até inventar um verbo novo e fazer dele o campo de batalha de uma vida inteira.
Pode-se pisar terra firme, ainda que tudo o resto em volta sejam pantanos de areias movediças.
Pode-se ser livre, ainda que enclausurado na mais bárbara das prisões.
Mas para que isso aconteça, temos que ter todas as contas saldadas connosco próprios. Não se pode ser livre, devendo coisas à vida.
terça-feira, outubro 18, 2011
segunda-feira, outubro 10, 2011
TECELÃ
Tece palavras, como se Penélope nunca tivesse existido.
Rios de palavras, escorrem da ponta dos dedos, e percorrem caminhos inusitados até ao grande mar. Palavras que são foz e nascente, tudo se misturando em nuvens de violentos tons azuis, viajando livres nos céus. Em bandos de poemas ou de prosa cintilante.
Tece palavras no ritmo dos tambores africanos, palavras que dançam e fazem levantar a poeira assente nos sagrados solos.
Palavras que são tchinganges, feitiços, maravilhas desencarceradas do mais fundo das prisões onde estavam aguardando um destino.
E de noite continuam lá, brilhando intensamente aos milhões, no azul profundo do meu céu do sul.
Rios de palavras, escorrem da ponta dos dedos, e percorrem caminhos inusitados até ao grande mar. Palavras que são foz e nascente, tudo se misturando em nuvens de violentos tons azuis, viajando livres nos céus. Em bandos de poemas ou de prosa cintilante.
Tece palavras no ritmo dos tambores africanos, palavras que dançam e fazem levantar a poeira assente nos sagrados solos.
Palavras que são tchinganges, feitiços, maravilhas desencarceradas do mais fundo das prisões onde estavam aguardando um destino.
E de noite continuam lá, brilhando intensamente aos milhões, no azul profundo do meu céu do sul.
sexta-feira, outubro 07, 2011
quinta-feira, outubro 06, 2011
quarta-feira, outubro 05, 2011
terça-feira, outubro 04, 2011
CIDADES
Caminho na cidade de rostos vazios
Dos beirais gotejam palavras sem sentido
Cruzo avenidas de silêncios e gentes
Sem rumos nem destinos anunciados
Os céus escondem-se em farrapos de poluição
Há muito que as árvores secaram seivas
E todos os pássaros voaram para azuis distantes
Edifícios vazios arranham as alturas cinzentas
E já nenhum poeta constrói sonhos
Já ninguém constrói absolutamente nada
Ninguém mais habita a casa da palavra
Dos beirais gotejam palavras sem sentido
Cruzo avenidas de silêncios e gentes
Sem rumos nem destinos anunciados
Os céus escondem-se em farrapos de poluição
Há muito que as árvores secaram seivas
E todos os pássaros voaram para azuis distantes
Edifícios vazios arranham as alturas cinzentas
E já nenhum poeta constrói sonhos
Já ninguém constrói absolutamente nada
Ninguém mais habita a casa da palavra
sábado, outubro 01, 2011
PARABÉNS AMIGA!
A Directora da CDC Angola, Ana Clara Guerra Marques, foi ontem distinguida> com o Diploma de Honra da UNAC (União Nacional dos Artistas e Compositores) na categoria de "Pilar da Dança" em Angola.
Esta categoria é atribuída a "artistas surgidos antes da década de 80, cujas obras ou actos influenciaram as gerações posteriores, contribuindo para a preservação e desenvolvimento da cultura nacional." Desta associação, da qual é membro desde a sua criação, Ana Clara recebeu já o "Prémio Identidade" em 1995.
Esta categoria é atribuída a "artistas surgidos antes da década de 80, cujas obras ou actos influenciaram as gerações posteriores, contribuindo para a preservação e desenvolvimento da cultura nacional." Desta associação, da qual é membro desde a sua criação, Ana Clara recebeu já o "Prémio Identidade" em 1995.
quinta-feira, setembro 29, 2011
RIOS II
A cabeça respira enredos que pendura debaixo do sol.
Escreve um livro de palavras, feita Penélope, em teares há muito abandonados.
Colhe palavras abandonadas e faz delas o lar, de muros e pedras ainda por inventar e mastiga primaveras de um inverno que findou.
Esta mulher ri-se dos destinos e enfrenta a vida apenas com meia cara.
Sei lá, diria ela de todas as chuvas de Setembro, rindo-se da minha loucura.
Apenas me encantam os rios, diria, todos, mesmo aqueles que não lhes visitei, que apenas me contaste.
Mas eu confio.
Escreve um livro de palavras, feita Penélope, em teares há muito abandonados.
Colhe palavras abandonadas e faz delas o lar, de muros e pedras ainda por inventar e mastiga primaveras de um inverno que findou.
Esta mulher ri-se dos destinos e enfrenta a vida apenas com meia cara.
Sei lá, diria ela de todas as chuvas de Setembro, rindo-se da minha loucura.
Apenas me encantam os rios, diria, todos, mesmo aqueles que não lhes visitei, que apenas me contaste.
Mas eu confio.
RIOS
De palavras inconfidentes, transbordam os rios, todos os rios que correm no céu.
Rios que lavam quem os acolhe, e na queda vertiginosa das águas, flutua no ar um pó de estrelas. Suaves estrelas candentes poisam nos seus cabelos e o mar transforma-se em leito.
Eu não sei dançar as palavras, nem envolver-me nos sons do quotidiano, mas ela existe nos bailes da minha vida.
Tropeço no ritmo de africanos tambores, enquanto feiticeiros murmuram encantamentos.
Em volta a floresta respira sofregamente nuvens de desassossego e nós caminhamos juntos.
Rios que lavam quem os acolhe, e na queda vertiginosa das águas, flutua no ar um pó de estrelas. Suaves estrelas candentes poisam nos seus cabelos e o mar transforma-se em leito.
Eu não sei dançar as palavras, nem envolver-me nos sons do quotidiano, mas ela existe nos bailes da minha vida.
Tropeço no ritmo de africanos tambores, enquanto feiticeiros murmuram encantamentos.
Em volta a floresta respira sofregamente nuvens de desassossego e nós caminhamos juntos.
quarta-feira, setembro 28, 2011
INTERNET
A internet, a rede, é com toda a certeza o maior instrumento de conhecimento jamais inventado pela espécie humana. Nela, os conhecimentos podem ser ampliados ao infinito e pesquisar tudo o que se quiser.
Mas é mais do que isso.
Aproxima as pessoas. Hoje ninguém mais escreve cartas. O amigo, o conhecido, a namorada, o amor de uma vida, estão ao alcance da mão, independentemente do ponto do globo em que se encontrem. E tudo se passa numa fracção de segundo. E já nem sequer é preciso um computador clássico. Qualquer vulgar telemovel, é um computador em miniatura.
Na verdade, a solidão da distância pode ser minimizada e quase desaparecer.
Hoje é possível dizer que qualquer um de nós tem a possibilidade de nunca estar sózinho. Basta querer e acreditar.
Mas é mais do que isso.
Aproxima as pessoas. Hoje ninguém mais escreve cartas. O amigo, o conhecido, a namorada, o amor de uma vida, estão ao alcance da mão, independentemente do ponto do globo em que se encontrem. E tudo se passa numa fracção de segundo. E já nem sequer é preciso um computador clássico. Qualquer vulgar telemovel, é um computador em miniatura.
Na verdade, a solidão da distância pode ser minimizada e quase desaparecer.
Hoje é possível dizer que qualquer um de nós tem a possibilidade de nunca estar sózinho. Basta querer e acreditar.
sábado, setembro 24, 2011
POIS É!!!
"O que é teu é teu, sociedade não é riqueza"
Agora para a troca: PASANDALA PANDA K’UTIMA WOVE, K’UTIMA UKWENE KUPITILACA!
(esta é fácil, tem pistas e é preciso lembrar!)
Agora para a troca: PASANDALA PANDA K’UTIMA WOVE, K’UTIMA UKWENE KUPITILACA!
(esta é fácil, tem pistas e é preciso lembrar!)
sexta-feira, setembro 23, 2011
quarta-feira, setembro 21, 2011
EINSTEIN
Há muito tempo atrás, nos tempos do Kaparandanda, sonhei que tinha encontrado Einstein, e que estavamos conversando calmamente, à sombra de dois cafés fumegantes.
Falei-lhe da vida, dos meus sonhos, desassossegos, desilusões e de todas as grandes questões que me preocupavam.
No meu sonho falei durante horas, e estranhei ver Einstein sempre calado e sorrindo.
Falei-lhe de amores e desamores, das injustiças do mundo, de tanta gente explodindo de fome, falei até não poder mais.
Nessa altura, ele ficou muito sério e disse-me.
-Não te preocupes, não tens de verdade que te preocupar com nada.
-É que sabes, na verdade tudo é relativo.
Falei-lhe da vida, dos meus sonhos, desassossegos, desilusões e de todas as grandes questões que me preocupavam.
No meu sonho falei durante horas, e estranhei ver Einstein sempre calado e sorrindo.
Falei-lhe de amores e desamores, das injustiças do mundo, de tanta gente explodindo de fome, falei até não poder mais.
Nessa altura, ele ficou muito sério e disse-me.
-Não te preocupes, não tens de verdade que te preocupar com nada.
-É que sabes, na verdade tudo é relativo.
REGRESSO
Estou de novo aqui.
Regressei de muito longe. Quase diria que regressei do fundo, dos fundos.
Escrevi bastante enquanto estive fora. Pequenas coisas, ou grandes, depende do ponto de vista. E pergunto-me muitas vezes a mim próprio porque escrevo. Que azáfama é esta que me obriga a escrever muitas vezes coisas sem sentido. Sei lá, pergunta difícil esta que faço tantas vezes dentro de mim.
Muitas vezes apenas para partilhar dores e preocupações por este planeta e suas gentes. Outras para comentar factos, que não me apetece que fiquem só para mim. Outras ainda, por pura loucura, por vontade de praticar o absurdo da vida e aí surgem conversas imaginárias que às vezes não são tão loucas como isso.
Outras ainda, aventuro-me no mundo da poesia e há gente que diz que gosta e que é boa, o que embora sendo pouco verdade, me faz feliz.
Mas na verdade, na esmagadora maioria das vezes não é isso que acontece e, escrevo apenas porque sim, de verdade porque sim.
Abraços
Regressei de muito longe. Quase diria que regressei do fundo, dos fundos.
Escrevi bastante enquanto estive fora. Pequenas coisas, ou grandes, depende do ponto de vista. E pergunto-me muitas vezes a mim próprio porque escrevo. Que azáfama é esta que me obriga a escrever muitas vezes coisas sem sentido. Sei lá, pergunta difícil esta que faço tantas vezes dentro de mim.
Muitas vezes apenas para partilhar dores e preocupações por este planeta e suas gentes. Outras para comentar factos, que não me apetece que fiquem só para mim. Outras ainda, por pura loucura, por vontade de praticar o absurdo da vida e aí surgem conversas imaginárias que às vezes não são tão loucas como isso.
Outras ainda, aventuro-me no mundo da poesia e há gente que diz que gosta e que é boa, o que embora sendo pouco verdade, me faz feliz.
Mas na verdade, na esmagadora maioria das vezes não é isso que acontece e, escrevo apenas porque sim, de verdade porque sim.
Abraços
sábado, setembro 10, 2011
VIAGEM
A partir de quarta-feira vou estar fora do país durante uma semana.
Quando voltar aviso.
Até lá.
Quando voltar aviso.
Até lá.
sexta-feira, setembro 09, 2011
TALVEZ
Talvez a vida não seja o que parece.
Talvez a gente não respire de verdade, pelo tronco das árvores.
Talvez os girassóis não dancem.
Talvez não existam poetas.
Talvez descer as avenidas dançando, seja apenas a nossa imaginação.
Talvez o amor não exista.
Talvez tudo não passe de um enorme e destruidor Matrix.
Talvez a gente finja que vive.
Talvez a gente finja que morre.
Talvez a gente apenas finja que sonha entre ambas as coisas.
Talvez.
Talvez a gente não respire de verdade, pelo tronco das árvores.
Talvez os girassóis não dancem.
Talvez não existam poetas.
Talvez descer as avenidas dançando, seja apenas a nossa imaginação.
Talvez o amor não exista.
Talvez tudo não passe de um enorme e destruidor Matrix.
Talvez a gente finja que vive.
Talvez a gente finja que morre.
Talvez a gente apenas finja que sonha entre ambas as coisas.
Talvez.
quarta-feira, setembro 07, 2011
VELHOS
Hoje, por todo o mundo ou quase, os nossos velhos estão sendo maltratados, empurrados para a periferia da vida.
Quando já não servem, depositam-se nos lares, a maior parte deles sem condições e faz-se por esquecê-los. Quando morrem, umas lágrimas e pronto assunto encerrado.
Mas alguém já parou para pensar?
Quantos rios correm nas rugas das faces deles?
Quanto chão já palmilharam neste mundo sem Deus?
Que amores e desamores se escondem por trás do olhar baço?
Acreditaram como nós, em feitiços e magia e girassóis azuis e sonharam?
Quando se pensa em tudo isso, a vontade vacila e as lágrimas embaciam os nossos próprios olhos.
É que quando morre um velho, é como se ardesse uma biblioteca inteira.
Quando já não servem, depositam-se nos lares, a maior parte deles sem condições e faz-se por esquecê-los. Quando morrem, umas lágrimas e pronto assunto encerrado.
Mas alguém já parou para pensar?
Quantos rios correm nas rugas das faces deles?
Quanto chão já palmilharam neste mundo sem Deus?
Que amores e desamores se escondem por trás do olhar baço?
Acreditaram como nós, em feitiços e magia e girassóis azuis e sonharam?
Quando se pensa em tudo isso, a vontade vacila e as lágrimas embaciam os nossos próprios olhos.
É que quando morre um velho, é como se ardesse uma biblioteca inteira.
O MUNDO PULA E AVANÇA
Arrumei a casa. Mudei alguma mobília. No essencial, pintei-a de cores novas e abri novas portas e janelas. Mandei vir gente para me ajudar.
O resultado está aí. Os amigos, vocês todos aí desse lado, que nem visitas são porque fazem parte da mobília, digam-me o que acham.
De vez em quando é preciso arejar as pratas e poli-las. Só assim se mantêm com ar de novas.
Por outro lado, nesta coisa de mudanças há sempre alguma coisa que se parte. Se algum de vocês foi prejudicado por esta mudança, porque já tive informação que alguns amigos não conseguem entrar, avisem-me.
Os que aqui andamos somos todos ou quase todos tropicais, e quem não é passa a ser.
Portanto esta será sempre uma casa de cacimbos, feiticeiros, tchingandjes.
Aqui o mar será sempre o da Praia Morena e da Baía Azul.
E, quando falarmos de tempestades, será de calemas e de chuva bravia.
Cada um de nós possui o segredo de passear nas anharas e falar com os leões e zebras que por lá andam. E todos temos a obrigação de partilhar esta riqueza comum com todos os outros, que nos visitam.
O resultado está aí. Os amigos, vocês todos aí desse lado, que nem visitas são porque fazem parte da mobília, digam-me o que acham.
De vez em quando é preciso arejar as pratas e poli-las. Só assim se mantêm com ar de novas.
Por outro lado, nesta coisa de mudanças há sempre alguma coisa que se parte. Se algum de vocês foi prejudicado por esta mudança, porque já tive informação que alguns amigos não conseguem entrar, avisem-me.
Os que aqui andamos somos todos ou quase todos tropicais, e quem não é passa a ser.
Portanto esta será sempre uma casa de cacimbos, feiticeiros, tchingandjes.
Aqui o mar será sempre o da Praia Morena e da Baía Azul.
E, quando falarmos de tempestades, será de calemas e de chuva bravia.
Cada um de nós possui o segredo de passear nas anharas e falar com os leões e zebras que por lá andam. E todos temos a obrigação de partilhar esta riqueza comum com todos os outros, que nos visitam.
Abraços a todos.
quinta-feira, agosto 25, 2011
POEMA DE BOA NOITE
Dorme meu amor
E deixa que os sonhos te invadam
Deixa que te levem às savanas poeirentas
E que África te cadencie a respiração
Como sempre faz comigo
Dorme meu amor
Nesse sono sereno de sobressaltos
E retoma esses cacimbos esfarrapados
Pendurados em todas as árvores da floresta
Prontos a levantar voo no momento de acordares
Dorme meu amor
Deixa que os ventos soprem lá fora
Anunciando chuvas torrenciais e regeneradoras
Abre o coração ao cheiro, ao cio da terra
E permite que ele te expluda no peito
Dorme meu amor
Embrulha-te bem no cobertor da noite
Iluminada de estrelas cadentes só para ti
Voa com todas as nuvens dos céus do sul
Até que a madrugada te molhe os cabelos
Dorme bem meu amor
E deixa que os sonhos te invadam
Deixa que te levem às savanas poeirentas
E que África te cadencie a respiração
Como sempre faz comigo
Dorme meu amor
Nesse sono sereno de sobressaltos
E retoma esses cacimbos esfarrapados
Pendurados em todas as árvores da floresta
Prontos a levantar voo no momento de acordares
Dorme meu amor
Deixa que os ventos soprem lá fora
Anunciando chuvas torrenciais e regeneradoras
Abre o coração ao cheiro, ao cio da terra
E permite que ele te expluda no peito
Dorme meu amor
Embrulha-te bem no cobertor da noite
Iluminada de estrelas cadentes só para ti
Voa com todas as nuvens dos céus do sul
Até que a madrugada te molhe os cabelos
Dorme bem meu amor
POEMA DE ACORDAR
Acorda amor
Está um dia tão bonito lá fora
Já há gente se amando por aí
Vamos descer a avenida dançando
Acorda amor
Espanta a preguiça morna
Teu café da manhã está aqui
Completo com amor e fantasia
Acorda amor
Abre os olhos e mira-me como tu sabes
Espreguiça-te num abraço carinhoso
E diz-me um bom dia ensolarado
Acorda amor
Há uma promessa de beijos te esperando
Despe as rugas desse sono tranquilo
Que eu tenho flores para te pôr no cabelo
Acorda amor.
Está um dia tão bonito lá fora
Já há gente se amando por aí
Vamos descer a avenida dançando
Acorda amor
Espanta a preguiça morna
Teu café da manhã está aqui
Completo com amor e fantasia
Acorda amor
Abre os olhos e mira-me como tu sabes
Espreguiça-te num abraço carinhoso
E diz-me um bom dia ensolarado
Acorda amor
Há uma promessa de beijos te esperando
Despe as rugas desse sono tranquilo
Que eu tenho flores para te pôr no cabelo
Acorda amor.
segunda-feira, julho 18, 2011
MADIBA
Madiba, hoje fazes noventa e três anos e eu venho aqui dar-te os parabéns por mais este aniversário.
Jamais saberás que o fiz, eu e milhões de pessoas comuns como eu espalhadas por este planeta. Mas sabes que todos os cidadãos comuns de boa vontade, te enviam os parabéns. A ti só te chegam as honrarias dos chefes de estado espalhados por aí.
Mas é o homem comum que gosta de ti.
Na altura em que foste libertado, todos vaticinavam uma guerra fratricida, nesse país amordaçado pelo tenebroso apartheid. Como resposta, transformaste esse país no país do arco-iris, trazendo esperança a todos os sul africanos e ao resto do mundo.
A tua vida todos conhecemos e admiramos. Sempre te respeitaremos pela grandiosidade da tua vida, na defesa de valores inalienáveis dos seres humanos, independentemente da sua raça, credo ou cor.
Jamais saberás que o fiz, mas Madiba, parabéns e fica muito tempo connosco.
Jamais saberás que o fiz, eu e milhões de pessoas comuns como eu espalhadas por este planeta. Mas sabes que todos os cidadãos comuns de boa vontade, te enviam os parabéns. A ti só te chegam as honrarias dos chefes de estado espalhados por aí.
Mas é o homem comum que gosta de ti.
Na altura em que foste libertado, todos vaticinavam uma guerra fratricida, nesse país amordaçado pelo tenebroso apartheid. Como resposta, transformaste esse país no país do arco-iris, trazendo esperança a todos os sul africanos e ao resto do mundo.
A tua vida todos conhecemos e admiramos. Sempre te respeitaremos pela grandiosidade da tua vida, na defesa de valores inalienáveis dos seres humanos, independentemente da sua raça, credo ou cor.
Jamais saberás que o fiz, mas Madiba, parabéns e fica muito tempo connosco.
quarta-feira, julho 06, 2011
ONÇA PINTADA... QUEM TE PINTOU?
Nuvens desajeitadas inundam o meu deserto.
Chovem, por entre os meus dedos, palavras e o sangue das memórias do tempo.
Pedras e pássaros caem nas minhas dunas, enquanto me finjo distraído.
De olhos fechados descosturo estrelas e no meu sonho, nuvens do teu afecto atravessam todos os tempos chorados em silêncio.
De que matéria são feitos os ninhos sem aves?
De ternura, talvez, e de uma vastidão ao nosso alcance.
GED
Chovem, por entre os meus dedos, palavras e o sangue das memórias do tempo.
Pedras e pássaros caem nas minhas dunas, enquanto me finjo distraído.
De olhos fechados descosturo estrelas e no meu sonho, nuvens do teu afecto atravessam todos os tempos chorados em silêncio.
De que matéria são feitos os ninhos sem aves?
De ternura, talvez, e de uma vastidão ao nosso alcance.
GED
terça-feira, julho 05, 2011
FERNANDO NOBRE (EPÍLOGO)
E pronto. O círculo fechou-se. Entrada e saída meteórica pela esquerda baixa. Quem quiser que comente. Eu, nunca mais.
Agora, este texto onça pintada não fica sem resposta, que eu estou com muita vontade de dar o troco. Aguardem.
Abraços
GED
Agora, este texto onça pintada não fica sem resposta, que eu estou com muita vontade de dar o troco. Aguardem.
Abraços
GED
domingo, julho 03, 2011
Onça Pintada
Pele da minha nuvem, descasca a dor perdida em sua bússola de sonhos e acolhe o sangue das memórias do tempo, tempo chorado em silêncio, atravessado pelo rasgo das pedras e dos pássaros, dobrado em secas de ternura e de águas, descosturado de estrelas, expulso do céu, tempo sem infância e germinado dentro dos olhos fechados dos ninhos sem aves e sem os voos de alguns homens.
sexta-feira, julho 01, 2011
Vozes Anoitecidas
" O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros. Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes. " (Mia Couto)
sábado, junho 18, 2011
E agora?
E agora, que é que eu faço ao livro?
Sim! Que é que faço ao livro que encomendei à agente do Circulo de Leitores?
Do Circulo de Leitores, sim senhor, porque já não sabia que dizer à insistente moça, que por sinal e para mal dos meus pecados tinha o número do meu telemóvel... não sabia onde estava o diabo da revista e não tinha coragem para lhe dizer: Desisto!!! Ela dizia logo – Pense bem Sr. Fernando, Veja lá!
Depois de um passar de olhos apressado à revista do Círculo, eis que me surge: Fernando Nobre-Presidente da AMI – HUMANIDADE “Despertar para a cidadania global solidária”. É este! É este mesmo! (um gajo porreiro, despretensioso, que toda a vida contribuiu para ajudar o próximo – mesmo o distante, ou principalmente esse… às tantas, por isso) – Presidente da AMI! É este!
- Não quer ver com mais atenção, Sr. Fernando? Deixo ficar a revista!
- Não! Não, é mesmo este o livro que eu quero, identifico-me, e muito com este fulano! É este!Independente, solidário, nada o liga a partidos, nem essas coisas… é mesmo este!
E agora?
Agora? Agora faço minhas as palavras do GED...
Não é que agora o homem já aparece em fotos, com uma face algo parada e estranha, com um sorriso bacoco, aquele ar de conveniência... ligeiramente curvado, como convém, seguindo com ar babado aquela, agora, endeusada pessoa, bebendo os seus gestos e esperando alguma sobra?
Que é que eu faço ao raio do livro?
Alguém o quer?
Mando, livre de portes.
fmartaneves
17/06/2011
PS. Ged, pf, pára de pegar com o homem...
Sim! Que é que faço ao livro que encomendei à agente do Circulo de Leitores?
Do Circulo de Leitores, sim senhor, porque já não sabia que dizer à insistente moça, que por sinal e para mal dos meus pecados tinha o número do meu telemóvel... não sabia onde estava o diabo da revista e não tinha coragem para lhe dizer: Desisto!!! Ela dizia logo – Pense bem Sr. Fernando, Veja lá!
Depois de um passar de olhos apressado à revista do Círculo, eis que me surge: Fernando Nobre-Presidente da AMI – HUMANIDADE “Despertar para a cidadania global solidária”. É este! É este mesmo! (um gajo porreiro, despretensioso, que toda a vida contribuiu para ajudar o próximo – mesmo o distante, ou principalmente esse… às tantas, por isso) – Presidente da AMI! É este!
- Não quer ver com mais atenção, Sr. Fernando? Deixo ficar a revista!
- Não! Não, é mesmo este o livro que eu quero, identifico-me, e muito com este fulano! É este!Independente, solidário, nada o liga a partidos, nem essas coisas… é mesmo este!
E agora?
Agora? Agora faço minhas as palavras do GED...
Não é que agora o homem já aparece em fotos, com uma face algo parada e estranha, com um sorriso bacoco, aquele ar de conveniência... ligeiramente curvado, como convém, seguindo com ar babado aquela, agora, endeusada pessoa, bebendo os seus gestos e esperando alguma sobra?
Que é que eu faço ao raio do livro?
Alguém o quer?
Mando, livre de portes.
fmartaneves
17/06/2011
PS. Ged, pf, pára de pegar com o homem...
terça-feira, junho 14, 2011
FERNANDO NOBRE E NÓS (REMAKE 15)
Lembram-se?
Concorreu como independente à Presidência da República. Dizia ele que era a voz do povo descontente.
Pouco tempo depois, apareceu coligado ao PSD, para ganhar as eleições e ficar no número dois do país, Presidente da Assembleia da República.
O PSD ganhou e ofereceram-lhe um cargo de ministro, que vai aceitar.
Se lhe oferecessem um cargo de porteiro da Assembleia da República aceitaria?
Eu fico na dúvida, mas aceitam-se apostas.
Concorreu como independente à Presidência da República. Dizia ele que era a voz do povo descontente.
Pouco tempo depois, apareceu coligado ao PSD, para ganhar as eleições e ficar no número dois do país, Presidente da Assembleia da República.
O PSD ganhou e ofereceram-lhe um cargo de ministro, que vai aceitar.
Se lhe oferecessem um cargo de porteiro da Assembleia da República aceitaria?
Eu fico na dúvida, mas aceitam-se apostas.
sexta-feira, junho 10, 2011
Poesia soviética
VIDA, VIDA
Não acredito em presságios nem temo
Os pressentimentos. Não fujo nem da calúnia
Nem do veneno. A morte não existe.
Todos são imortais. Tudo também.
Não há sentido em temer a morte aos sete,
Ou aos setenta. Só há aqui e agora, e a luz;
Nem morte, nem escuridão existem.
Já estamos todos à beira-mar;
E eu sou um desses que vasculham as redes
Quando um cardume de imortalidade passa nadando.
Arsênyi Tarkóvski
Não acredito em presságios nem temo
Os pressentimentos. Não fujo nem da calúnia
Nem do veneno. A morte não existe.
Todos são imortais. Tudo também.
Não há sentido em temer a morte aos sete,
Ou aos setenta. Só há aqui e agora, e a luz;
Nem morte, nem escuridão existem.
Já estamos todos à beira-mar;
E eu sou um desses que vasculham as redes
Quando um cardume de imortalidade passa nadando.
Arsênyi Tarkóvski
quarta-feira, junho 08, 2011
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
"Olhamos a estrela como olhamos o fogo.
Sabendo que são uma mesma substância,
apenas diferindo na distância
em que a si mesmos se consomem."
Mia Couto
Sabendo que são uma mesma substância,
apenas diferindo na distância
em que a si mesmos se consomem."
Mia Couto
sexta-feira, junho 03, 2011
OPINIÕES
Em tempos muito recuados, considerava-me ateu puro e duro, hoje vejo-me como um agnóstico. A maioria dirá que é natural e saudável que uma pessoa mude com a experiência e com a aprendizagem, e que mudar é um sinal de grande maturidade. Isto está em profunda contradição, com o que diz um verdadeiro escritor e que eu assino por baixo: “tenho 54 anos e nunca dei por estar a crescer”.
E não considero para além do mais, que neste assunto específico tenha havido qualquer mudança, apenas a vida me ensinou a suavizar as minhas opções e, hoje em relação a tudo o que me cerca, tento manter-me aberto e disponível para aceitar.
Mas desenganem-se.
Eu fui educado dentro de todas as normas e ritos da Santa Madre Igreja. Fui baptizado, fiz toda a catequese, tive a minha Comunhão Solene, fui crismado e por aí adiante. Não foi portanto uma questão de princípios.
A verdade é que a Igreja sempre me apresentou mais obrigações e deveres, do que graças. E nunca me habituei a lidar com o Deus sisudo e severíssimo que sempre me tentaram impor, e muito menos com a ideia de um brutal inferno, onde todos iríamos parar se não nos portássemos bem. Nunca consegui enquadrar esse Deus, como infinitamente bondoso e justo.
E quando achei que já tinha idade, perguntei aos meus pais, porque é que eles que me tinham educado segundo os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, cometiam o pecado semanal de nunca ir à missa. Responderam-me, que sempre que tinham necessidade de estar com Deus, ele estava presente. E sei que contactavam amiúde.
Com o sentido de humor, que felizmente herdei, o meu pai dizia-me que não gostava de tratar das coisas no escritório, além do mais através de intermediários, que a História tinha mostrado muitas vezes, que nem eram de confiança. Aquilo que era de facto importante, não podia nem devia ser adiado até ao domingo seguinte.
A partir daí nunca mais frequentei a missa e sei que os meus pais estejam onde estiverem, estão bem. Não deixo no entanto de reconhecer, que há gente que o faz por verdadeira fé, e esses para mim são os únicos, que verdadeiramente acreditam em Deus sem pedir nada em troca.
E foi assim que cheguei até aqui. Desacreditando da igreja e questionando a existência de um ser superior. Carregado de dúvidas e incertezas. E sem ser meu intuito envolver-me em profundezas teológicas, que para isso existe outra gente mais disponível, neste momento à minha frente colocam-se três hipóteses.
Deus de facto não existe e o problema está resolvido. Quando a altura chegar, quatro palmos de terra e adeus que me vou embora. Nada de muito preocupante para mim. Olho para a morte como uma situação inevitável e, se aprendi alguma coisa até aqui, foi que o que é inevitável não nos deve preocupar uma vez que nada podemos fazer para mudar o rumo dos acontecimentos.
Deus existe, e é de facto severo e castrador, tal e qual como a igreja recomenda e propaga aos quatro ventos. Não é um Deus que eu consiga aceitar e a ser verdade, provavelmente irei pagar por isso.
Deus existe, mas é como eu O penso. Igualzinho à própria vida: sereno, doce, justo e acima de tudo divertido e com um enorme sentido de humor, pois só assim, é que ele pode aguentar tudo o que lhe vêm fazendo, ou que fazem uns aos outros em nome Dele.
O cálculo de probabilidades mostra-se a meu favor. Das três hipóteses, duas são-me favoráveis. Ou não existe, ou existindo é como eu O imagino e está neste momento a divertir-se com o que eu estou a escrever. Saberá perdoar as minhas dúvidas, com ou sem um castigozinho a acompanhar (dependendo do Seu humor no momento, mas nunca será nada de aterrador ), uma vez que duvidei Dele.
Quanto a toda a imensa legião de gente, ao enorme rebanho tresmalhado sem o saber, que frequenta a igreja semanalmente, para fazer (como se diz hoje em linguagem informática) o “reset” do disco duro da alma, pensando ter na semana seguinte a oportunidade de cometer todos os seus pequenos crimes e pulhices, que poderão apagar à vontade no domingo seguinte com meia dúzia de rezas e uma confissão de permeio, para esses o cálculo de probabilidades diz que se irão seguramente danar.
É que mesmo um Deus divertido e com um sentido de humor invejável, não deve achar graça nenhuma a isso.
Tudo tem um limite.
E não considero para além do mais, que neste assunto específico tenha havido qualquer mudança, apenas a vida me ensinou a suavizar as minhas opções e, hoje em relação a tudo o que me cerca, tento manter-me aberto e disponível para aceitar.
Mas desenganem-se.
Eu fui educado dentro de todas as normas e ritos da Santa Madre Igreja. Fui baptizado, fiz toda a catequese, tive a minha Comunhão Solene, fui crismado e por aí adiante. Não foi portanto uma questão de princípios.
A verdade é que a Igreja sempre me apresentou mais obrigações e deveres, do que graças. E nunca me habituei a lidar com o Deus sisudo e severíssimo que sempre me tentaram impor, e muito menos com a ideia de um brutal inferno, onde todos iríamos parar se não nos portássemos bem. Nunca consegui enquadrar esse Deus, como infinitamente bondoso e justo.
E quando achei que já tinha idade, perguntei aos meus pais, porque é que eles que me tinham educado segundo os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, cometiam o pecado semanal de nunca ir à missa. Responderam-me, que sempre que tinham necessidade de estar com Deus, ele estava presente. E sei que contactavam amiúde.
Com o sentido de humor, que felizmente herdei, o meu pai dizia-me que não gostava de tratar das coisas no escritório, além do mais através de intermediários, que a História tinha mostrado muitas vezes, que nem eram de confiança. Aquilo que era de facto importante, não podia nem devia ser adiado até ao domingo seguinte.
A partir daí nunca mais frequentei a missa e sei que os meus pais estejam onde estiverem, estão bem. Não deixo no entanto de reconhecer, que há gente que o faz por verdadeira fé, e esses para mim são os únicos, que verdadeiramente acreditam em Deus sem pedir nada em troca.
E foi assim que cheguei até aqui. Desacreditando da igreja e questionando a existência de um ser superior. Carregado de dúvidas e incertezas. E sem ser meu intuito envolver-me em profundezas teológicas, que para isso existe outra gente mais disponível, neste momento à minha frente colocam-se três hipóteses.
Deus de facto não existe e o problema está resolvido. Quando a altura chegar, quatro palmos de terra e adeus que me vou embora. Nada de muito preocupante para mim. Olho para a morte como uma situação inevitável e, se aprendi alguma coisa até aqui, foi que o que é inevitável não nos deve preocupar uma vez que nada podemos fazer para mudar o rumo dos acontecimentos.
Deus existe, e é de facto severo e castrador, tal e qual como a igreja recomenda e propaga aos quatro ventos. Não é um Deus que eu consiga aceitar e a ser verdade, provavelmente irei pagar por isso.
Deus existe, mas é como eu O penso. Igualzinho à própria vida: sereno, doce, justo e acima de tudo divertido e com um enorme sentido de humor, pois só assim, é que ele pode aguentar tudo o que lhe vêm fazendo, ou que fazem uns aos outros em nome Dele.
O cálculo de probabilidades mostra-se a meu favor. Das três hipóteses, duas são-me favoráveis. Ou não existe, ou existindo é como eu O imagino e está neste momento a divertir-se com o que eu estou a escrever. Saberá perdoar as minhas dúvidas, com ou sem um castigozinho a acompanhar (dependendo do Seu humor no momento, mas nunca será nada de aterrador ), uma vez que duvidei Dele.
Quanto a toda a imensa legião de gente, ao enorme rebanho tresmalhado sem o saber, que frequenta a igreja semanalmente, para fazer (como se diz hoje em linguagem informática) o “reset” do disco duro da alma, pensando ter na semana seguinte a oportunidade de cometer todos os seus pequenos crimes e pulhices, que poderão apagar à vontade no domingo seguinte com meia dúzia de rezas e uma confissão de permeio, para esses o cálculo de probabilidades diz que se irão seguramente danar.
É que mesmo um Deus divertido e com um sentido de humor invejável, não deve achar graça nenhuma a isso.
Tudo tem um limite.
quinta-feira, junho 02, 2011
La vida empieza a correr...
La vida empieza a correr
de un manantial, como um río;
a veces, el cauce sube,
a veces, ele cauce sube,
y otras se queda vacío.
Del manantial que brotó
para darte vida a ti,
ay, ni una gota quedó
para mí:
la tierra se lo bebió.
Aunque tú digas que no,
el mundo sabe que sí,
que nu una gota quedó
del manantial que brotó
para darte vida a ti.
Nicolás Guillén
de un manantial, como um río;
a veces, el cauce sube,
a veces, ele cauce sube,
y otras se queda vacío.
Del manantial que brotó
para darte vida a ti,
ay, ni una gota quedó
para mí:
la tierra se lo bebió.
Aunque tú digas que no,
el mundo sabe que sí,
que nu una gota quedó
del manantial que brotó
para darte vida a ti.
Nicolás Guillén
segunda-feira, maio 30, 2011
CHUVA
CHUVA
-Diz-me compadre José, tu não achas que a chuva são lágrimas do céu?
- Claro que não Justino. Apenas água que cai das nuvens.
- Sei não. A mim, me parecem lágrimas escorregando pela face das tardes. Tu já provou chuva? Tem sabor de sal na boca da gente
.- Eu andei na escola, sei muito bem que é água contida nas nuvens e que em determinadas condições cai.
- Pois eu te digo compadre José. São lágrimas mesmo. Escorrem-me na face e já nem preciso chorar. Parece mesmo estou a fazer isso. E sempre chove quando estou triste.-
Pode até ser. Já vi tchingange chorando para a chuva cair. E guerrilheiros se escondendo em camas de chuva miudinha
.- Vê compadre? Eu até conheço gente que guarda e pastoreia nuvens e que choram apenas quando elas querem. Rebanhos delas se desfazendo em lágrimas por todo o lado até ao horizonte. Eu gosto de me lavar nessa água. Parece me purifica a alma. E só lágrima faz isso.
- Se calhar tu tens razão. Estou me lembrando da mana Kupilica quando deu à luz. Chovia e o sol era intenso. Parecia milagre. Se calhar eram lágrimas de muita alegria, que lágrima também cai de contentamento. É isso aí, nunca mais vou olhar para a chuva do mesmo modo. A gente tem de olhar para as nuvens com os olhos do coração.
Da série poemas latino-americanos II
De Mario Benedetti:
Lua Congelada
Com esta solidão
ingrata
tranquila
com esta solidão
de sangrados achaques
de distantes uivos
de monstruoso silêncio
de lembranças em alerta
de lua congelada
de noite para outros
de olhos bem abertos
com esta solidão
desnecessária
vazia
se pode algumas vezes
entender
o amor.
Lua Congelada
Com esta solidão
ingrata
tranquila
com esta solidão
de sangrados achaques
de distantes uivos
de monstruoso silêncio
de lembranças em alerta
de lua congelada
de noite para outros
de olhos bem abertos
com esta solidão
desnecessária
vazia
se pode algumas vezes
entender
o amor.
sexta-feira, maio 27, 2011
Da série poemas latino-americanos
Enigmas
Todos temos um enigma
e como é lógico ignoramos
qual é sua chave seu sigilo
raspamos a proximidade
colecionamos os despojos
nos extraviamos nos ecos
e o perdemos no sonho
justo quando ia se decifrar
e tu também tens o teu
um enigma tão simples
que os postigos não o escondem
nem o descartam os presságios
está em teus olhos e os fechas
está em tuas mãos e as retiras
está entre teus peitos e os cobres
está em meu enigma e o abandonas
Do livro O amor, as mulheres e a vida, de Mario Benedetti (escritor uruguaio).
Todos temos um enigma
e como é lógico ignoramos
qual é sua chave seu sigilo
raspamos a proximidade
colecionamos os despojos
nos extraviamos nos ecos
e o perdemos no sonho
justo quando ia se decifrar
e tu também tens o teu
um enigma tão simples
que os postigos não o escondem
nem o descartam os presságios
está em teus olhos e os fechas
está em tuas mãos e as retiras
está entre teus peitos e os cobres
está em meu enigma e o abandonas
Do livro O amor, as mulheres e a vida, de Mario Benedetti (escritor uruguaio).
domingo, maio 22, 2011
ENCONTRO 2011
A pedido da Organização, aqui vão as últimas notícias.
Juca Laranjeira. Tlm: 962422257
Jucalaranjeira@netcabo.pt
Carlos Lopes. Tlm: 968573702
carlossepol@netcabo.pt
Diny Querido. Tlm: 934052637
dinyquerido@gmail.com
Quota Anual: 7.50€
· As confirmações e respectivas inscrições deverão ser feitas para qualquer dos endereços electrónicos abaixo indicados
· O pagamento deverá ser feito, preferencialmente por transferência bancária, para o NIB: 0035 0545 00063474500 15
· Ou por cheque endereçado a: Júlio Manuel Neves Laranjeira
Para a morada: Rua Cristóvão Colombo nº 18, 6ºDt 2675-583 Odivelas
OBS: as confirmações e respectivos pagamentos, deverão ser efectuadas impreterivelmente até dia 15 de Setembro de 2011 (de acordo com a solicitação do Hotel)
FICHA DE INSCRIÇÃO
Nome:
Endereço Postal:
Endereço de Correio Electrónico:
Contacto Telefónico:
Sábado: 15 de Outubro de 2011
Quarto Duplo 38 € (indicar o nº de quartos)
Quarto Single 33 €
Cama Extra 15 €
Cocktail/Jantar Ceia/Baile 35 €
6ª Feira, 14 de Outubro
Quarto Duplo 45 € ( indicar o nº de quartos)
Quarto Single 35 €
Caros colegas e amigos
É com muito gosto e empenho que estamos a dar continuidade à organização de mais um Encontro da Associação Académica dos Antigos Estudantes do Cubal, e que se realizará no fim de semana de 15 de Outubro, no Hotel Monte Rio Aguieira*
Barragem da Aguieira
3450-011 Mortágua
Coordenadas de GPS:
40 350 767
-8 202 726
Importa que possamos contar com uma elevada e participada presença vossa, com o objectivo de dinamizar o evento, e desfrutarmos de momentos de alegria e bem-estar, mantendo viva a amizade que nos une.
Assim, enviamos em anexo o programa do 22º Encontro, bem como a ementa e a ficha de inscrição. É indispensável que as confirmações e os respectivos pagamentos sejam efectuados impreterivelmente até dia 15 de Setembro de 2011, conforme exigência do Hotel.
Após esta data a comissão organizadora não se responsabiliza pelas reservas dos quartos nem do jantar.
Contamos com a vossa colaboração
Saudações académicas
A ComissãoÉ com muito gosto e empenho que estamos a dar continuidade à organização de mais um Encontro da Associação Académica dos Antigos Estudantes do Cubal, e que se realizará no fim de semana de 15 de Outubro, no Hotel Monte Rio Aguieira*
Barragem da Aguieira
3450-011 Mortágua
Coordenadas de GPS:
40 350 767
-8 202 726
Importa que possamos contar com uma elevada e participada presença vossa, com o objectivo de dinamizar o evento, e desfrutarmos de momentos de alegria e bem-estar, mantendo viva a amizade que nos une.
Assim, enviamos em anexo o programa do 22º Encontro, bem como a ementa e a ficha de inscrição. É indispensável que as confirmações e os respectivos pagamentos sejam efectuados impreterivelmente até dia 15 de Setembro de 2011, conforme exigência do Hotel.
Após esta data a comissão organizadora não se responsabiliza pelas reservas dos quartos nem do jantar.
Contamos com a vossa colaboração
Saudações académicas
Juca Laranjeira. Tlm: 962422257
Jucalaranjeira@netcabo.pt
Carlos Lopes. Tlm: 968573702
carlossepol@netcabo.pt
Diny Querido. Tlm: 934052637
dinyquerido@gmail.com
Quota Anual: 7.50€
· As confirmações e respectivas inscrições deverão ser feitas para qualquer dos endereços electrónicos abaixo indicados
· O pagamento deverá ser feito, preferencialmente por transferência bancária, para o NIB: 0035 0545 00063474500 15
· Ou por cheque endereçado a: Júlio Manuel Neves Laranjeira
Para a morada: Rua Cristóvão Colombo nº 18, 6ºDt 2675-583 Odivelas
OBS: as confirmações e respectivos pagamentos, deverão ser efectuadas impreterivelmente até dia 15 de Setembro de 2011 (de acordo com a solicitação do Hotel)
PROGRAMA
15 de OUTUBRO
11:00 – Recepção no Hotel Monte Rio
17:00 – Cocktail de Boas Vindas
20:30 – 22:30 – Jantar
22:30 – 05:00 – Animação e Baile
16 de OUTUBRO
09:00 - 11:00 - Pequeno-almoço bufett
EMENTA
Jantar
Creme de legumes
Bacalhau com broa
Arroz de Pato à moda de Lafões
Buffet de sobremesas
Vinho tinto e branco, águas minerais e refrigerantes
Café e digestivos
Ceia
Caldo verde, salgadinhos variados,
Vinho tinto e branco, águas minerais e refrigerantes
Pão, mini croissants ,
Cacau quente
15 de OUTUBRO
11:00 – Recepção no Hotel Monte Rio
17:00 – Cocktail de Boas Vindas
20:30 – 22:30 – Jantar
22:30 – 05:00 – Animação e Baile
16 de OUTUBRO
09:00 - 11:00 - Pequeno-almoço bufett
EMENTA
Jantar
Creme de legumes
Bacalhau com broa
Arroz de Pato à moda de Lafões
Buffet de sobremesas
Vinho tinto e branco, águas minerais e refrigerantes
Café e digestivos
Ceia
Caldo verde, salgadinhos variados,
Vinho tinto e branco, águas minerais e refrigerantes
Pão, mini croissants ,
Cacau quente
FICHA DE INSCRIÇÃO
Nome:
Endereço Postal:
Endereço de Correio Electrónico:
Contacto Telefónico:
Sábado: 15 de Outubro de 2011
Quarto Duplo 38 € (indicar o nº de quartos)
Quarto Single 33 €
Cama Extra 15 €
Cocktail/Jantar Ceia/Baile 35 €
6ª Feira, 14 de Outubro
Quarto Duplo 45 € ( indicar o nº de quartos)
Quarto Single 35 €
CDC
Recebi da minha amiga Pwo, esta notícia que não comento, apenas lamento.
Companhia de Dança Contemporânea em risco de extinção
A Temporada 2011 da Companhia de Dança Contemporânea, com a peça intitulada “O Homem que chorava sumo de Tomates”, vai já na sua terceira semana de cartaz (das quatro programadas), com sala cheia, num espectáculo, uma vez mais inovador, atitude que tem caracterizado a forma de partilha desta companhia com o público. Na sua nova obra, a CDC Angola opta pelo teatro-dança, um género associado à dança contemporânea, insistindo também na dança inclusiva com a integração de bailarinos portadores de deficiência no seu elenco.
Pioneira em diferentes frentes que vão desde a introdução da dança contemporânea em Angola, à apresentação periódica e regular de espectáculos, em regime de temporadas, passando pela utilização de espaços não convencionais e, mais recentemente a abertura para a dança inclusiva (bailarinos com e sem deficiência física), a CDC tem procurado diferentes vocabulários e novas linguagens, como forma de expressão, no âmbito da pesquisa e experimentação, surgindo assim uma proposta de revitalização da cultura de raiz tradicional e popular, pela utilização dos seus elementos na perspectiva da criação de novas estéticas para a dança angolana, diversas vezes em articulação com outras linguagens (literatura, cinema, artes plásticas, teatro)
Porque a arte não existe apenas num âmbito de espectáculo, mas também noutras vertentes em que outros públicos a experimentam, a manipulam e criam produtos, sensações, descobrem vocações ou apenas desfrutam de momentos de prazer, o projecto da CDC integra também uma Oficina de Artes com o objectivo de fazer uma ponte entre o ensino artístico, as artes e a comunidade.
Numa altura em que a CDC Angola assinala 20 anos de existência, com mais de uma dezena de obras originais, sob a direcção da coreógrafa angolana Ana Clara Guerra Marques, cujo trabalho de investigação e produção criativa são sobejamente conhecidos pela sua regularidade, consistência intelectual e qualidade artística e profissional; num momento em que esta companhia, a primeira e única profissional do género em Angola tenta desenvolver um projecto de extensão comunitária com foco na dança enquanto forma de inclusão; num tempo em que Angola pretende ser um país moderno e aberto para o mundo com um desenvolvimento a nível de todos os sectores, visando a sua expansão, o Gabinete de Divulgação e Imagem vem por este meio comunicar que a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, deixou de ter um espaço para desenvolver o seu trabalho diário.
Tendo em conta o volume de projectos e actividades que são regularmente apoiados em Angola por entidades estatais e privadas, é de questionar porque não é a CDC Angola contemplada? Para reflexão, aqui ficam as palavras do Presidente da República de Angola: “Não é por acaso que muitos dos nossos criadores já se baseiam nelas [nas tradições] e irão certamente continuar a basear-se para produzirem a música erudita, a dança contemporânea, as danças africanas estilizadas, as belas artes e o teatro moderno. Isto não deverá impedir, no entanto, que continuemos a inserir-nos sem complexos na modernidade, apoiando sem reservas a expressão das novas realizações, inquietações e aspirações que a transformação das bases da nossa sociedade e o progresso social e científico nos impõem”.
Gabinete de Divulgação e Imagem da CDC, em Luanda, aos 16 de Maio de 2011
A Temporada 2011 da Companhia de Dança Contemporânea, com a peça intitulada “O Homem que chorava sumo de Tomates”, vai já na sua terceira semana de cartaz (das quatro programadas), com sala cheia, num espectáculo, uma vez mais inovador, atitude que tem caracterizado a forma de partilha desta companhia com o público. Na sua nova obra, a CDC Angola opta pelo teatro-dança, um género associado à dança contemporânea, insistindo também na dança inclusiva com a integração de bailarinos portadores de deficiência no seu elenco.
Pioneira em diferentes frentes que vão desde a introdução da dança contemporânea em Angola, à apresentação periódica e regular de espectáculos, em regime de temporadas, passando pela utilização de espaços não convencionais e, mais recentemente a abertura para a dança inclusiva (bailarinos com e sem deficiência física), a CDC tem procurado diferentes vocabulários e novas linguagens, como forma de expressão, no âmbito da pesquisa e experimentação, surgindo assim uma proposta de revitalização da cultura de raiz tradicional e popular, pela utilização dos seus elementos na perspectiva da criação de novas estéticas para a dança angolana, diversas vezes em articulação com outras linguagens (literatura, cinema, artes plásticas, teatro)
Porque a arte não existe apenas num âmbito de espectáculo, mas também noutras vertentes em que outros públicos a experimentam, a manipulam e criam produtos, sensações, descobrem vocações ou apenas desfrutam de momentos de prazer, o projecto da CDC integra também uma Oficina de Artes com o objectivo de fazer uma ponte entre o ensino artístico, as artes e a comunidade.
Numa altura em que a CDC Angola assinala 20 anos de existência, com mais de uma dezena de obras originais, sob a direcção da coreógrafa angolana Ana Clara Guerra Marques, cujo trabalho de investigação e produção criativa são sobejamente conhecidos pela sua regularidade, consistência intelectual e qualidade artística e profissional; num momento em que esta companhia, a primeira e única profissional do género em Angola tenta desenvolver um projecto de extensão comunitária com foco na dança enquanto forma de inclusão; num tempo em que Angola pretende ser um país moderno e aberto para o mundo com um desenvolvimento a nível de todos os sectores, visando a sua expansão, o Gabinete de Divulgação e Imagem vem por este meio comunicar que a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, deixou de ter um espaço para desenvolver o seu trabalho diário.
Tendo em conta o volume de projectos e actividades que são regularmente apoiados em Angola por entidades estatais e privadas, é de questionar porque não é a CDC Angola contemplada? Para reflexão, aqui ficam as palavras do Presidente da República de Angola: “Não é por acaso que muitos dos nossos criadores já se baseiam nelas [nas tradições] e irão certamente continuar a basear-se para produzirem a música erudita, a dança contemporânea, as danças africanas estilizadas, as belas artes e o teatro moderno. Isto não deverá impedir, no entanto, que continuemos a inserir-nos sem complexos na modernidade, apoiando sem reservas a expressão das novas realizações, inquietações e aspirações que a transformação das bases da nossa sociedade e o progresso social e científico nos impõem”.
Gabinete de Divulgação e Imagem da CDC, em Luanda, aos 16 de Maio de 2011
sábado, maio 21, 2011
sexta-feira, maio 20, 2011
A PALAVRA
Escrever é um risco, uma roleta, uma montanha russa sem barreiras laterais nem cinto.
A gente busca na casa da palavra, as mais certeiras, redondas, afiadas para que se soltem e voem.
Por vezes, o mais difícil é juntá-las de forma a serem harmoniosas, inteligiveis, fazerem sentido.
Depois num acto de criatividade libertadora, que nos deixa exaustos, lançamo-las num voo que queremos perfeito.
Às vezes não acontece assim, mas também não é caso para desistir.
Acontece aos melhores...
A gente busca na casa da palavra, as mais certeiras, redondas, afiadas para que se soltem e voem.
Por vezes, o mais difícil é juntá-las de forma a serem harmoniosas, inteligiveis, fazerem sentido.
Depois num acto de criatividade libertadora, que nos deixa exaustos, lançamo-las num voo que queremos perfeito.
Às vezes não acontece assim, mas também não é caso para desistir.
Acontece aos melhores...
DOENÇA MORTAL
DOENÇA MORTAL
Conversas imaginárias ( escrita sobre as nuvens entre Paris e Lisboa)
Conversas imaginárias ( escrita sobre as nuvens entre Paris e Lisboa)
Rosalinda tinha tudo para ser feliz e fazer qualquer homem feliz.
De facto era uma mulher muito bonita, sensual, inteligente culta e divertida.
Foi assim que Pedro a conheceu e se apaixonou de imediato. Ela também, porque Pedro parecia ser tudo o que ela sempre tinha desejado.
E ao fim de algum tempo de namoro casaram.
Viveram felizes e muito apaixonados, pelo menos durante algum tempo nada manchou esta relação .
Um dia de manhã, sem qualquer motivo aparente ela diz-lhe.
- Pedro, estás tão perfumado, passa-se alguma coisa?
- Claro que não, uso este perfume há mais de cinco anos e sempre o ponho de manhã como sabes
- Sei, mas hoje o cheiro parece-me mais intenso, mas deixa, deve ser impressão minha.
Pedro saíu para o trabalho, levemente perturbado, mas depressa esqueceu o pequeno incidente.
E tudo foi correndo bem nos dias seguintes.
Algumas semanas depois, de manhã, já Pedro tinha esquecido o pequeno incidente, Rosalinda volta a perguntar-lhe.
- Pedro, estás de meias pretas, vais ter com alguém, andas a enganar-me?
- Claro que não meu amor, tu sabes muito bem que eu só tenho meias pretas, e porque haveria de te enganar? Nós não somos felizes?
Mais uma vez, Pedro saiu para o trabalho, desta vez com alguma preocupação, pois não achava normal a atitude de Rosalinda.
Nos dias seguintes tudo se tornou mais sério e obssessivo.
- Pedro, estás a cortar as unhas dos pés e das mãos porquê?
- Pedro, porque estás a fazer a barba?
-Pedro, porque estás a pegar na chávena de café com a mão esquerda?
- Pedro porque estás a tomar banho? Tenho a certeza que andas metido com outra a enganar-me todos os dias. Odeio-te.
Hoje, Pedro e Rosalinda vivem separados.
E ela, vive a sua vida, feliz (?) na sua roda de amigos e amigas a quem confidencia com grande à vontade e com o sentimento de ter toda a razão do mundo, durante o chá das cinco, numa esplanada qualquer:
- Eu não vos dizia? Não vos disse sempre que ele me andava a enganar? Os homens são todos iguais. Apenas nos querem durante um tempo, depois fartam-se e abandonam-nos.
Façam como eu, que aprendi à minha custa que nunca se deve confiar em ninguém .
De facto era uma mulher muito bonita, sensual, inteligente culta e divertida.
Foi assim que Pedro a conheceu e se apaixonou de imediato. Ela também, porque Pedro parecia ser tudo o que ela sempre tinha desejado.
E ao fim de algum tempo de namoro casaram.
Viveram felizes e muito apaixonados, pelo menos durante algum tempo nada manchou esta relação .
Um dia de manhã, sem qualquer motivo aparente ela diz-lhe.
- Pedro, estás tão perfumado, passa-se alguma coisa?
- Claro que não, uso este perfume há mais de cinco anos e sempre o ponho de manhã como sabes
- Sei, mas hoje o cheiro parece-me mais intenso, mas deixa, deve ser impressão minha.
Pedro saíu para o trabalho, levemente perturbado, mas depressa esqueceu o pequeno incidente.
E tudo foi correndo bem nos dias seguintes.
Algumas semanas depois, de manhã, já Pedro tinha esquecido o pequeno incidente, Rosalinda volta a perguntar-lhe.
- Pedro, estás de meias pretas, vais ter com alguém, andas a enganar-me?
- Claro que não meu amor, tu sabes muito bem que eu só tenho meias pretas, e porque haveria de te enganar? Nós não somos felizes?
Mais uma vez, Pedro saiu para o trabalho, desta vez com alguma preocupação, pois não achava normal a atitude de Rosalinda.
Nos dias seguintes tudo se tornou mais sério e obssessivo.
- Pedro, estás a cortar as unhas dos pés e das mãos porquê?
- Pedro, porque estás a fazer a barba?
-Pedro, porque estás a pegar na chávena de café com a mão esquerda?
- Pedro porque estás a tomar banho? Tenho a certeza que andas metido com outra a enganar-me todos os dias. Odeio-te.
Hoje, Pedro e Rosalinda vivem separados.
E ela, vive a sua vida, feliz (?) na sua roda de amigos e amigas a quem confidencia com grande à vontade e com o sentimento de ter toda a razão do mundo, durante o chá das cinco, numa esplanada qualquer:
- Eu não vos dizia? Não vos disse sempre que ele me andava a enganar? Os homens são todos iguais. Apenas nos querem durante um tempo, depois fartam-se e abandonam-nos.
Façam como eu, que aprendi à minha custa que nunca se deve confiar em ninguém .
terça-feira, maio 17, 2011
O Africano
O primeiro parágrafo:
"Todo ser humano é um resultado de pai e mãe. Pode-se não reconhecê-los, não amá-los, pode-se duvidar deles. Mas eles aí estão: seu rosto, suas atitudes, suas maneiras e manias, suas ilusões e esperanças, a forma de suas mãos e de seus dedos do pé, a cor dos olhos e dos cabelos, seu modo de falar, suas idéias, provavelmente a idade de sua morte, tudo isso passou para nós. Por muito tempo sonhei que minha mãe era negra. Inventei-me uma história, um passado, para escapar da realidade em meu retorno da África, neste país, nesta cidade onde eu não conhecia ninguém, onde me tornara um estrangeiro. Depois descobri, quando meu pai, na idade da aposentadoria, retornou para viver conosco na França, que o Africano era ele. Foi difícil admitir isso. Tive de voltar atrás, de recomeçar, de tentar compreender. Em memória disso escrevi este pequeno livro. "
O segundo parágrafo:
"O corpo
Tenho coisas a dizer deste rosto que recebi em meu nascimento. Primeiro, foi preciso aceitá-lo. Afirmar que não me agradava seria dar-lhe uma importância que ele não tinha quando eu era criança. Eu não o odiava: ignorava-o, evitava-o. Não o olhava nos espelhos. Durante anos, creio que nunca o vi. Desviava os olhos das fotos, como se alguma outra pessoa tivesse se posto em meu lugar. Aos oito anos de idade, mais ou menos, vivi na África ocidental, na Nigéria, numa região muito isolada onde não havia europeus, à exceção de meu pai e minha mãe, e onde a humanidade, para a criança que eu era, se constituía unicamente de iorubás e ibos. Na choupana em que nós morávamos (a palavra choupana tem algo de colonial que hoje em dia pode chocar, mas que descreve bem a residência funcional prevista pelo governo inglês para os médicos militares, uma laje de cimento por piso, quatro paredes de blocos sem emboço, um telhado de chapas onduladas recoberto de folhas, nenhuma decoração, redes penduradas nas paredes para servir de camas e, única concessão ao luxo, um chuveiro ligado por canos de ferro a uma caixa d'água no telhado, que esquentava ao sol), nessa choupana portanto não havia espelhos, nem quadros, nada que pudesse lembrar-nos do mundo em que tínhamos até então vivido. Um crucifixo que meu pai pendurara na parede, mas sem representação humana. Foi aí que eu aprendi a esquecer. Parece-me que da entrada nessa choupana, em Ogoja, é que data o apagamento de meu rosto e dos rostos daqueles, todos eles, que me rodeavam. "
"Todo ser humano é um resultado de pai e mãe. Pode-se não reconhecê-los, não amá-los, pode-se duvidar deles. Mas eles aí estão: seu rosto, suas atitudes, suas maneiras e manias, suas ilusões e esperanças, a forma de suas mãos e de seus dedos do pé, a cor dos olhos e dos cabelos, seu modo de falar, suas idéias, provavelmente a idade de sua morte, tudo isso passou para nós. Por muito tempo sonhei que minha mãe era negra. Inventei-me uma história, um passado, para escapar da realidade em meu retorno da África, neste país, nesta cidade onde eu não conhecia ninguém, onde me tornara um estrangeiro. Depois descobri, quando meu pai, na idade da aposentadoria, retornou para viver conosco na França, que o Africano era ele. Foi difícil admitir isso. Tive de voltar atrás, de recomeçar, de tentar compreender. Em memória disso escrevi este pequeno livro. "
O segundo parágrafo:
"O corpo
Tenho coisas a dizer deste rosto que recebi em meu nascimento. Primeiro, foi preciso aceitá-lo. Afirmar que não me agradava seria dar-lhe uma importância que ele não tinha quando eu era criança. Eu não o odiava: ignorava-o, evitava-o. Não o olhava nos espelhos. Durante anos, creio que nunca o vi. Desviava os olhos das fotos, como se alguma outra pessoa tivesse se posto em meu lugar. Aos oito anos de idade, mais ou menos, vivi na África ocidental, na Nigéria, numa região muito isolada onde não havia europeus, à exceção de meu pai e minha mãe, e onde a humanidade, para a criança que eu era, se constituía unicamente de iorubás e ibos. Na choupana em que nós morávamos (a palavra choupana tem algo de colonial que hoje em dia pode chocar, mas que descreve bem a residência funcional prevista pelo governo inglês para os médicos militares, uma laje de cimento por piso, quatro paredes de blocos sem emboço, um telhado de chapas onduladas recoberto de folhas, nenhuma decoração, redes penduradas nas paredes para servir de camas e, única concessão ao luxo, um chuveiro ligado por canos de ferro a uma caixa d'água no telhado, que esquentava ao sol), nessa choupana portanto não havia espelhos, nem quadros, nada que pudesse lembrar-nos do mundo em que tínhamos até então vivido. Um crucifixo que meu pai pendurara na parede, mas sem representação humana. Foi aí que eu aprendi a esquecer. Parece-me que da entrada nessa choupana, em Ogoja, é que data o apagamento de meu rosto e dos rostos daqueles, todos eles, que me rodeavam. "
sexta-feira, maio 13, 2011
quarta-feira, maio 11, 2011
APNEIA
Em vidas anteriores, há muito, muito tempo vivi junto do mar. O grande mar que tudo me deu e tirou.
Desde aí ficou-me o vício de, ainda que de modo errático fazer mergulho em apneia, apenas com "snorkel" e barbatanas.
Quem o faz, sabe tão bem como eu, que se fica no fundo até ao limite das nossas forças, às vezes até um pouco mais, e depois é a disparada vertical, em busca de um bocadinho que seja, de ar. E nessa altura os pulmões queimam.
Também, toda a gente que pratica sabe que há um momento de ilusão pura, no meio de tanta solidão e paz, que com um pequeno esforço até nos deixariamos ir e ficariamos ali para sempre. É apenas um fugaz momento, mas a vida de imediato reclama o seu preço.
Mas, eu sei que um dia, num mergulho qualquer da vida, me vou deixar vencer pela ilusão. A busca da paz derradeira pode ser uma obsessão, neste grande esforço que é viver.
domingo, abril 24, 2011
OS LIVROS QUE VOU LENDO
Vou iniciar, a minha opinião estritamente pessoal sobre os livros que for lendo.
Quem quiser pode ler-me na coluna da direita algures no meio da mesma.
Um abraço
GED
Quem quiser pode ler-me na coluna da direita algures no meio da mesma.
Um abraço
GED
ELEIÇÕES
Deixem que vos diga da minha perplexidade como habitante deste país.
O partido que nos governa, levou o país à ruína e neste momento debatemo-nos com eleições antecipadas.
Essa não é a minha perplexidade. O que realmente me assusta como cidadão, é que a poucos dias das eleições, o partido no poder encontra-se segundo as sondagens num empate técnico com a oposição.
Isto significa que os portugueses no geral, não acreditam que as oposições sejam melhores que o partido no poder e relevam para a velha máxima, mudar de moleiro é mudar de ladrão.
Mas eu também me encontro nesta indefinição.
Portanto, como protesto vou votar e branco. Se toda a gente votar em branco, alguma coisa terá de ser feita. Pela minha parte, se conseguir convencer outro cidadão a votar como eu, sinto que parte do meu trabalho de cidadania já foi feito
O partido que nos governa, levou o país à ruína e neste momento debatemo-nos com eleições antecipadas.
Essa não é a minha perplexidade. O que realmente me assusta como cidadão, é que a poucos dias das eleições, o partido no poder encontra-se segundo as sondagens num empate técnico com a oposição.
Isto significa que os portugueses no geral, não acreditam que as oposições sejam melhores que o partido no poder e relevam para a velha máxima, mudar de moleiro é mudar de ladrão.
Mas eu também me encontro nesta indefinição.
Portanto, como protesto vou votar e branco. Se toda a gente votar em branco, alguma coisa terá de ser feita. Pela minha parte, se conseguir convencer outro cidadão a votar como eu, sinto que parte do meu trabalho de cidadania já foi feito
segunda-feira, abril 18, 2011
FERNANDO NOBRE E NÓS
Porque é que os portugueses estão assim?
Abúlicos, deixando que façam deles o que quiserem?
Será porque neste país tão pequenino, ao longo dos tempos as relações foram ficando cada vez mais consanguineas e foram dando retardados?
Eu não acredito, mas que parece, parece.
Esta conversa vem a propósito do nosso amigo Fernando Nobre, presidente da AMI.
Candidatou-se a Presidente da República, com a missão pessoal de ser independente, uma voz do povo, os partidos cruz credo, nunca serei de nenhum. Perdeu.
Alguns meses depois aparece ligado ao partido social democrata, para se candidatar nas próximas eleições a presidente da Assembleia da Republica, o segundo cargo do estado.
E foi avisando que se não fosse presidente da dita Assembleia, não ocuparia o lugar de deputado.
Hoje de manhã nas noticias disse que que se calhar, se não ganhasse repensaria e ocuparia o lugar em que em consciência dele melhor servisse os interesses do país.
Eu posso ajudá-lo, eu e espero que milhões de portugueses.
O amigo vive no país de Saramago, de Maria João Pires, de Eça de Queirós, de Luis Peixoto, de Rui Veloso, de Abrunhosa. Envergonhe-se, nunca será um bom português.
Emigre, meu amigo, mas emigre para longe, digamos Saturno e não volte, por favor não volte.
Abúlicos, deixando que façam deles o que quiserem?
Será porque neste país tão pequenino, ao longo dos tempos as relações foram ficando cada vez mais consanguineas e foram dando retardados?
Eu não acredito, mas que parece, parece.
Esta conversa vem a propósito do nosso amigo Fernando Nobre, presidente da AMI.
Candidatou-se a Presidente da República, com a missão pessoal de ser independente, uma voz do povo, os partidos cruz credo, nunca serei de nenhum. Perdeu.
Alguns meses depois aparece ligado ao partido social democrata, para se candidatar nas próximas eleições a presidente da Assembleia da Republica, o segundo cargo do estado.
E foi avisando que se não fosse presidente da dita Assembleia, não ocuparia o lugar de deputado.
Hoje de manhã nas noticias disse que que se calhar, se não ganhasse repensaria e ocuparia o lugar em que em consciência dele melhor servisse os interesses do país.
Eu posso ajudá-lo, eu e espero que milhões de portugueses.
O amigo vive no país de Saramago, de Maria João Pires, de Eça de Queirós, de Luis Peixoto, de Rui Veloso, de Abrunhosa. Envergonhe-se, nunca será um bom português.
Emigre, meu amigo, mas emigre para longe, digamos Saturno e não volte, por favor não volte.
terça-feira, abril 12, 2011
"CARPE DIEM"
Não pode haver piedade para quem não enfrenta a vida com coragem e determinação.
Completamente de acordo.
Por isso, que eu tento desesperadamente vivê-la do meu jeito, com as pessoas de quem gosto.
E, tem dado certo.
Vai dar certo.
Tem forçosamente de dar certo, porque senão tudo não passa de uma inutilidade sem sentido.
Obrigado por me lembrares isso, Bípede.
GED
Completamente de acordo.
Por isso, que eu tento desesperadamente vivê-la do meu jeito, com as pessoas de quem gosto.
E, tem dado certo.
Vai dar certo.
Tem forçosamente de dar certo, porque senão tudo não passa de uma inutilidade sem sentido.
Obrigado por me lembrares isso, Bípede.
GED
Feliz Aniversário
" Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita. "
(Sophia de Mello Andresen)
Então: aproveite! :)
Feliz aniversário, GED. Muita saúde e muitas alegrias :)
segunda-feira, abril 11, 2011
PORTUGAL NO SEU MELHOR
Nós somos mesmo um país adiado.
Se olharmos para a iliteracia gritante, para a dificuldade de muita gente em sobreviver, se pensarmos que vamos ser em 2012, o único país do mundo em recessão, percebemos que somos um país adiado.
Se a tudo isto juntarmos a notícia de hoje o quadro fica completo.
Nas últimas eleições para a presidência da República, o candidato Fernando Nobre, presidente da AMI (Assistência Médica Internacional), gritava a plenos pulmões que se candidatava em nome do povo e era pela primeira vez um independente não partidário a fazê-lo, e que jamais se engajaria em qualquer partido.
Alguns meses depois, concorre ao segundo lugar do Estado pelas listas do PSD.
Palavras para quê?
São artistas portugueses.
Se olharmos para a iliteracia gritante, para a dificuldade de muita gente em sobreviver, se pensarmos que vamos ser em 2012, o único país do mundo em recessão, percebemos que somos um país adiado.
Se a tudo isto juntarmos a notícia de hoje o quadro fica completo.
Nas últimas eleições para a presidência da República, o candidato Fernando Nobre, presidente da AMI (Assistência Médica Internacional), gritava a plenos pulmões que se candidatava em nome do povo e era pela primeira vez um independente não partidário a fazê-lo, e que jamais se engajaria em qualquer partido.
Alguns meses depois, concorre ao segundo lugar do Estado pelas listas do PSD.
Palavras para quê?
São artistas portugueses.
sábado, abril 09, 2011
PORTUGAL NO SEU MELHOR
A classe política discute os destinos deste pobre país e fazem as figuras mais tolas e ridículas perante os nossos parceiros.
E nós todos a ver sem mexer uma palha.
Avizinham-se alguns anos de grandes dificuldades, mas os políticos que temos parecem incapazes de resolver seja o que for.
Vai haver eleições, aparentemente para colocar no governo gente mais capaz.
Mas aí é que reside o problema.
Todos os que se preparam para ocupar o poder, já deram provas da sua incrível incapacidade.
Portanto, vote-se em quem se votar, vamos ter mais do mesmo.
Pobre país, pobres de todos nós, incapazes de tomar as rédeas dos nossos destinos.
Somos um país permanentemente adiado.
É claro que esta é apenas a minha opinião pessoal.
Como eu gostaria de estar errado desta vez.
E nós todos a ver sem mexer uma palha.
Avizinham-se alguns anos de grandes dificuldades, mas os políticos que temos parecem incapazes de resolver seja o que for.
Vai haver eleições, aparentemente para colocar no governo gente mais capaz.
Mas aí é que reside o problema.
Todos os que se preparam para ocupar o poder, já deram provas da sua incrível incapacidade.
Portanto, vote-se em quem se votar, vamos ter mais do mesmo.
Pobre país, pobres de todos nós, incapazes de tomar as rédeas dos nossos destinos.
Somos um país permanentemente adiado.
É claro que esta é apenas a minha opinião pessoal.
Como eu gostaria de estar errado desta vez.
sexta-feira, abril 08, 2011
PREGUIÇA / MANGONHA
Chamaram-me a atenção de modo imperativo, de que o meu blog se encontrava votado a um abandono obsceno.
Pois bem, fica a promessa de que pelo menos um post por dia vai ser a modalidade do futuro.
Posts sobre tudo. Posts sérios e outros nem por isso.
Fica aqui a notícia séria da semana.
O Benfica, o meu Benfica trucidou o PSV. 4-1
Há deuses no caminho do Benfica, embora haja quem não acredite.
Beijos
Pois bem, fica a promessa de que pelo menos um post por dia vai ser a modalidade do futuro.
Posts sobre tudo. Posts sérios e outros nem por isso.
Fica aqui a notícia séria da semana.
O Benfica, o meu Benfica trucidou o PSV. 4-1
Há deuses no caminho do Benfica, embora haja quem não acredite.
Beijos
BRASIL
Hoje ouvi a notícia, de estarrecer.
No Rio de Janeiro, houve um massacre numa escola.
Tem acontecido com demasiada frequência nos mais diversos cantos do mundo, sem que a gente consiga vislumbrar o porquê de tanta insanidade, de tantas vidas inútilmente ceifadas.
Sempre há um comentário, dizendo que foi um louco, um inadaptado e que o caso é psiquiátrico.
A mim, dada a frequência com que isto se repete, parece-me algo de muito mais profundo, enraizado na própria sociedade actual, com o seu cortejo de desigualdades e violência cada vez mais gritantes, sem que ninguém pareça verdadeiramente importar-se.
Nos últimos tempos, tenho feito um aprendizado intensivo de tolerância e de maior respeito pelo próximo e, isso tem-me feito muito bem.
Talvez a resposta seja essa a um nível colectivo. Isto é um sonho, uma utopia?
Pode até ser, mas temos a obrigação estrita de cada um lutar por um mundo melhor.
E eu sempre acreditei em fadas dos dentes, no Pai Natal, em coincidências espantosas, e em utopias.
No Rio de Janeiro, houve um massacre numa escola.
Tem acontecido com demasiada frequência nos mais diversos cantos do mundo, sem que a gente consiga vislumbrar o porquê de tanta insanidade, de tantas vidas inútilmente ceifadas.
Sempre há um comentário, dizendo que foi um louco, um inadaptado e que o caso é psiquiátrico.
A mim, dada a frequência com que isto se repete, parece-me algo de muito mais profundo, enraizado na própria sociedade actual, com o seu cortejo de desigualdades e violência cada vez mais gritantes, sem que ninguém pareça verdadeiramente importar-se.
Nos últimos tempos, tenho feito um aprendizado intensivo de tolerância e de maior respeito pelo próximo e, isso tem-me feito muito bem.
Talvez a resposta seja essa a um nível colectivo. Isto é um sonho, uma utopia?
Pode até ser, mas temos a obrigação estrita de cada um lutar por um mundo melhor.
E eu sempre acreditei em fadas dos dentes, no Pai Natal, em coincidências espantosas, e em utopias.
sábado, março 12, 2011
sexta-feira, março 11, 2011
TERRAMOTO
As imagens que nos chegam são aterrorizadoras.
As forças da natureza são indomáveis e apenas nos mostram de quando em vez a nossa real dimensão.
Resta-nos a solidariedade e o pesar por tantas vidas ceifadas.
GED
As forças da natureza são indomáveis e apenas nos mostram de quando em vez a nossa real dimensão.
Resta-nos a solidariedade e o pesar por tantas vidas ceifadas.
GED
Amigos, a Direcção pediu-me que divulgasse as primeiras notícias do Encontro
Caros colegas e amigos
Com o intuito de manter a tradição, de elevar o salutar convívio e de partilhar as nossas vidas com histórias comuns, que também dão cor aos nossos dias…estamos a preparar o 22ºEncontro da AAEC, que se realizará no fim de semana de 15 de Outubro do corrente ano, e que terá lugar em:
Hotel Monte Rio Aguieira*
Barragem da Aguieira
3450-011 Mortágua
Coordenadas de GPS:
40 350 767
-8 202 726
*“Inserido numa das regiões mais belas do País, onde se encontra uma mancha florestal fantástica! Junto do maior rio português e de uma albufeira propícia à prática de desportos náuticos e pesca”
Reserva já a data na tua agenda. Estamos certos que vais gostar de presentear, a ti e à tua família, com um fim de semana descontraído, em clima de amizade e (recordações?), num local paradisíaco, na companhia dos colegas e amigos de longa data.
Nota importante: actualiza os teus contactos:
A Comissão
Juca Laranjeira. Tlm: 962422257
Jucalaranjeira@netcabo.pt
Carlos Lopes. Tlm: 968573702
carlossepol@netcabo.pt
Diny Querido. Tlm: 934052637
dinyquerido@gmail.com
Caros colegas e amigos
Com o intuito de manter a tradição, de elevar o salutar convívio e de partilhar as nossas vidas com histórias comuns, que também dão cor aos nossos dias…estamos a preparar o 22ºEncontro da AAEC, que se realizará no fim de semana de 15 de Outubro do corrente ano, e que terá lugar em:
Hotel Monte Rio Aguieira*
Barragem da Aguieira
3450-011 Mortágua
Coordenadas de GPS:
40 350 767
-8 202 726
*“Inserido numa das regiões mais belas do País, onde se encontra uma mancha florestal fantástica! Junto do maior rio português e de uma albufeira propícia à prática de desportos náuticos e pesca”
Reserva já a data na tua agenda. Estamos certos que vais gostar de presentear, a ti e à tua família, com um fim de semana descontraído, em clima de amizade e (recordações?), num local paradisíaco, na companhia dos colegas e amigos de longa data.
Nota importante: actualiza os teus contactos:
A Comissão
Juca Laranjeira. Tlm: 962422257
Jucalaranjeira@netcabo.pt
Carlos Lopes. Tlm: 968573702
carlossepol@netcabo.pt
Diny Querido. Tlm: 934052637
dinyquerido@gmail.com
segunda-feira, fevereiro 28, 2011
O grande homem
“O grande homem é aquele que, no meio da multidão, mantém com perfeita doçura a independência da solidão”.
Ralph Waldo Emerson
Ralph Waldo Emerson
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
ÁFRICA
Oh blog tão abandonado!
África explode-me diariamente no peito
Insinua-se no voo gracioso das garças
No caminhar altivo de flamingos rosa
Nas montanhas azuis riscando o céu
Ou basaltos negros aflorando a savana
Em mangas sumarentas de pintas pretas
Nos panos coloridos de mulheres jovens
Nas miragens quentes de fim de dia
Na terra vermelha sacudindo poeiras
Nos colibris e viuvinhas e zonguinhas
No serpentear preguiçoso de kamacoves
No grande vermelho mergulhando no mar
Vincando a direcção de Brasis tão próximos
Nas noites ensolaradas dos Cruzeiros
Sempre, sempre assinalando rumos sul
Nas cadências loucas de batuques nocturnos
Nas goiabas enormes derretendo sabores
Nos corpos suados de gente que se ama
Nos cacimbos esfarrapando as florestas
No olho brilhante e fixo das black mamba
Nos girassóis dançando valsas e boleros
Nos meninos gritando e correndo de alegria
Em fogueiras acendendo noites e almas
África explode-me diáriamente no peito
E eu, em cada dia morro de tanta saudade.
GED
África explode-me diariamente no peito
Insinua-se no voo gracioso das garças
No caminhar altivo de flamingos rosa
Nas montanhas azuis riscando o céu
Ou basaltos negros aflorando a savana
Em mangas sumarentas de pintas pretas
Nos panos coloridos de mulheres jovens
Nas miragens quentes de fim de dia
Na terra vermelha sacudindo poeiras
Nos colibris e viuvinhas e zonguinhas
No serpentear preguiçoso de kamacoves
No grande vermelho mergulhando no mar
Vincando a direcção de Brasis tão próximos
Nas noites ensolaradas dos Cruzeiros
Sempre, sempre assinalando rumos sul
Nas cadências loucas de batuques nocturnos
Nas goiabas enormes derretendo sabores
Nos corpos suados de gente que se ama
Nos cacimbos esfarrapando as florestas
No olho brilhante e fixo das black mamba
Nos girassóis dançando valsas e boleros
Nos meninos gritando e correndo de alegria
Em fogueiras acendendo noites e almas
África explode-me diáriamente no peito
E eu, em cada dia morro de tanta saudade.
GED
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