Alguns amigos, vêm aqui visitar-me regularmente.
Para esses especialmente e, para todos os outros que aqui passam, deixo os votos de um bom Natal.
O Ano Novo, esse será o que cada um quiser.
Por mim, quero continuar a ser feliz, e quero que todos o sejam.
Um abraço
Henrique
É assim a vida em TERRAMAR, onde dragões e feiticeiras se juntam e contam histórias em que tudo pode acontecer.
quarta-feira, dezembro 17, 2008
THE MOST EXPENSIVE CITIES IN THE WORLD
Africa
Some of the most expensive locations in the world for expatriates are in Africa with Luanda (Angola), and Libreville (Gabon) featuring in the top 10. Maseru, Lesotho, remains the cheapest location in the survey and is one of 7 African locations in the bottom 10 globally including Durban (236) and Gaborone (Botswana) (235) where the weakness of the Rand and Pula, respectively, have contributed to low cost of living.
For expatriates, particularly those paying with US dollars, Angola’s capital Luanda is the most expensive city in the world. The cost of living for those hankering after imported food rather than local produce is higher in this African metropolis than in Tokyo, Paris or London. ECA International, which carried out the research, explained that its cost of living survey compared a basket of 128 consumer goods and services commonly purchased by expatriates in over 370 locations worldwide. “Certain items and brands typically purchased by expatriates, can be very expensive in a location such as Luanda where they are not readily available locally.”
Methodology
The research for ECA’s 2008 survey was conducted in March 2008 and is based on a basket of goods and services most commonly purchased by western expatriates. The basket does NOT include items such as accommodation, utility costs, school fees or motoring costs. ECA International is the world’s largest association for human resources (HR) professionals. It was set up in 1971 and includes among its partners companies such as Deutsche Bank, Robert Bosch, Fujitsu Services, Heineken, Philips und Rolls-Royce. The organisation provides remuneration advice and data for internationally operating companies.
http://www.citymayors.com
http://www.citymayors.com/statistics/expensive-cities-intro.html#Anchor-Research-47857
Some of the most expensive locations in the world for expatriates are in Africa with Luanda (Angola), and Libreville (Gabon) featuring in the top 10. Maseru, Lesotho, remains the cheapest location in the survey and is one of 7 African locations in the bottom 10 globally including Durban (236) and Gaborone (Botswana) (235) where the weakness of the Rand and Pula, respectively, have contributed to low cost of living.
For expatriates, particularly those paying with US dollars, Angola’s capital Luanda is the most expensive city in the world. The cost of living for those hankering after imported food rather than local produce is higher in this African metropolis than in Tokyo, Paris or London. ECA International, which carried out the research, explained that its cost of living survey compared a basket of 128 consumer goods and services commonly purchased by expatriates in over 370 locations worldwide. “Certain items and brands typically purchased by expatriates, can be very expensive in a location such as Luanda where they are not readily available locally.”
Methodology
The research for ECA’s 2008 survey was conducted in March 2008 and is based on a basket of goods and services most commonly purchased by western expatriates. The basket does NOT include items such as accommodation, utility costs, school fees or motoring costs. ECA International is the world’s largest association for human resources (HR) professionals. It was set up in 1971 and includes among its partners companies such as Deutsche Bank, Robert Bosch, Fujitsu Services, Heineken, Philips und Rolls-Royce. The organisation provides remuneration advice and data for internationally operating companies.
http://www.citymayors.com
http://www.citymayors.com/statistics/expensive-cities-intro.html#Anchor-Research-47857
segunda-feira, novembro 24, 2008
DE ONDE EU VENHO...
Muitos amigos meus, referem-se a si próprios como Muanhas, Mucubais, etc, consoante a região onde nasceram e viveram.
Fazem-no com um enorme carinho, claro está, mas eu não penso assim.
Corre-me nas veias sangue fenício por parte do meu pai, e sangue de todas as tribos que ocuparam o norte de França por parte da minha mãe.
Esse é o meu património genético.
Depois, por força de circunstâncias, os meus pais ofereceram-me a maior prenda de todas as que recebi até hoje. Deram-me uma Pátria.
E, é isso que eu sou apenas. Um angolano. Sem margem para dúvidas.
Fazem-no com um enorme carinho, claro está, mas eu não penso assim.
Corre-me nas veias sangue fenício por parte do meu pai, e sangue de todas as tribos que ocuparam o norte de França por parte da minha mãe.
Esse é o meu património genético.
Depois, por força de circunstâncias, os meus pais ofereceram-me a maior prenda de todas as que recebi até hoje. Deram-me uma Pátria.
E, é isso que eu sou apenas. Um angolano. Sem margem para dúvidas.
GED
domingo, novembro 09, 2008
OBAMA
CHICAGO, IL, 04.11.2008
Boa noite, Chicago. Se ainda houver alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que ainda duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.
É a resposta dada pelas filas de voto que se estendiam em torno de escolas e igrejas em números que esta nação jamais vira, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitas pela primeira vez na sua vida, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes poderiam fazer essa diferença. É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homossexuais, heterossexuais, pessoas com deficiências e pessoas saudáveis. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo, a de que nunca fomos apenas um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e azuis.
Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.É a resposta que levou aqueles, a quem foi dito durante tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e hesitantes quanto àquilo que podemos alcançar, a porem as suas mãos no arco da História e a dobrá-lo uma vez mais em direcção à esperança num novo dia. Há muito que isto se anunciava mas esta noite, devido àquilo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança chegou à América. Há pouco recebi um telefonema extraordinariamente amável do Senador McCain.
O Senador McCain lutou longa e arduamente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e arduamente pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América que muitos de nós não conseguimos sequer imaginar. Estamos hoje melhor devido aos serviços prestados por este líder corajoso e altruísta. Felicito-o e felicito a governadora Palin por tudo aquilo que alcançaram. Espero vir a trabalhar com eles para renovar a promessa desta nação nos próximos meses.
Quero agradecer ao meu parceiro neste percurso, um homem que fez campanha com o seu coração e falou pelos homens e mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton e viajaram com ele no comboio para Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
E eu não estaria aqui hoje sem o inabalável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a pedra angular da nossa família, o amor da minha vida, a próxima Primeira Dama do país, Michelle Obama. Sasha e Malia, amo-vos mais do que poderão imaginar. E merecem o novo cachorro que virá connosco para a nova Casa Branca.
E embora ela já não esteja entre nós, sei que a minha avó está a observar-me, juntamente com a família que fez de mim aquilo que sou. Tenho saudades deles esta noite. Reconheço que a minha dívida para com eles não tem limites. Para a minha irmã Maya, a minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, desejo agradecer-vos todo o apoio que me deram. Estou-vos muito grato.
E ao meu director de campanha, David Plouffe, o discreto herói desta campanha, que, na minha opinião, concebeu a melhor campanha política da história dos Estados Unidos da América.E ao meu director de estratégia, David Axelrod, que me tem acompanhado em todas as fases do meu percurso.
Para a melhor equipa alguma vez reunida na história da política: tornaram isto possível e estou-vos eternamente gratos por aquilo que sacrificaram para o conseguir. Mas acima de tudo nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós. Pertence-vos a vós.
Nunca fui o candidato mais provável para este cargo. Não começámos com muito dinheiro nem muitos apoios. A nossa campanha não foi delineada nos salões de Washington. Começou nos pátios de Des Moines, em salas de estar de Concord e nos alpendres de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que, das suas magras economias, retiraram 5 e 10 e 20 dólares para a causa.
Foi sendo fortalecida pelos jovens que rejeitavam o mito da apatia da sua geração e deixaram as suas casas e famílias em troca de empregos que ofereciam pouco dinheiro e ainda menos sono.
Foi sendo fortalecida por pessoas menos jovens, que enfrentaram um frio terrível e um calor sufocante para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e pelos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários, se organizaram e provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desaparecera da Terra.
Esta vitória é vossa.
E sei que não fizeram isto apenas para vencer uma eleição. E sei que não o fizeram por mim.
Fizeram-no porque compreendem a enormidade da tarefa que nos espera. Porque enquanto estamos aqui a comemorar, sabemos que os desafios que o amanhã trará são os maiores da nossa vida – duas guerras, uma planeta ameaçado, a pior crise financeira desde há um século.
Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.
Há mães e pais que se mantêm acordados depois de os seus filhos adormecerem a interrogarem-se sobre como irão amortizar a hipoteca, pagar as contas do médico ou poupar o suficiente para pagar os estudos universitários dos filhos.
Há novas energias para aproveitar, novos empregos para serem criados, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.
O caminho à nossa frente vai ser longo. A subida vai ser íngreme. Podemos não chegar lá num ano ou mesmo numa legislatura. Mas América, nunca estive tão esperançoso como nesta noite em como chegaremos lá.
Prometo-vos. Nós, enquanto povo, chegaremos lá.
Haverá reveses e falsas partidas. Há muitos que não concordarão com todas as decisões ou políticas que eu tomar como presidente. E sabemos que o governo não consegue solucionar todos os problemas.
Mas serei sempre honesto para convosco sobre os desafios que enfrentarmos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, pedir-vos-ei que adiram à tarefa de refazer esta nação da única forma como tem sido feita na América desde há 221 anos – pedaço a pedaço, tijolo a tijolo, e com mãos calejadas.
Aquilo que começou há 21 meses no rigor do Inverno não pode acabar nesta noite de Outono.
Somente a vitória não constitui a mudança que pretendemos. É apenas a nossa oportunidade de efectuar essa mudança. E isso não poderá acontecer se voltarmos à forma como as coisas estavam.
Não poderá acontecer sem vós, sem um novo espírito de empenho, um novo espírito de sacrifício.
Convoquemos então um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, em que cada um de nós resolve deitar as mãos à obra e trabalhar mais esforçadamente, cuidando não só de nós mas de todos.
Recordemos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma Wall Street florescente quando as Main Street sofrem.
Neste país, erguemo-nos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de retomar o partidarismo, a mesquinhez e a imaturidade que há tanto tempo envenenam a nossa política.
Recordemos que foi um homem deste Estado que, pela primeira vez, transportou o estandarte do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado em valores de independência, liberdade individual e unidade nacional.
São valores que todos nós partilhamos. E embora o Partido Democrata tenha alcançado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com humildade e determinação para sarar as divergências que têm atrasado o nosso progresso.
Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida do que a nossa, nós não somos inimigos mas amigos. Embora as relações possam estar tensas, não devem quebrar os nossos laços afectivos.
E àqueles americanos cujo apoio ainda terei de merecer, posso não ter conquistado o vosso voto esta noite, mas ouço as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E serei igualmente o vosso Presidente.
E a todos os que nos observam esta noite para lá das nossas costas, em parlamentos e palácios, àqueles que estão reunidos em torno de rádios em cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas mas o nosso destino é comum, e uma nova era de liderança americana está prestes a começar.
Aos que querem destruir o mundo: derrotar-vos-emos. Aos que procuram a paz e a segurança: apoiar-vos-emos. E a todos aqueles que se interrogavam sobre se o farol da América ainda brilha com a mesma intensidade: esta noite provámos novamente que a verdadeira força da nossa nação não provém do poder das nossas armas ou da escala da nossa riqueza, mas da força duradoura dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e uma esperança inabalável.
É este o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.
Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.
E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo americano: Sim, podemos.
Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar. Sim, podemos.
Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.
Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.
Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.
Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.
Sim, podemos.
América, percorremos um longo caminho. Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, esta noite, perguntemos a nós próprios – se os nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão? Que progressos teremos nós feito?
Esta é a nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento. Este é o nosso tempo para pôr o nosso povo de novo a trabalhar e abrir portas de oportunidade para as nossas crianças; para restaurar a prosperidade e promover a causa da paz; para recuperar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental de que somos um só feito de muitos e que, enquanto respirarmos, temos esperança. E quando nos confrontarmos com cinismo e dúvidas e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com o credo intemporal que condensa o espírito de um povo: Sim, podemos.Muito obrigado. Deus vos abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.
Boa noite, Chicago. Se ainda houver alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que ainda duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.
É a resposta dada pelas filas de voto que se estendiam em torno de escolas e igrejas em números que esta nação jamais vira, por pessoas que esperaram três e quatro horas, muitas pela primeira vez na sua vida, porque acreditavam que desta vez tinha de ser diferente, que as suas vozes poderiam fazer essa diferença. É a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, nativos americanos, homossexuais, heterossexuais, pessoas com deficiências e pessoas saudáveis. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo, a de que nunca fomos apenas um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e azuis.
Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.É a resposta que levou aqueles, a quem foi dito durante tanto tempo e por tantos para serem cínicos, temerosos e hesitantes quanto àquilo que podemos alcançar, a porem as suas mãos no arco da História e a dobrá-lo uma vez mais em direcção à esperança num novo dia. Há muito que isto se anunciava mas esta noite, devido àquilo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento definidor, a mudança chegou à América. Há pouco recebi um telefonema extraordinariamente amável do Senador McCain.
O Senador McCain lutou longa e arduamente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e arduamente pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América que muitos de nós não conseguimos sequer imaginar. Estamos hoje melhor devido aos serviços prestados por este líder corajoso e altruísta. Felicito-o e felicito a governadora Palin por tudo aquilo que alcançaram. Espero vir a trabalhar com eles para renovar a promessa desta nação nos próximos meses.
Quero agradecer ao meu parceiro neste percurso, um homem que fez campanha com o seu coração e falou pelos homens e mulheres que cresceram com ele nas ruas de Scranton e viajaram com ele no comboio para Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
E eu não estaria aqui hoje sem o inabalável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a pedra angular da nossa família, o amor da minha vida, a próxima Primeira Dama do país, Michelle Obama. Sasha e Malia, amo-vos mais do que poderão imaginar. E merecem o novo cachorro que virá connosco para a nova Casa Branca.
E embora ela já não esteja entre nós, sei que a minha avó está a observar-me, juntamente com a família que fez de mim aquilo que sou. Tenho saudades deles esta noite. Reconheço que a minha dívida para com eles não tem limites. Para a minha irmã Maya, a minha irmã Alma, todos os meus outros irmãos e irmãs, desejo agradecer-vos todo o apoio que me deram. Estou-vos muito grato.
E ao meu director de campanha, David Plouffe, o discreto herói desta campanha, que, na minha opinião, concebeu a melhor campanha política da história dos Estados Unidos da América.E ao meu director de estratégia, David Axelrod, que me tem acompanhado em todas as fases do meu percurso.
Para a melhor equipa alguma vez reunida na história da política: tornaram isto possível e estou-vos eternamente gratos por aquilo que sacrificaram para o conseguir. Mas acima de tudo nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós. Pertence-vos a vós.
Nunca fui o candidato mais provável para este cargo. Não começámos com muito dinheiro nem muitos apoios. A nossa campanha não foi delineada nos salões de Washington. Começou nos pátios de Des Moines, em salas de estar de Concord e nos alpendres de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que, das suas magras economias, retiraram 5 e 10 e 20 dólares para a causa.
Foi sendo fortalecida pelos jovens que rejeitavam o mito da apatia da sua geração e deixaram as suas casas e famílias em troca de empregos que ofereciam pouco dinheiro e ainda menos sono.
Foi sendo fortalecida por pessoas menos jovens, que enfrentaram um frio terrível e um calor sufocante para irem bater às portas de perfeitos estranhos, e pelos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários, se organizaram e provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desaparecera da Terra.
Esta vitória é vossa.
E sei que não fizeram isto apenas para vencer uma eleição. E sei que não o fizeram por mim.
Fizeram-no porque compreendem a enormidade da tarefa que nos espera. Porque enquanto estamos aqui a comemorar, sabemos que os desafios que o amanhã trará são os maiores da nossa vida – duas guerras, uma planeta ameaçado, a pior crise financeira desde há um século.
Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.
Há mães e pais que se mantêm acordados depois de os seus filhos adormecerem a interrogarem-se sobre como irão amortizar a hipoteca, pagar as contas do médico ou poupar o suficiente para pagar os estudos universitários dos filhos.
Há novas energias para aproveitar, novos empregos para serem criados, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.
O caminho à nossa frente vai ser longo. A subida vai ser íngreme. Podemos não chegar lá num ano ou mesmo numa legislatura. Mas América, nunca estive tão esperançoso como nesta noite em como chegaremos lá.
Prometo-vos. Nós, enquanto povo, chegaremos lá.
Haverá reveses e falsas partidas. Há muitos que não concordarão com todas as decisões ou políticas que eu tomar como presidente. E sabemos que o governo não consegue solucionar todos os problemas.
Mas serei sempre honesto para convosco sobre os desafios que enfrentarmos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, pedir-vos-ei que adiram à tarefa de refazer esta nação da única forma como tem sido feita na América desde há 221 anos – pedaço a pedaço, tijolo a tijolo, e com mãos calejadas.
Aquilo que começou há 21 meses no rigor do Inverno não pode acabar nesta noite de Outono.
Somente a vitória não constitui a mudança que pretendemos. É apenas a nossa oportunidade de efectuar essa mudança. E isso não poderá acontecer se voltarmos à forma como as coisas estavam.
Não poderá acontecer sem vós, sem um novo espírito de empenho, um novo espírito de sacrifício.
Convoquemos então um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, em que cada um de nós resolve deitar as mãos à obra e trabalhar mais esforçadamente, cuidando não só de nós mas de todos.
Recordemos que, se esta crise financeira nos ensinou alguma coisa, é que não podemos ter uma Wall Street florescente quando as Main Street sofrem.
Neste país, erguemo-nos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de retomar o partidarismo, a mesquinhez e a imaturidade que há tanto tempo envenenam a nossa política.
Recordemos que foi um homem deste Estado que, pela primeira vez, transportou o estandarte do Partido Republicano até à Casa Branca, um partido fundado em valores de independência, liberdade individual e unidade nacional.
São valores que todos nós partilhamos. E embora o Partido Democrata tenha alcançado uma grande vitória esta noite, fazemo-lo com humildade e determinação para sarar as divergências que têm atrasado o nosso progresso.
Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida do que a nossa, nós não somos inimigos mas amigos. Embora as relações possam estar tensas, não devem quebrar os nossos laços afectivos.
E àqueles americanos cujo apoio ainda terei de merecer, posso não ter conquistado o vosso voto esta noite, mas ouço as vossas vozes. Preciso da vossa ajuda. E serei igualmente o vosso Presidente.
E a todos os que nos observam esta noite para lá das nossas costas, em parlamentos e palácios, àqueles que estão reunidos em torno de rádios em cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são únicas mas o nosso destino é comum, e uma nova era de liderança americana está prestes a começar.
Aos que querem destruir o mundo: derrotar-vos-emos. Aos que procuram a paz e a segurança: apoiar-vos-emos. E a todos aqueles que se interrogavam sobre se o farol da América ainda brilha com a mesma intensidade: esta noite provámos novamente que a verdadeira força da nossa nação não provém do poder das nossas armas ou da escala da nossa riqueza, mas da força duradoura dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e uma esperança inabalável.
É este o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.
Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.
E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo americano: Sim, podemos.
Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar. Sim, podemos.
Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.
Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.
Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.
Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.
Sim, podemos.
América, percorremos um longo caminho. Vimos tanto. Mas ainda há muito mais para fazer. Por isso, esta noite, perguntemos a nós próprios – se os nossos filhos viverem até ao próximo século, se as minhas filhas tiverem a sorte de viver tantos anos como Ann Nixon Cooper, que mudança é que verão? Que progressos teremos nós feito?
Esta é a nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento. Este é o nosso tempo para pôr o nosso povo de novo a trabalhar e abrir portas de oportunidade para as nossas crianças; para restaurar a prosperidade e promover a causa da paz; para recuperar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental de que somos um só feito de muitos e que, enquanto respirarmos, temos esperança. E quando nos confrontarmos com cinismo e dúvidas e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com o credo intemporal que condensa o espírito de um povo: Sim, podemos.Muito obrigado. Deus vos abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.
segunda-feira, novembro 03, 2008
MAGALHÃES
Há já algum tempo, aqui referi num texto chamado "one laptop per child", a enorme importância de toda a gente saber mexer num computador e fundamentalmente, ter acesso ao maior instrumento de conhecimento alguma vez inventado pelo Homem.
Não sou particularmente amigo do nosso Primeiro, nem sequer concordo com ele em muitos aspectos, não sou do partido dele.
No entanto, ao contrário de muita gente que goza, vocifera, se opõe, critica, estou completamente com ele no que diz respeito ao Magalhães.
Nunca ninguém o tinha feito em Portugal, apesar de não ser inédito.
A próxima geração já vai mostrar os efeitos dessa medida. Só por isso ficará na História de Portugal.
Os outros, que gozam, se opõem, vociferam, criticam, daqui a 6 meses já ninguém sabe quem são.
Um abraço
GED
segunda-feira, outubro 27, 2008
FIM DE SEMANA
Hoje, eu devia estar feliz.
O Glorioso ganhou, o Porto perdeu e o Sporting empatou.
Estou feliz, mas não tanto como devia.
O Benfica jogou mal, os mercenários da equipe mostraram mais uma vez não ter raça. Mentalmente são muito fracos e qualquer pequeno abanão os desiquilibra.
São as nossas "estrelas".
As mesmas que vão representar não sei bem o quê na selecção luso-brasileira.
O Glorioso ganhou, o Porto perdeu e o Sporting empatou.
Estou feliz, mas não tanto como devia.
O Benfica jogou mal, os mercenários da equipe mostraram mais uma vez não ter raça. Mentalmente são muito fracos e qualquer pequeno abanão os desiquilibra.
São as nossas "estrelas".
As mesmas que vão representar não sei bem o quê na selecção luso-brasileira.
quinta-feira, outubro 09, 2008
PRÉMIO NOBEL
Hoje a meio do dia, um pseudo-intelectual, perguntou-me se eu já sabia quem tinha ganho o Nobel da literatura.
Respondi-lhe que sim, mas que desconhecia por completo o senhor.
Se fosse padre tinha-me excomungado naquele momento.
Na altura apeteceu-me dizer-lhe alguma coisa. No entanto preferi o silêncio e distanciei-me.
Apetecia-me perguntar, que sabia ele de Jorge Luis Borges, ou de Sepulveda ou de Ondjaki, ou de Ana Paula Tavares, ou de Herberto Helder ou... se sabia que escritor tinha recusado recentemente o prémio Camões.
Apetecia-me vê-lo a estrebuchar na sua ignorância de uma cultura balofa.
Só não o fiz porque achei que era muita humilhação e porque sei que costuma ler o meu blog.
Um abraço
GED
Respondi-lhe que sim, mas que desconhecia por completo o senhor.
Se fosse padre tinha-me excomungado naquele momento.
Na altura apeteceu-me dizer-lhe alguma coisa. No entanto preferi o silêncio e distanciei-me.
Apetecia-me perguntar, que sabia ele de Jorge Luis Borges, ou de Sepulveda ou de Ondjaki, ou de Ana Paula Tavares, ou de Herberto Helder ou... se sabia que escritor tinha recusado recentemente o prémio Camões.
Apetecia-me vê-lo a estrebuchar na sua ignorância de uma cultura balofa.
Só não o fiz porque achei que era muita humilhação e porque sei que costuma ler o meu blog.
Um abraço
GED
segunda-feira, setembro 29, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
BRANQUEAMENTO
De há alguns meses para cá, ouve-se falar constantemente nos noticiários, em conversas de algumas elites intelectuais, nos telejornais e mesmo em conversas de alguns governantes.
Estou a falar de "carjacking", "homejacking", motojacking", e mais alguns "jackings" que não vale a pena referir.
Posso estar a ser ignorante, estou a sê-lo com certeza pois o meu inglês é um pouco limitado, mas creio que estão a falar de roubos de carros, de casas de motas.
Se é isso então por que é que estão a dizê-lo em inglês?
Soa melhor?
Dá o ar de que somos menos ignorantes como povo?
Estou a falar de "carjacking", "homejacking", motojacking", e mais alguns "jackings" que não vale a pena referir.
Posso estar a ser ignorante, estou a sê-lo com certeza pois o meu inglês é um pouco limitado, mas creio que estão a falar de roubos de carros, de casas de motas.
Se é isso então por que é que estão a dizê-lo em inglês?
Soa melhor?
Dá o ar de que somos menos ignorantes como povo?
O roubo e o atropelo dos cidadãos, ficam com um ar mais limpo?
Fica bem nas festas da sociedade?
Este fenómeno do branqueamento e abrilhantamento das situações já não é novo. Aquela ideia abstrusa de chamar os bois pelos nomes parece ser caduca.
Senão vejamos.
Antigamente nos colégios, liceus, hospitais, repartições, empresas, etc, havia empregados de limpeza e, verdadeiramente era isso que faziam. Se alguém limpa alguma coisa, por que raio é que não é um empregado de limpeza?
Envergonhados de serem empregados (!!!), passaram a chamar-se auxiliares de acção.
Verdadeiramente o meu merceeiro é também um auxiliar de acção polivalente.
Ajuda-me a mim e a muitos outros profissionais a sermos mais eficazes nas respectivas áreas.
O que mais iremos branquear nesta estúpida viagem de algumas cabeças, que acham que avançamos alguma coisa só por mudar os nomes?
Este fenómeno do branqueamento e abrilhantamento das situações já não é novo. Aquela ideia abstrusa de chamar os bois pelos nomes parece ser caduca.
Senão vejamos.
Antigamente nos colégios, liceus, hospitais, repartições, empresas, etc, havia empregados de limpeza e, verdadeiramente era isso que faziam. Se alguém limpa alguma coisa, por que raio é que não é um empregado de limpeza?
Envergonhados de serem empregados (!!!), passaram a chamar-se auxiliares de acção.
Verdadeiramente o meu merceeiro é também um auxiliar de acção polivalente.
Ajuda-me a mim e a muitos outros profissionais a sermos mais eficazes nas respectivas áreas.
O que mais iremos branquear nesta estúpida viagem de algumas cabeças, que acham que avançamos alguma coisa só por mudar os nomes?
E o nosso orgulho como povo?
E aquela treta de que a minha pátria é a minha lingua?
E onde é que ficamos naquela outra treta dos CPLP, se já nem a lingua portuguesa queremos?
Os angolanos alteram a lingua portuguesa, mas na maior parte das vezes enriquecem-na. Porque a alteram em português. Se não nos orgulharmos da nossa lingua, então o que é que fica?
Há verdadeiramente em Portugal um "languagejacking" e ninguém se preocupa em prender, ou pelo menos identificar os culpados.
GED
GED
segunda-feira, setembro 08, 2008
M. P....
Eu não queria escrever isto, mas obrigaram-me.
O meu M venceu as eleições nas 18 provincias de Angola.
Já fiz a festa e celebrei com os amigos.
A luta continua.
Aquele abraço
GED
O meu M venceu as eleições nas 18 provincias de Angola.
Já fiz a festa e celebrei com os amigos.
A luta continua.
Aquele abraço
GED
domingo, setembro 07, 2008
ASAS
Irremediavelmente, elevo-me em voos
Como qualquer ave, aliás
Cresceram-me asas durante a noite
Definitivamente
Renego o destino da pedra
Permanentemente presa ao chão
Ausência de sonhos de ver mais longe
Voo acima das cordilheiras
Sem pressas, planando no calor
Desafio sapos e salamandras
Rastejando vidas inquietas, limitadas
Distancio-me
Viajo para onde o mar encontra a terra
Se conseguir tocar no horizonte
Estarei perto do fim da minha viagem
GED
Como qualquer ave, aliás
Cresceram-me asas durante a noite
Definitivamente
Renego o destino da pedra
Permanentemente presa ao chão
Ausência de sonhos de ver mais longe
Voo acima das cordilheiras
Sem pressas, planando no calor
Desafio sapos e salamandras
Rastejando vidas inquietas, limitadas
Distancio-me
Viajo para onde o mar encontra a terra
Se conseguir tocar no horizonte
Estarei perto do fim da minha viagem
GED
sexta-feira, agosto 01, 2008
AGOSTO
E como estamos em tempo de descanso e divertimento, deixo-vos este "puzzle" par montarem.
Um abraço
GED
Um abraço
GED
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LIMPEZA ÉTNICA
O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. "Perdi tudo!" "O que é que perdeu?" perguntou-lhe um repórter.
"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos auto desalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e auto denominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.
Há alguns dias atrás tinha-me referido a este tema. Não resisto a colocar aqui este texto de um dos nossos jornalistas mais sérios. Afinal, não estou sózinho no "politicamente incorrecto". Ainda bem!
"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos auto desalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e auto denominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.
Há alguns dias atrás tinha-me referido a este tema. Não resisto a colocar aqui este texto de um dos nossos jornalistas mais sérios. Afinal, não estou sózinho no "politicamente incorrecto". Ainda bem!
GED
quarta-feira, julho 30, 2008
UNITED COLORS
No outro dia, foi-me apresentado um casal, durante uma amena reunião de amigos.
Ela branca e ele negro.
Aproveitei logo para perguntar: onde é que nasceu?
Já me estava a ver a falar do que mais gosto, da minha terra, de Angola.
Disse-me: nasci nos Açores.
Disse-lhe eu: porra, isto está tudo de pernas para o ar. Eu sou branco e sou angolano, você é negro e nasceu nos Açores.
Faz sentido, continuar a haver basbaques que sejam racistas?
GED
Ela branca e ele negro.
Aproveitei logo para perguntar: onde é que nasceu?
Já me estava a ver a falar do que mais gosto, da minha terra, de Angola.
Disse-me: nasci nos Açores.
Disse-lhe eu: porra, isto está tudo de pernas para o ar. Eu sou branco e sou angolano, você é negro e nasceu nos Açores.
Faz sentido, continuar a haver basbaques que sejam racistas?
GED
segunda-feira, julho 28, 2008
O PODER
O poder, o grande poder, dizem que corrompe.
Provávelmente sim. A tentação de o utilizar em benefício prório é demasiado grande para a maioria dos seres humanos. No entanto, o grande poder também dá homens como Senghor ou Mandela, Bolivar ou Guevara (eu já sei...).
Há no entanto outro tipo de poder. Pequenino, suburbano, de bairro, local, de condomínio ou da organização das festas da aldeia. E aqui é sempre a mesma coisa. Quem o detem não tem habitualmente capacidade de liderança. Chegou lá não interessa saber como.
Mas no final esse poder é quase sempre deselegante, mesquinho, boçal. Aproveitado muitas vezes para resolver diferendos antigos, não se cuidando de perceber que este poder, é quase sempre curto, provisório.
Rápidamente o caçador passa a presa.
Esta verdade simples, parece não ter seguidores, já que o mesmo erro se comete vezes sem conta e sempre da mesma forma.
É como se esta gente já nascesse com um qualquer gene deformado.
GED
quarta-feira, julho 23, 2008
OPINIÕES
No Diário de Coimbra de ontem, a propósito da futura inauguração dos transplantes pulmonares em Coimbra, vinham as opiniões que podem consultar na imagem que aqui deixo.
Sei, já o disse à exaustão, que estamos no tempo do políticamente correcto, do oportunismo, do carreirismo e de outros "ismos", que não têm nada a ver com outros mais antigos "ismos".
De uma assentada, aproveita-se o momento e dá-se a facadita em quem já faz este tipo de terapêutica em Portugal.
Eu, se fosse ministro, não gostaria nada de ver o meu nome associado a tais dislates.
GED
Sei, já o disse à exaustão, que estamos no tempo do políticamente correcto, do oportunismo, do carreirismo e de outros "ismos", que não têm nada a ver com outros mais antigos "ismos".
De uma assentada, aproveita-se o momento e dá-se a facadita em quem já faz este tipo de terapêutica em Portugal.
Eu, se fosse ministro, não gostaria nada de ver o meu nome associado a tais dislates.
GED
quarta-feira, julho 16, 2008
POLITÍCAMENTE INCORRECTO
Eu sei, eu sei!
Os amigos dirão que finalmente vejo a luz. Os que não gostam de mim assim tanto, dirão que finalmente estou a mudar de perfil político. Sempre soubemos que um dia ele mudaria, dirão.
A propósito de quê, isto?
A propósito, de eu não mudar nunca, de ser honesto nas minhas análises e de fundamentalmente ser políticamente incorrecto. Por isso não dependo de ninguém para o meu posto de trabalho e de vida. Apenas tenho que o merecer todos os dias.
Vamos lá então ao que importa.
Ao contrário de todos (?) os jornalistas, a maioria dos políticos e de todos os presidentes de camaras, eu olho para os ciganos sem me pôr de cócoras cada vez que eles vão reinvindicar algo de forma agressiva e em grupo.
Estamos a falar de um grupo profundamente racista, já que qualquer tentativa para os incorporar na sociedade falha. Não se misturam e vivem permanentemente à margem da lei e dos usos e costumes. Porque cargas de água há-de a sociedade arcar com a marginalidade deles?
Porque havemos nós de lhes dar bairros de habitação social, se eles podem muito bem trabalhar e não o fazem?
São colectivamente inteligentes: não pagam impostos, vivem marginalmente o que significa que não pagam casa água e luz. Utilizam os bens públicos em beneficio próprio e sempre que necessitam de algo, reinvindicam mais que a população em geral.
São inteligentes: encostam os políticos à parede, sabendo que os mesmos se vão deixar encostar.
Usam os meios de comunicação, conforme lhes dá mais jeito.
Acabo, como comecei.
Eu sou políticamente incorrecto e estou-me nas tintas para os ciganos, como estou para qualquer marginal. Se não estão bem mudem-se. Deixem de incomodar quem trabalha. Quanto aos políticos políticamente correcto, não voto neles. Sei que não vale de nada, mas dá-me gozo.
Pelo menos nesta questão estou de acordo com o Marquês de Pombal.
GED
sexta-feira, julho 04, 2008
O VÓMITO
Espectáculo diário na TVI, que dá pelo nome de Telejornal à hora de jantar.
Hoje liderado por Manuela M. Guedes, com o seu inenarrável comentador Vasco P. Valente.
A última intervenção deste senhor, versou sobre a libertação de Ingrid Betancourt, as FRAC (palavras dele), a Colombia, os camponeses, etc.
Do que se conseguiu perceber, deu para ver, que o senhor não percebe patavina do que está a dizer.
Maldita entidade reguladora, que nunca está quando é preciso!
Hoje liderado por Manuela M. Guedes, com o seu inenarrável comentador Vasco P. Valente.
A última intervenção deste senhor, versou sobre a libertação de Ingrid Betancourt, as FRAC (palavras dele), a Colombia, os camponeses, etc.
Do que se conseguiu perceber, deu para ver, que o senhor não percebe patavina do que está a dizer.
Maldita entidade reguladora, que nunca está quando é preciso!
GED
segunda-feira, junho 23, 2008
ZIMBABWE
A história de África está cheia de acontecimentos destes.
Convenhamos que não é inédito o que se está a passar no Zimbabwe. Claro, que em muitas outras latitudes, o cenário é o mesmo e provávelmente pelas mesmas razões.
Candidatos a ditadores e, ditadores consumados há-os por todo o lado. Localmente todos conhecemos os "ditadorzinhos" que nos cercam. Parece um mal inerente ao ser humano.
Mas não é.
É apenas fruto da ignorância do povo e da cobardia desses mesmos ditadores, incapazes de controlar o destino do seu país e o seu próprio destino. Aposto que o ditador Mugabe vai ter um triste fim.
Vale nesta altura, relembrar a diferença.
Homens como Senghor ou Mandela, recordam-nos que a verdadeira força reside no facto de a sabermos partilhar com equidade.
Convenhamos que não é inédito o que se está a passar no Zimbabwe. Claro, que em muitas outras latitudes, o cenário é o mesmo e provávelmente pelas mesmas razões.
Candidatos a ditadores e, ditadores consumados há-os por todo o lado. Localmente todos conhecemos os "ditadorzinhos" que nos cercam. Parece um mal inerente ao ser humano.
Mas não é.
É apenas fruto da ignorância do povo e da cobardia desses mesmos ditadores, incapazes de controlar o destino do seu país e o seu próprio destino. Aposto que o ditador Mugabe vai ter um triste fim.
Vale nesta altura, relembrar a diferença.
Homens como Senghor ou Mandela, recordam-nos que a verdadeira força reside no facto de a sabermos partilhar com equidade.
GED
sábado, junho 14, 2008
quarta-feira, junho 11, 2008
CIDADANIA
Poucos povos em todo o planeta, usam plenamente os seus direitos e deveres de cidadania.
Os dedos de uma mão sobram para os enumerar. É de facto uma questão de educação e de avanço civilizacional, e como sabemos, a maior parte dos povos ainda está longe de atingir esse limiar.
Por isso, não é de estranhar todo este confronto em volta dos combustíveis, da sua falta, do seu preço, e claro está, na hora do desespero é este governo que não presta.
Como sempre é uma atitude imediatista, de reacção acéfala a um problema que começou há muito tempo.
Está toda a gente de acordo, que nada disto teria acontecido, se os EUA tivessem entrado Iraque adentro, limpado o sebo ao Sadam, colocado novos governantes e, toda a gente de lá se calasse. Claro que nada disso aconteceu, o petróleo não começou a jorrar como era esperado, o dólar foi-se indo abaixo das canetas, o orçamento previsto para a operação disparou dúzias de vezes e, estamos na situação actual.
Na altura, não vi um único camionista, médico, pedreiro, artista, dentista, metalúrgico, engenheiro, professor, político, etc, etc, manifestar-se sériamente contra.
Pois é, a cidadania tem destas coisas. É preciso trancar a casa antes que a arrombem. Só que dá trabalho, é preciso ter cultura e estar a par das coisas, nomeadamente da história, para não nos deixarmos enganar.
Afinal, ainda estamos todos vivos, os da geração do Vietnam.
quarta-feira, junho 04, 2008
REGRESSO
Há mais de um mês, que não escrevo nada!
E continuo neste marasmo de não me apetecer escrever. Provávelmente há várias causas para isso. O meu país vive numa modorra que não prenuncia nada de bom. O sol, que tanta falta me faz, este ano teima em esconder-se por trás de nuvens ameaçadoras, escuras e persistentes.
Mas, verdadeiramente tem-me feito bem este descanso.
Detenho-me nos blogues dos amigos, com tempo para os saborear. Organizo as fotografias de tempos idos, actuais e, imagino as futuras.
Volta e meia telefono-lhes para matar saudades.
Organizo cuidadosamente a minha próxima ida ao hemisfério sul. Vou entrar pelo Botswana, visitar o delta do Okavango e depois subir África acima até Luanda. Pelo caminho, um enorme punhado de sítios e paisagens que finalmente a minha mulher vai conhecer, vencidos os medos dos paludismos, mosquitos, crocodilos, leões, cobras, etc.
Sei que este interregno não vai durar muito. Mas, tem-me sabido bem.
Virá brevemente o tempo de pegar na velha caixa de madeira vazia e enchê-la de novas letras ( perdoa amiga, por usar palavras tuas).
GED
quinta-feira, maio 01, 2008
EDUARDO WHITE
Requerimento de um cidadão desiludido consigo mesmo.
Por Eduardo White.
Ilustríssima Senhora Vida
Distinta,
Quero um poço fundo para morrer. Um poço fundíssimo onde morto eu não me possa rever. Um poço escuro, Ilustríssima senhora, um poço que arda entre o silêncio e a escuridão, um poço que doa só de nos vermos na sua vertigem, um poço que abra as vísceras terrenas da solidão. Quero um poço fundo, um fundo poço para morrer e não outro poço que seja este em que me estou a perder. Longo, obtuso, fantasmagórico, com chamas que queimem, que subam aos olhos de quem me queira reaver.
Um poço por favor, é tudo o que estou a pedir-lhe, é tudo o que eu pretendo ter, um poço onde morra intranquilo como me condenou a viver. Porra que quero um poço, é tão difícil um poço onde a morte me possa merecer? Então dê-me, com urgência, com a veemência concreta de um ódio qualquer, mas que seja puro e mau e perverso e tenha lanças que me trespassem a barriga e me partam em absoluto a minha espinha dorsal.
Eu quero um fundo, um poço fundíssimo, um poço escuro para que possa morrer tão perfeito e completamente como nunca assim pude viver. Porra, um poço. E isso custa dar-me sem pedir-lhe deferimento? Custa tanto autorizar o que a faz rir? Senhora minha e Ilustríssima, um poço bem mais fundo que o seu, bem mais escuro, bem mais vertiginoso, bem mais lamacento que o corpo com que a ele me vou atirar. Um poço, Digníssima, onde morto eu não a oiça nem falar nem tão pouco doer-se de respirar. Um poço que seja talqualmente este fosso de onde lhe requeiro isto e onde a vida, depois que demitida, seja em si um sólido quisto.
Atenciosamente
Um baixíssimo cidadão
Eduardo White
(Para quem não conhece Eduardo White, faça o favor de pesquisar e de ler tudo o que está publicado. Poeta maior da língua portuguesa )
GED
Por Eduardo White.
Ilustríssima Senhora Vida
Distinta,
Quero um poço fundo para morrer. Um poço fundíssimo onde morto eu não me possa rever. Um poço escuro, Ilustríssima senhora, um poço que arda entre o silêncio e a escuridão, um poço que doa só de nos vermos na sua vertigem, um poço que abra as vísceras terrenas da solidão. Quero um poço fundo, um fundo poço para morrer e não outro poço que seja este em que me estou a perder. Longo, obtuso, fantasmagórico, com chamas que queimem, que subam aos olhos de quem me queira reaver.
Um poço por favor, é tudo o que estou a pedir-lhe, é tudo o que eu pretendo ter, um poço onde morra intranquilo como me condenou a viver. Porra que quero um poço, é tão difícil um poço onde a morte me possa merecer? Então dê-me, com urgência, com a veemência concreta de um ódio qualquer, mas que seja puro e mau e perverso e tenha lanças que me trespassem a barriga e me partam em absoluto a minha espinha dorsal.
Eu quero um fundo, um poço fundíssimo, um poço escuro para que possa morrer tão perfeito e completamente como nunca assim pude viver. Porra, um poço. E isso custa dar-me sem pedir-lhe deferimento? Custa tanto autorizar o que a faz rir? Senhora minha e Ilustríssima, um poço bem mais fundo que o seu, bem mais escuro, bem mais vertiginoso, bem mais lamacento que o corpo com que a ele me vou atirar. Um poço, Digníssima, onde morto eu não a oiça nem falar nem tão pouco doer-se de respirar. Um poço que seja talqualmente este fosso de onde lhe requeiro isto e onde a vida, depois que demitida, seja em si um sólido quisto.
Atenciosamente
Um baixíssimo cidadão
Eduardo White
(Para quem não conhece Eduardo White, faça o favor de pesquisar e de ler tudo o que está publicado. Poeta maior da língua portuguesa )
GED
terça-feira, abril 29, 2008
NOTÍCIAS DE ANGOLA
Recebi esta notícia sob a forma de email, enviado pelo Karipande a quem agradeço.
Coreógrafa defende reformulação do sistema de ensino no país
29/04/2008
A coreógrafa Ana Clara Guerra Marques defendeu sábado, em Luanda, a necessidade de se rever o sistema de ensino da modalidade artística da dança, com o intuito de a tirar da fase de estagnação em que se encontra actualmente e impulsionar a sua evolução e divulgação.
A propósito do estado actual da dança em Angola, a coreógrafa avança que, apesar de não estar na «estaca zero», se não se rever as metodologias de ensino das danças, tornando-o mais eficaz, haverá muitos problemas, tendo em conta a evolução que se vem registando a nível mundial. Não obstante «o grande esforço» feito pelos profissionais que leccionam na Escola Nacional de Dança, adianta, há muito caminho por andar, exigindo mudanças nos métodos de ensino empregues actualmente, por, no seu entender, já não irem de encontro com as inovações que se aplicam no mundo moderno das danças.
«Se queremos ver evoluções na dança, temos que mudar muita coisa no processo de ensinamento. Temos que nos adequar aos novos métodos modernos, fazendo com que os bailarinos e coreógrafos aprendam cada vez mais e façam cada vez mais coisas novas e boas para a dança», defendeu.
Reconhece existir muito por se fazer. «Não estamos na estaca zero, mas acho que se não se rever a forma de ensino das danças vamos ter muitos problemas. Há que preparar artistas, bailarinos, coreógrafos para mudar a imagem actual e isto só se conseguirá através de um ensino eficaz», disse.
Segundo a coreógrafa, o grande entrave à evolução e maior projecção da dança em Angola prende-se com o facto de se dar pouca atenção às danças tradicionais e populares, um facto que, no seu entender, faz com que se coloque de lado a cultura tradicional do país.
«Não podemos olhar simplesmente para as danças modernas, há que dar-se espaço e tempo ao tradicional, um elemento essencial para a afirmação dos angolanos, da identidade nacional. Temos potencialidades em todos os sentidos, nesta altura é apenas necessário que se dê maior atenção ao que temos dentro da nossa cultura», realça.
Sem formação não haverá pessoas para pensar e desta forma evoluir, fazendo e dando à dança a abrangência que ela precisa e que tem nos outros países, sustenta. «Já vão os tempos em que as pessoas que fizeram história na dança em Angola se preocupavam com a formação artística, procurando maior evolução, não só individual como também colectiva, fazendo com que a dança tivesse maior visibilidade no país e no estrangeiro», apontou.
«É muito importante o aspecto formativo, porque sem formação não temos profissionais, não temos pessoas para pensar e reflectir sobre os problemas da dança. É necessário que se aprenda outros itens para que se possa praticá-la sem problemas».
Considera que muitos grupos desapareceram ou estão em vias de desaparecer pelo facto de os seus responsáveis e integrantes não terem dado grande importância à vertente formativa. Angola possui uma Escola Nacional de Dança, instituição adstrita ao Instituto Nacional de Formação Artística do Ministério da Cultura.
Fonte: JA
Coreógrafa defende reformulação do sistema de ensino no país
29/04/2008
A coreógrafa Ana Clara Guerra Marques defendeu sábado, em Luanda, a necessidade de se rever o sistema de ensino da modalidade artística da dança, com o intuito de a tirar da fase de estagnação em que se encontra actualmente e impulsionar a sua evolução e divulgação.
A propósito do estado actual da dança em Angola, a coreógrafa avança que, apesar de não estar na «estaca zero», se não se rever as metodologias de ensino das danças, tornando-o mais eficaz, haverá muitos problemas, tendo em conta a evolução que se vem registando a nível mundial. Não obstante «o grande esforço» feito pelos profissionais que leccionam na Escola Nacional de Dança, adianta, há muito caminho por andar, exigindo mudanças nos métodos de ensino empregues actualmente, por, no seu entender, já não irem de encontro com as inovações que se aplicam no mundo moderno das danças.
«Se queremos ver evoluções na dança, temos que mudar muita coisa no processo de ensinamento. Temos que nos adequar aos novos métodos modernos, fazendo com que os bailarinos e coreógrafos aprendam cada vez mais e façam cada vez mais coisas novas e boas para a dança», defendeu.
Reconhece existir muito por se fazer. «Não estamos na estaca zero, mas acho que se não se rever a forma de ensino das danças vamos ter muitos problemas. Há que preparar artistas, bailarinos, coreógrafos para mudar a imagem actual e isto só se conseguirá através de um ensino eficaz», disse.
Segundo a coreógrafa, o grande entrave à evolução e maior projecção da dança em Angola prende-se com o facto de se dar pouca atenção às danças tradicionais e populares, um facto que, no seu entender, faz com que se coloque de lado a cultura tradicional do país.
«Não podemos olhar simplesmente para as danças modernas, há que dar-se espaço e tempo ao tradicional, um elemento essencial para a afirmação dos angolanos, da identidade nacional. Temos potencialidades em todos os sentidos, nesta altura é apenas necessário que se dê maior atenção ao que temos dentro da nossa cultura», realça.
Sem formação não haverá pessoas para pensar e desta forma evoluir, fazendo e dando à dança a abrangência que ela precisa e que tem nos outros países, sustenta. «Já vão os tempos em que as pessoas que fizeram história na dança em Angola se preocupavam com a formação artística, procurando maior evolução, não só individual como também colectiva, fazendo com que a dança tivesse maior visibilidade no país e no estrangeiro», apontou.
«É muito importante o aspecto formativo, porque sem formação não temos profissionais, não temos pessoas para pensar e reflectir sobre os problemas da dança. É necessário que se aprenda outros itens para que se possa praticá-la sem problemas».
Considera que muitos grupos desapareceram ou estão em vias de desaparecer pelo facto de os seus responsáveis e integrantes não terem dado grande importância à vertente formativa. Angola possui uma Escola Nacional de Dança, instituição adstrita ao Instituto Nacional de Formação Artística do Ministério da Cultura.
Fonte: JA
sexta-feira, abril 25, 2008
PORTUGAL....NO SEU MELHOR
Ontem na SICNotícias, António José Teixeira dizia o seguinte, a propósito da novela PSD: "O PSD, corre o risco de ser um partido muito dividido nos próximos tempos"!
Ele que me desculpe mas não posso estar mais em desacordo. Apenas porque, já está dividido há muito tempo. Neste momento está em desagregação acelerada. Dificilmente um partido qualquer que ele seja resiste a Barroso, Santana, M. Mendes e L. F. Menezes.
O primeiro fugiu e está num sítio em que o controlam devidamente. O segundo foi o que se viu. O terceiro deve estar a ter imerecidas férias praticando bodyboard o seu desporto favorito. O último assim como veio foi.
Agora perfilam-se vários candidatos e um morto-vivo. E, já há muita gente a tomar posições para derreter o que falta.
É no mínimo falta de decoro, para com o povo português que não merecia isto. A cereja em cima do bolo é este regresso de S. Lopes. O homem de facto não se enxerga.
A verdade é que continuamos sem uma oposição capaz. Assim não há democracia que resista.
Termino dizendo que eu não sou do PSD, nem de lá perto.
Ele que me desculpe mas não posso estar mais em desacordo. Apenas porque, já está dividido há muito tempo. Neste momento está em desagregação acelerada. Dificilmente um partido qualquer que ele seja resiste a Barroso, Santana, M. Mendes e L. F. Menezes.
O primeiro fugiu e está num sítio em que o controlam devidamente. O segundo foi o que se viu. O terceiro deve estar a ter imerecidas férias praticando bodyboard o seu desporto favorito. O último assim como veio foi.
Agora perfilam-se vários candidatos e um morto-vivo. E, já há muita gente a tomar posições para derreter o que falta.
É no mínimo falta de decoro, para com o povo português que não merecia isto. A cereja em cima do bolo é este regresso de S. Lopes. O homem de facto não se enxerga.
A verdade é que continuamos sem uma oposição capaz. Assim não há democracia que resista.
Termino dizendo que eu não sou do PSD, nem de lá perto.
sábado, abril 19, 2008
Pinturas rupestres da Tchitandalucúa - Benguela
Desde do alvores do chamado Paleolítico Superior na Europa ou a Later Stone Age na África Austral que o homem deixa marcas da sua passagem. Da passagem cultural, melhor dizendo, das suas construções ideológicas, da sua concepção do mundo que o rodeia, ou simplesmente das suas expetactivas económicas.
Em 73 numa das nossas deslocações aos locais de interesse arqueológico, chegou-nos a informação, na JAAE de Benguela, que um senhor, o Sr. Rosa, conhecia um lugar onde havia umas pinturas estranhas perto da Chimalavera ( reserva natural).
O nosso professor, arregalou os seus olhos e, o prestável senhor logo se prontificou a levar-nos ao local. Lá fomos.
Percorremos a corta-mato uma dúzia de Kms por terras secas cheias de bissapas - unha de gato, chegamos ao lugar chamado de tchitandalucúa, onde não se via viva alma. Sem possibilidades de prosseguir com o Land-rover apeamo-nos. Logo debaixo dos nossos pés reparamos que o chão estava pejado de lascas de sílex, de quatrtzo que identificamos ter sido obra humana.
Uma série de pontas de seta, lâminas, raspadores clássicos, enfim uma panóplia nunca vista. Tínhamos descoberto talvez a maior jazida ao ar livre que tive oportunidade ( e o nosso professor) de conhecer, de material trabalhado segundo a técnica de Levalois. Saltámos todos de júbilo.
Como se fazia tarde, o Sr. Rosa logo nos apressou, dizendo que ainda tínhamos que percorrer, a pé, pela mulola, umas centenas de metros para chegar às pinturas.
O rio seco tinha cavado num sedimento cinzento, uma espécie de kenyon com uma dezena de metros de profundidade e com meia dúzia de metros de largura. Finalmente, já com necessidade de beber umas litradas de água, deparámo-nos com uma espécie de gruta cavada pela erosão da mulola, com duas entradas, perfuradas na rocha sedimentar (siltstone) com uma câmara não mais de 4X3 e com dois de altura máxima.
Ao fundo e quase no tecto, tinha então sido pintado três conjuntos de pinturas a branco. Uma com dois pares de linhas circulares concêntricas com linhas transversais orientadas para o centro da figura; outra com apenas um par e com uma linha cruzada ao centro e finalmente um outro conjunto com figuração antropomórfica e zoomorfa associadas, que parecia claramente tratar-se de um cavaleiro.
Apesar dos círculos concêntricos serem comuns na arte rupestre de todo o mundo, parecendo estar relacionada com a visão do cosmos, já a do "cavaleiro", em Angola é inédita.
Apesar dos círculos concêntricos serem comuns na arte rupestre de todo o mundo, parecendo estar relacionada com a visão do cosmos, já a do "cavaleiro", em Angola é inédita.
De imediato pensamos que se tratava da representação de um europeu ( é claro sempre a visão europeista). Mas depois passado uns anos, pensei que bem que poderia ser de um bantu montando um "boi cavalo", que é usado por exemplo, entre os Kwanyamas ou pelos Mdombes.
Pelo estado da tinta branca é bem possível ter sido pintada há umas centenas de anos ( esperamos que os nossos arqueólogos de Benguela já tenham feito análises à tinta e tenham já datações) mas seguramente depois do século XIII, altura em que terão chegado os bantu ao local, a fazer fé que se trata de um homem e um animal. ( ou serão dois homens um deitado sendo massacrado por outro?)
Quanto aos autores, será ainda mais difícil. Terão sido os artesãos das peças líticas? se assim for, terão sido provavelmente os antepassados dos Vassekeles ou dos Cuíssis. Os mdombes? embora eu não tivesse visto nada neles semelhante, no seu artesantato, que lembre os círculos concêntricos.
Infelizmente, não pudemos continuar as pesquisas.
Mas trata-se das únicas pinturas rupestres localizadas mais a ocidente em toda Angola ( até agora, que saibamos). Para comemorar e tirar o pó das gargantas, fomos todos jantar ao Salvado da Baía Farta, e o menu foi invariavelmente caranguejos e muita cerveja.
As fotos foram tiradas pelo Professor Vitor de O. Jorge na única visita que efectuamos e estão publicadas no jornal " Província de Angola" de 1974 ( não tenho mês e dia apontados) incluídas num artigo de que fui co-autor.
sexta-feira, abril 18, 2008
CHEGA!
Para mim chega!
Tirei férias sabáticas do meu país e do meu clube.
O Benfica perdeu com os lagartos. Bateu no fundo.
E eu não acredito em coincidências. Só vejo à minha volta Luises Filipes. Se são Vieira ou Meneses pouco importa.
Estou de férias.
Um abraço
GED
Tirei férias sabáticas do meu país e do meu clube.
O Benfica perdeu com os lagartos. Bateu no fundo.
E eu não acredito em coincidências. Só vejo à minha volta Luises Filipes. Se são Vieira ou Meneses pouco importa.
Estou de férias.
Um abraço
GED
segunda-feira, abril 14, 2008
A IDADE DO FERRO NA TERRA DO GED
Dedico este texto ao meu colega de Liceu e de Faculdade: Luis Pais Pinto um gandense, já falecido, meu amigo e camarada, fundador do Museu Nacional de Arqueologia de Benguela. Tentou em vão fazer com que regressássemos, para prosseguirmos os estudos arqueológicos.
Apeteceu-me deambular pela História dos povos da região do planalto da Ganda. Ali, entre as serranias do Epale, Hondio a leste o vale do Catumbela junto às comunas de Alto Catumbela e Babaera a Norte, a serra da Chimboa a Oeste e a bacia hidrográfica do Cubal da Hanha a Sul, a população espraia-se em pequenos quimbos. Enquadram-se no grupo dos Ovimbundo, e designam-se por M'Gandas. Como noutros Bantu, as comunidades distinguem-se umas das outras por se agruparem políticamente a uma linhagem, quer dizer, dizem-se pertencentes a um descendente de um soba, ou seja, pertencem a um mesmo soba como na antiga Europa.
As bibliotecas vivas ( os sekulos ) não sabem quantas gerações passaram desde que ali se instalaram ( os estudos mais refinados sobre a tradição oral, permitem chegar a cerca de 400 anos atrás ) pelo que a investigação sobre história local tenha que se rodear de uma série de técnicas para descodificar os sinais do tempo dados pela oralidade, posto que ele, o tempo, não tem o mesmo significado e duração, como entre nós. Por exemplo. quando falam "Ame onekulo sekulo Cahanla" ( eu sou neto do avô Cahanla ) não sabemos se o sujeito referido na frase é o seu avô, ou bisavô, tetravô, ou por aí fora... O tal Caála ou Cahanla pode ter morrido num período de tempo: 100, 200 ou 20 anos. Porém... todos eles dizem que o tal soba veio de outro sítio, sejam eles M'Gandas ou Bailundos ou Seles e se fixou com a sua gente ali.
Esta "amostra" de problemas metodológicos alongar-se-ia, o que não é o objectivo deste post.
Apenas quis dar uma ideia do que se nos depara quando pretendemos pesquisar qualquer facto, sem o recurso à arqueologia.
As bibliotecas vivas ( os sekulos ) não sabem quantas gerações passaram desde que ali se instalaram ( os estudos mais refinados sobre a tradição oral, permitem chegar a cerca de 400 anos atrás ) pelo que a investigação sobre história local tenha que se rodear de uma série de técnicas para descodificar os sinais do tempo dados pela oralidade, posto que ele, o tempo, não tem o mesmo significado e duração, como entre nós. Por exemplo. quando falam "Ame onekulo sekulo Cahanla" ( eu sou neto do avô Cahanla ) não sabemos se o sujeito referido na frase é o seu avô, ou bisavô, tetravô, ou por aí fora... O tal Caála ou Cahanla pode ter morrido num período de tempo: 100, 200 ou 20 anos. Porém... todos eles dizem que o tal soba veio de outro sítio, sejam eles M'Gandas ou Bailundos ou Seles e se fixou com a sua gente ali.
Esta "amostra" de problemas metodológicos alongar-se-ia, o que não é o objectivo deste post.
Apenas quis dar uma ideia do que se nos depara quando pretendemos pesquisar qualquer facto, sem o recurso à arqueologia.
Localização das estações de Quitavava e Pumbala na carta militar
Regressando à origem da população nesta região, ( vejam na carta os lugares). O que os livros diziam ( há 30 e mais anos que não se publica nada de etnologia e arqueologia sobre esta região, penso eu, como dizem os angolanos "através" da guerra) os M'Gandas chegaram por altura do séc. XVII à região e que esta era ocupada pelos M'Dombes e pelos Vassekeles ( ou Mukankalas ).
Aqueles pressionados pelas invasões dos Jagas, segundo uns, pelos Portugueses comandados pelo governador Bento Banha Cardoso e os seus capitães do mato no início do séc. XVII (1611), fizeram deslocar os povos que habitavam o planalto da Quibala, da Cela para Sul, vindo a atravessar o rio Catumbela e instalando-se nas duas margens. Um grupo deslocou-se mais para o planalto abrigado da Ganda ( na minha opinião esta tese da pressão portuguesa, não parece ter muita ou nenhuma consistência porque não descobrimos nenhuma evidência cultural disso).
Os historiadores Childs, e Hauenstein por outro lado, evidenciam que dentro dos Ovimbundo, os M'Gandas e os Hanha chegaram ao Alto Catumbela, Babaera e por aí fora, no início do séc. XVII, vindos de nordeste, fixando-se os Hanha a sudoeste da Ganda ( Cubal da Hanha ) e os M'Ganda no local onde os conhecemos, embora nada nos digam se vieram do Leste ou do Norte.
Bem... não sabemos sem outros estudos, precisar a origem ( nem os próprios M'gandas sabem ) sem a arqueologia. Até lá é só: "diz-se que...". Ainda dentro deste estado de coisas, o pouco que a arqueologia nos pode dizer é o seguinte:
Foto: Serra do Hondio - Equipa de prospecção da UL - 1973. Foto Ana Sá Pinto
A região foi palco de grandes "macas" entre os clãs Ovimbundo (Huambos, Negolas de Caconda, Hanha, Balombos...) e entre estes e os Ganguelas, Jagas (os célebres Jagas de Caconda a Velha conhecidos dos portugueses) Nyanecas de Quilengues e da Huíla.
Porquê?... Essas guerras são provadas pela fortíssima necessidade de fortificar as povoações, ao ponto de permanecerem em zonas quase inacessíveis como a serra do Hondio (que eu tive, com os meus colegas, a oportunidade de visitar e verificar a complexidade das construções) e as cidadelas fortificadas da Quitavava (Pedreira) descoberta pelo Padre Rocha e a Pumbala (Pedra do Elefante). Essas construções e os objectos neles encontrados, provam um grau de tecnologia avançado idênticas às grandes construções da Zambia e Zimbabue.
Foto: A Quitavava ou Pedreira. Foto em www.cpires.com/alto_catumbela.html
A aldeia foi construída no plateau da montanha granítica e toda a sua extensão. (sem querer estar a dizer que os M'Gandas ou os seus antecessores tivessem vindo dali) e de uma forte organização social (não se governa mais de 1500 ou mais pessoas da Quitavava, se assegura a sua defesa e abastecimentos, sem uma elevada capacidade de administração).
Nas fotos: Escavações da cabana 1 e 2 da Quitavava. Equipa da UL. Julho de 1973. Foto de V.O. Jorge
A Quitavava e Pumbala, convêm esclarecer, são dois "inselberg" de granito (elevações que sobressaem do planalto como se fosse uma mama) com cerca de 100 metros no primeiro caso e no segundo uns 300 metros em relação ao solo, situados de cada lado do rio Catumbela. No topo foram construídas cerca de 500 cubatas em média no primeiro caso e nos locais de mais fácil acesso foram construídos alguns panos de muralha com pedra vã aparelhada que serviam de sustentação das terras e teriam provávelmente uma paliçada. No primeiro dos montes foi feito um trabalho de escavação de duas cabanas e foi feito o levantamento preliminar de outras, em toda a sua extensão. No segundo apenas uma prospecção com recolha de artefactos para contextualizar o estudo que a equipa a que pertencemos da Universidade de Luanda (Cursos de Letras do Lubango) realizou em Julho de 1973. Nela foram registados uma centena de alicerces de cubatas feitas em pedra, seguindo a mesma técnica do que na Quitavava.
Foto: Abrigo com pinturas rupestres da Serra do Hondio. Julho de 1973. Foto de Dr. V.O. Jorge
A serra do Hondio, quanto a mim o local de maior interesse arqueológico, pelo facto de possuír um abrigo granítico de grandes dimensões com pinturas rupestres semelhantes em importância às de Caninghiri, é igualmente um povoado fortificado absolutamente inédito, à espera de estudos de enormes proporções pela sua extensão.No Hondio, indicado pelo gandense Sr. Joaquim Ferreira Júnior que bem conhecia estes locais, os habitantes souberam construír vários níveis de muralha seguindo as cotas do terreno, formando socalcos suportados por pedra aparelhada. Foram também descobertas grandes quantidades de escória de ferro, resultante de fundição local.
Pumbala. Foto 1: vista do Inselberg Pumbala ("pedra do elefante"), à esquerda, com a serra da Chimboa ao fundo. Foto em www.cpires.com/alto_catumbela.html
Foto 2: Prospecção da UL em Julho de 1973. Vê-se em segundo plano os restos da muralha no rebordo do plateaux. Para terem uma ideia da altura, reparem na árvore em último plano no meio de um arimbo. Trata-se de um mutiate com cerca de 15 metros de altura. Foto de V.O. Jorge
Foto 2: Prospecção da UL em Julho de 1973. Vê-se em segundo plano os restos da muralha no rebordo do plateaux. Para terem uma ideia da altura, reparem na árvore em último plano no meio de um arimbo. Trata-se de um mutiate com cerca de 15 metros de altura. Foto de V.O. Jorge
Outra estação importante foi o abrigo 1 da Ganda (distante uns seis Kms, mas com uma diferença de cotas de cerca de 300 m) e foi o único local que mereceu três campanhas de escavações, (não completadas desde 1971 a 1973) e que revelou, entre outras coisas vários artefactos da Idade do Ferro, um forno (cremos que completo) de siderurgia de grandes proporções e que deve ter estado activo umas dezenas de anos, a avaliar pela quantidade de escórias.
Foto: Março de 1973. Abrigo 1 da Ganda. Escavações realizadas pela equipa coordenada pelo Dr. Vitor Oliveira Jorge, nosso Professor de Pré-História. No sentido longitudinal, vê-se a vala de sondagem realizada pelo Boaventura Santos, nosso colega, sob a direcção do Dr. Vitor Gonçalves, um ano antes. No sentido transversal a vala sondagem realizada por nós. Foto de V.O. JorgeEste abrigo natural é um recôvado num soco granítico com uns 12 metros de boca e uns 3 de altura (em relação aos sedimentos actuais). Serviu de oficina de fundição e o nível onde se situava a calha por onde escoava o ferro derretido, ficava a cerca de um metro abaixo do nível actual. Este facto sem que haja datação pelo C14, permite arriscar que foi construído há mais de duzentos anos e seria contemporâneo, pela semelhança na cerâmica e noutros artefactos, das outras estações citadas.
Na foto: Início da desmontagem dos sectores W da vala Q1, Q2 e Q3. Foi no Q2, onde tebho o pé que se encontrou a 1m, a calha de vasamento do forno de fundição. No quadrado em primeiro plano, também a 1m foi encontrado um esqueleto (pés e pernas) humano. Vêm-se para além de mim a Ana e de costas a Olívia. Foto de V.O. Jorge
Voltando à problemática da História da terra. No local (1973 a 1975) não houve uma só pessoa da população dos mais velhos, que nos dissesse, que alguém lhes tinha contado, que havia aldeias no Hondio ou em cima das pedras da Babaera e Alto Catumbela. Isso parece indicar (até que possamos datar os vestígios que saíram das escavações, através da análise dos isótopos de carbono e termoluminescência) que, pelo menos as fortificações foram abandonadas há mais de cento e cinquenta anos.
Foto: Um algaraviz em barro refractário. Trata-se de uma peça que encaixa no forno e serve de ligação entre o fole e a câmara de fundição. Foto de V.O. Jorge
Planta do Abrigo 1 com a localização das valas de sondagem em Susana Jorge
Os três locais onde se encontraram aldeias montadas em Inselbergs ou serras do vale da Ganda ou do planalto do Alto-Catumbela- Babaera já citados, situam-se numa rota usada pelas caravanas que faziam circular mercadorias do interior do Bié para Benguela e Catumbela, conhecida e explorada desde os primórdios do séc. XVII. Primeiro pelas caravanas de escravos, depois pelas caravanas de cera, do marfim e finalmente de borracha.
Esse facto pode estar na origem dos ataques de exércitos de sobados do interior do Huambo, na tentativa de controlar o tráfego e em consequência da necessidade de defesa dos M'Gandas, daqueles, ou das incursões dos bandos armados pelos funantes, ou mesmo dos portugueses de Benguela (S. Filipe para não confundir com Porto Amboím). A verdade é que o facto de descobrirmos no alto da Pumbala (Pedra do Elefante) na Quitavava, no Hondio (menos) e no Abrigo1 da Ganda, quantidades substanciais de escória de ferro, algaravizes (tubos de argila refractária) e de fornos de fundição de ferro (neste caso no abrigo 1 da Ganda), que demonstram a grande capacidade logística de guerra dos povos aí instalados. Subir uns trezentos metros de altura por pedra lisa quase na vertical, carregando minério, água e alimentos para alimentar umas dezenas de famílias (no caso da Quitavava e Pumbala) só era possível com uma excelente capacidade de organização.
A ocupação do planalto pelos portugueses, só foi possível na segunda metade do séc. XX quando a população passou a considerar vantajoso os negócios ou o emprego na construção do Caminho de Ferro de Benguela e na plantação de eucaliptos para alimentar as locomotivas, já na década de vinte.
Conclusão: Os M'Gandas tal qual os conhecemos, das duas uma: ou são efectivamente anteriores à fundação de Benguela e permaneceram no local até à sua ocidentalização e "pacificação" no início do sec. XX, ou vieram depois de outro povo lá ter estado, que falta averiguar, (seriam os M'Dombes) que entretanto teve que migrar dali. Uma coisa parece ter aceitação de todos: os Hanha pelo seu modo de vida (com mais gado e vivendo mais à volta dele) são os mais antigos na bacia do Bonga, do Cubal da Hanha, mas não devem estar relacionados com as construções amuralhadas. Os M'Ganda vieram depois e devem tê-los submetido, implantando a sua cultura tradicional, mais ligada à agricultura de massambala e menos ao gado e salvo prova em contrário, seriam os habitantes de tais fortificações.
A finalizar: Muito há a fazer para estudar a região e neste caso, só com uma equipa envolvendo várias disciplinas desde a arqueologia até à linguística, como dizia o nosso professor Vitor Jorge há 34 anos atrás. Até lá...só bocas.
Bibliografia: Jorge, Vitor O. "Estudos Arqueológicos na Região da Ganda, Museu de Arqueologia dos Cursos de Letras da UL. Sá da Bandeira (Lubango) 1974.
Jorge, Susana O. "Vasos Cerâmicos do Abrigo 1 da Ganda. Guimarâes, 1976
www.cpires.com/alto_catumbela.html
A ocupação do planalto pelos portugueses, só foi possível na segunda metade do séc. XX quando a população passou a considerar vantajoso os negócios ou o emprego na construção do Caminho de Ferro de Benguela e na plantação de eucaliptos para alimentar as locomotivas, já na década de vinte.
Conclusão: Os M'Gandas tal qual os conhecemos, das duas uma: ou são efectivamente anteriores à fundação de Benguela e permaneceram no local até à sua ocidentalização e "pacificação" no início do sec. XX, ou vieram depois de outro povo lá ter estado, que falta averiguar, (seriam os M'Dombes) que entretanto teve que migrar dali. Uma coisa parece ter aceitação de todos: os Hanha pelo seu modo de vida (com mais gado e vivendo mais à volta dele) são os mais antigos na bacia do Bonga, do Cubal da Hanha, mas não devem estar relacionados com as construções amuralhadas. Os M'Ganda vieram depois e devem tê-los submetido, implantando a sua cultura tradicional, mais ligada à agricultura de massambala e menos ao gado e salvo prova em contrário, seriam os habitantes de tais fortificações.
A finalizar: Muito há a fazer para estudar a região e neste caso, só com uma equipa envolvendo várias disciplinas desde a arqueologia até à linguística, como dizia o nosso professor Vitor Jorge há 34 anos atrás. Até lá...só bocas.
Bibliografia: Jorge, Vitor O. "Estudos Arqueológicos na Região da Ganda, Museu de Arqueologia dos Cursos de Letras da UL. Sá da Bandeira (Lubango) 1974.
Jorge, Susana O. "Vasos Cerâmicos do Abrigo 1 da Ganda. Guimarâes, 1976
www.cpires.com/alto_catumbela.html
Este texto foi publicado pelo meu amigo Sá Pinto. A necessidade de o formatar retirou-lhe o nome. É um texto extraordinário e ainda bem que decidiu partilhá-lo connosco.
Um abraço e mais uma vez obrigado.
Um abraço e mais uma vez obrigado.
sábado, abril 12, 2008
PARABÉNS
O autor deste espaço celebra hoje a sua chegada a este planeta fantástico (que ficou mais rico com a sua presença). Que o dia seja lindo com as cores e os sons africanos. Um abraço.
quarta-feira, abril 09, 2008
Amuralhados do Jau - Huíla
Os amuralhados do Jau rodeavam uma porção de uma cornija que dava para um vale com cerca de 1,5Km aproximadamente ( do lado direito da fotografia) escavado por uma ribeira. Foi construído com uma planta mais ou menos elíptica com cerca de 200m no eixo maior e uns 50m pelo eixo menor. Compõe-se de duas linhas de muralha assentes em duas cotas do terreno separadas por uns dez metros. A linha exterior tinha provavelmente dois metros de altura (visível do lado direito) e a do interior cerca de 3m. A comunicação entre uma e outra linha era feito por um espaço em que uma das "abas" se alonga em relação à outra, protegendo assim a entrada. ( visível na foto em primeiro plano) O muro era formado por lagetas de calcário dolomítico cortadas no próprio local. Eram colocadas com inclinação de cerca 30º para o interior da parede de forma a dar firmeza à construção. ( reparar na figura em primeiro plano)
O segundo pano de muralhas era "perfurado" por vigias ( algumas delas de perfil triangular) construídas distando cada uma três ou quatro metros, nuns casos noutras a mais ou menos um metro. ( na foto, abaixo do autor)
Este pormenor arquitectónico a poucos cm do chão, faz suspeitar que se destinava provavelmente à colocação de uma peça de artilharia de pequeno calibre, ou serviria para lançar setas com os arqueiros ajoelhados. Relativamente à cronologia, de acordo com
O padre Carlos Esterman também as situa no século XIX, presumindo que tivessem sido também usadas nas campanhas de João de Almeida. Pelo facto de não ser evidente a construção de cabanas com base em pedra ou à maneira Muhuíla ( a arqueologia dar-nos-ía essa informação) leva a pensar que seria uma ocupação temporária, enquanto durasse a campanha militar. Infelizmente não foi possível fazer escavações para recolha de artefactos in sito e sobretudo, ossos ou carvões, que permitissem datação por carbono catorze ( foram, contudo, recolhido alguma cerâmica com colo fragmentos de cerâmica com colo decorado com caneluras, vulgares da cultura bantu). Sem tais documentos não é possível indicar se o período de utilização fora longo ou curto e quais os seus construtores/utilizadores. Os sobas não disseram, ou não quiseram dizer, se tinha sido gente Muhuíla ou Ganguela.
As escavações do local, bem como o do Ossi, eram um dos muitos projectos que a equipa de estudos arqueológicos dos Cursos de Letras da Universidade de Luanda tinha em carteira em 1974/75.
O autor, a Ana e o filho do Professor David Birminghan, junto à linha descendente da segunda fila de muralha.
segunda-feira, abril 07, 2008
ACORDO ORTOGRÁFICO
Muito se tem falado deste acordo.
Muitos são violentamente contra e muitos são violentamente a favor.
Verdadeiramente, nem de um lado nem de outro os argumentos são suficientemente válidos para serem ouvidos.
Pessoalmente, sou contra tudo isto. Para quê um acordo?
O português nasceu em Portugal e como todas as linguas vivas, tem-se modificado ao longo dos séculos, sofrendo alterações de acordo com a nossa vontade.
O mesmo acontece com as outras formas de português, falado na pátria lusófona. Então porque não deixar o nosso e os outros "portugueses" evoluir livremente. Não se hão-de modificar tanto que não nos entendamos.
O argumento de que por exemplo em Angola, os miúdos lêm por livros brasileiros e de que a maior livraria de Luanda é brasileira não tem razão de ser. Estudei por livros espanhois, italianos, ingleses e ninguém, nem eu, pareceu preocupar-se com isso.
Além do mais, se há preocupação, tem a ver com a ineficácia dos sucessivos governos, na ajuda livreira a esses países e no esquecimento crónico de abrir boas livrarias portuguesas nos nossos países irmãos.
Aparentemente, parece que queremos salvar a lingua portuguesa da forma mais fácil. Encostando-nos ao Brasil!
E, ainda por cima a língua portuguesa não precisa de ser salva.
GED
Muitos são violentamente contra e muitos são violentamente a favor.
Verdadeiramente, nem de um lado nem de outro os argumentos são suficientemente válidos para serem ouvidos.
Pessoalmente, sou contra tudo isto. Para quê um acordo?
O português nasceu em Portugal e como todas as linguas vivas, tem-se modificado ao longo dos séculos, sofrendo alterações de acordo com a nossa vontade.
O mesmo acontece com as outras formas de português, falado na pátria lusófona. Então porque não deixar o nosso e os outros "portugueses" evoluir livremente. Não se hão-de modificar tanto que não nos entendamos.
O argumento de que por exemplo em Angola, os miúdos lêm por livros brasileiros e de que a maior livraria de Luanda é brasileira não tem razão de ser. Estudei por livros espanhois, italianos, ingleses e ninguém, nem eu, pareceu preocupar-se com isso.
Além do mais, se há preocupação, tem a ver com a ineficácia dos sucessivos governos, na ajuda livreira a esses países e no esquecimento crónico de abrir boas livrarias portuguesas nos nossos países irmãos.
Aparentemente, parece que queremos salvar a lingua portuguesa da forma mais fácil. Encostando-nos ao Brasil!
E, ainda por cima a língua portuguesa não precisa de ser salva.
GED
domingo, abril 06, 2008
NOTÍCIAS DO MEU PAÍS
Sob o título " Contra o colonialismo de Lisboa", no Público de hoje, dizia-se o seguinte:
... Drumond, deputado regional e assumido membro do movimento separatista Flama que perpetrou dezenas de atentados bombistas no pós-25 de Abril, defendeu ontem que a Madeira deveria declarar unilateralmente a indepêndencia caso a proposta de revisão constitucional que o PSD-M vai apresentar em 2010 não tenha o sucesso pretendido.
"Se unilateralmente, abusivamente, autoritáriamente, os vermelhuscos nos disserem que não temos mais autonomia nessa revisão, Jardim ameaçou que "isto não fica assim" e "podemos ter aqui uma situação muito grave". Se tal acontecer, não somos nós que estamos a pôr em causa a coesão nacional. Os separatistas são essa gente de Lisboa, nomeadamente o PS e o PCP, que nos têm perseguido ao longo destes anos.
Ora aqui está, uma óptima oportunidade de fazer um referendo no Continente, para saber se estamos interessados no problema.
Por mim, "bora lá" dar a independência à Madeira.
GED
... Drumond, deputado regional e assumido membro do movimento separatista Flama que perpetrou dezenas de atentados bombistas no pós-25 de Abril, defendeu ontem que a Madeira deveria declarar unilateralmente a indepêndencia caso a proposta de revisão constitucional que o PSD-M vai apresentar em 2010 não tenha o sucesso pretendido.
"Se unilateralmente, abusivamente, autoritáriamente, os vermelhuscos nos disserem que não temos mais autonomia nessa revisão, Jardim ameaçou que "isto não fica assim" e "podemos ter aqui uma situação muito grave". Se tal acontecer, não somos nós que estamos a pôr em causa a coesão nacional. Os separatistas são essa gente de Lisboa, nomeadamente o PS e o PCP, que nos têm perseguido ao longo destes anos.
Ora aqui está, uma óptima oportunidade de fazer um referendo no Continente, para saber se estamos interessados no problema.
Por mim, "bora lá" dar a independência à Madeira.
GED
quarta-feira, março 12, 2008
CUNENE
Claro que estive no Cunene, com o meu (nosso) amigo Nani.
Uma verdadeira enciclopédia no que diz respeito ao conhecimento do terreno e suas plantas.
Uma agitação interior, que chega a ser comovente.
Apenas um desejo: estar nos matos, e um dia morrer aí.
Na solidão e na largura daquela zona, consegui compreender o que me tentou sempre dizer.
Como ele, alimentei-me dos silêncios absolutos, que aquelas matas encerram.
Há muito que não via céus tão cheios de estrelas. Sem qualquer poluição a interpor-se. Vi constelações há muito esquecidas.
Só não consegui ver os elefantes, embora tenha tentado.
GED
domingo, março 09, 2008
REGRESSO
Aos meus amigos, que me deram recados, apenas posso dizer que fiquem descansados. Entreguei-os pessoalmente.
Ao fim de alguns dias de lá estar alguém me perguntou: afinal, como achas o país?
Acho-o melhor. Não vou discutir as graves distorções sociais, a corrupção e todos os problemas inerentes. Também não vou fingir que ao fim de quinze dias sou um "expert". Conto apenas o que vi. Por onde andei, vi um país virado do avesso em obras de reconstrução. A rede viária está a caminho de ficar boa. O movimento de mercadorias é tremendo. Não vi pessoalmente, mas as fotos que me mostraram do Huambo em reconstrução, são increditáveis. Vão lá e vejam.
Não fui ao Cubal, pois não tive nem tempo nem oportunidade, mas estou como o meu amigo Manel, que me pediu várias coisas, mas que não trouxesse nada do Cubal, invocando que o Cubal estava todo no seu coração, sem qualquer falha.
Andei pelos matos, fui ao Lubango e ao Cunene profundo. Por picadas exactamente iguais às de antigamente. Aí estive com amigos e trataram-me como um princípe. O Cunene é de uma beleza inacreditável. O que me impressionou mais foi o silêncio. Total e absoluto. Nunca tinha experimentado nada assim. Andei na peugada dos elefantes, sem nunca lhes ter posto a vista em cima. A cereja em cima do bolo, foram as tremendas chuvadas só possíveis em África. Nuvens negras e muito gordas, despejando-se num ritmo alucinado.
Conheci novos amigos. Em Luanda pude finalmente dar corpo, voz e principalmente olhar a pensamentos que já conhecia.
Regresso, com data já marcada para voltar. Combinei com os meus amigos, regressar ao Cunene e passar uns dias num dos últimos paraísos da terra. Ali mesmo ao lado, no Botswana, num lugar mítico chamado delta do Okavango.
GED
Red Velvet Mite
Pelas saudades e boas recordações que nos trazem, permite-me ampliar o nosso amigo Red Velvet Mite.
Porque as suas origens são pouco conhecidas, aqui fica um complemento:
Velvet MitePhylum: Arthropoda / Subphyum: Chelicerata / Class: Arachnida / Subclass: Acari / Superorder: Acariformes / Order: Actinedida / Suborder: Parasitengona / Superfamily:Trombidioidea / Family: Trombidiidae (Velvet Mites)
.
A presença do Veludo vermelho é extremamente importante para o meio ambiente. São parte de uma comunidade de artrópodes do solo que é crítica em termos de taxas de decomposição em florestas e na manutenção da estrutura de todo o ecossistema. Alimentam-se de insectos, fungos e bactérias, estimulando a decomposição do processo.
.
Continuamos a aguardar, com expectativa, as tuas histórias da viagem à Terra Amada!
Abraço
Ruca
quarta-feira, março 05, 2008
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
PARTIDA
Partidaaaaaaaaaaaaaa!
Tantas vezes ouvi este grito, nas noites em que o combóio mala estacionava por breves momentos na estação do Cubal.
Amanhã, vou-me para a minha terra.
Estou ansioso. Sei que vou estar feliz durante alguns dias.
A todos os amigos que ficam, apenas posso desejar que fiquem bem.
Todos os recados serão dados.
Todas as respostas serão trazidas, para mais um ano de ansiedade pelo regresso.
Um abraço e até daqui a três semanas.
GED
Tantas vezes ouvi este grito, nas noites em que o combóio mala estacionava por breves momentos na estação do Cubal.
Amanhã, vou-me para a minha terra.
Estou ansioso. Sei que vou estar feliz durante alguns dias.
A todos os amigos que ficam, apenas posso desejar que fiquem bem.
Todos os recados serão dados.
Todas as respostas serão trazidas, para mais um ano de ansiedade pelo regresso.
Um abraço e até daqui a três semanas.
GED
sábado, fevereiro 02, 2008
REABILITAR
Henrique, como está perto a partida desejo-te boa viagem e como vais visitar o interior da Nação leva-me estes versos:
REABILITAR
Rio grande de nome Jombo separando
O Bié de Malange que precisam de comunicar
Pois as «gentes» fartaram-se da guerra. Lembrando
Luquembo, Catembo e Quirima para amplificar
O que sai da terra, agora sem voz de comando,
Com suor e tremenda vontade para exemplificar
O querer indómito dum povo que lutou até à morte
Porque quis simplesmente mudar a sua sorte.
Ingredientes vorazes para se reabilitar:
Água abundante, solo (e subsolo) pujante,
Gente boa que já não quer ser militar
Para ultrapassar a vazia luta doidejante
Que colocou irmãos sem poderem anoitar.
Pontes e estradas rasgando o Rio Jombo
Carregando frutas de sabores divinais,
Transportando cantares no velho machimbombo,
Testemunho válido de gastos valores doutrinais,
Que embora esquecidos, já não são um biombo
Para a evolução alegre e sadia das tribais
Tradições que farão parte da reabilitação
Lenta, dura e segura do interior da Nação.
kambuta
REABILITAR
Rio grande de nome Jombo separando
O Bié de Malange que precisam de comunicar
Pois as «gentes» fartaram-se da guerra. Lembrando
Luquembo, Catembo e Quirima para amplificar
O que sai da terra, agora sem voz de comando,
Com suor e tremenda vontade para exemplificar
O querer indómito dum povo que lutou até à morte
Porque quis simplesmente mudar a sua sorte.
Ingredientes vorazes para se reabilitar:
Água abundante, solo (e subsolo) pujante,
Gente boa que já não quer ser militar
Para ultrapassar a vazia luta doidejante
Que colocou irmãos sem poderem anoitar.
Pontes e estradas rasgando o Rio Jombo
Carregando frutas de sabores divinais,
Transportando cantares no velho machimbombo,
Testemunho válido de gastos valores doutrinais,
Que embora esquecidos, já não são um biombo
Para a evolução alegre e sadia das tribais
Tradições que farão parte da reabilitação
Lenta, dura e segura do interior da Nação.
kambuta
sexta-feira, janeiro 25, 2008
A LUTA CONTINUA...
Hoje fui fazer a inspecção do meu carro.
O senhor que me atendeu, fez a vistoria e no fim com ar pesaroso disse-me:
- não posso considerar o seu veículo apto, porque os coletes não estão homologados.
Desculpe, disse eu. Comprei-os numa loja da especialidade e garantiram-me que estavam.
Respondeu-me: pois...
Nota: lá o convenci a dar o carro como apto, com a promessa de que iria dali comprar os novos coletes!
GED
O senhor que me atendeu, fez a vistoria e no fim com ar pesaroso disse-me:
- não posso considerar o seu veículo apto, porque os coletes não estão homologados.
Desculpe, disse eu. Comprei-os numa loja da especialidade e garantiram-me que estavam.
Respondeu-me: pois...
Nota: lá o convenci a dar o carro como apto, com a promessa de que iria dali comprar os novos coletes!
GED
quarta-feira, janeiro 23, 2008
EUROPA, QUERIDA EUROPA...
Fui à DGV renovar a carta de condução.
Deram-me uma guia para poder conduzir e, lá dizia que só era válida em território nacional.
Perguntei: território nacional considera espaço europeu sem fronteiras, um país de Lisboa até quase aos Urais?
Responderam-me: não. Nacional, mas nacional mesmo!!! Só cá dentro.
Ok, disse eu. Dentro de dias vou para o estrangeiro, mais concretamente Espanha. Podem passar-me uma guia para conduzir em terras estranhas?
Responderam-me: não. A única entidade que o pode fazer é o Automóvel Clube de Portugal!!!
Disse eu: como assim? Essa entidade é privada.
Responderam-me: pois...
Fui ao ACP. Lá disseram-me, que devia ter lá ido renovar a carta de condução porque só demorava três dias. Como assim? disse eu. Na DGV só me entregam a carta dentro de dois meses.
Resposta: pois...
GED
Deram-me uma guia para poder conduzir e, lá dizia que só era válida em território nacional.
Perguntei: território nacional considera espaço europeu sem fronteiras, um país de Lisboa até quase aos Urais?
Responderam-me: não. Nacional, mas nacional mesmo!!! Só cá dentro.
Ok, disse eu. Dentro de dias vou para o estrangeiro, mais concretamente Espanha. Podem passar-me uma guia para conduzir em terras estranhas?
Responderam-me: não. A única entidade que o pode fazer é o Automóvel Clube de Portugal!!!
Disse eu: como assim? Essa entidade é privada.
Responderam-me: pois...
Fui ao ACP. Lá disseram-me, que devia ter lá ido renovar a carta de condução porque só demorava três dias. Como assim? disse eu. Na DGV só me entregam a carta dentro de dois meses.
Resposta: pois...
GED
domingo, janeiro 20, 2008
INFORMAÇÃO
A Pwo pediu para divulgar e, quando um amigo pede...
Caros amigos,
Em anexo vão informações sobre um ciclo de cinema dedicado ao realizador Jorge António, a ter lugar no Centro Cultural Português, em Luanda, entre 21 e 25 de Janeiro, pelas 18.00 Horas.
A entrada é livre e a vossa presença será um prazer.
Quem tem blogs que se sinta livre para divulgar
(Ver aqui: http://www.ica-ip.pt/detalhe.aspx?newsid=145 )
Um abraço
A. C.
Caros amigos,
Em anexo vão informações sobre um ciclo de cinema dedicado ao realizador Jorge António, a ter lugar no Centro Cultural Português, em Luanda, entre 21 e 25 de Janeiro, pelas 18.00 Horas.
A entrada é livre e a vossa presença será um prazer.
Quem tem blogs que se sinta livre para divulgar
(Ver aqui: http://www.ica-ip.pt/detalhe.aspx?newsid=145 )
Um abraço
A. C.
sexta-feira, janeiro 18, 2008
CHUVA
Essa fotografia fez-me ir buscar um poema que há muito não lia.
Cacei-o em jeito de rima com a imagem.
Penso que fazia falta lá na terra, onde Janeiro não é muito de chover. Quando chovia era o alívio... com 35 graus, como de costume, as primeiras pingas deixavam-nos respirar e o nossos sentidos abriam-se aos cheiros balsâmicos da terra. Brotavam os veludos e os sapos iniciavam os seus cânticos que nos embalavam a noite.
É um poema bem velho de uma pessoa que deixou raízes em Benguela.
Cacei-o em jeito de rima com a imagem.
Penso que fazia falta lá na terra, onde Janeiro não é muito de chover. Quando chovia era o alívio... com 35 graus, como de costume, as primeiras pingas deixavam-nos respirar e o nossos sentidos abriam-se aos cheiros balsâmicos da terra. Brotavam os veludos e os sapos iniciavam os seus cânticos que nos embalavam a noite.
É um poema bem velho de uma pessoa que deixou raízes em Benguela.
"Chove.
E a trovoada
É um batuque incessante,
uma estranha batucada.
Os raios são setas de fogo
que misteriosamente, em tom de guerra,
espíritos do mal lançam da altura
para incendiar a Terra.
O vento
Ora violento, ora brando,
o vento é o cazumbi dos cazumbis
-o Deus do mar, do rio e da floresta -
que vai cantando e dançando,
em tragicómica festa,
o seu coro de mil vozes,
os seus bailados febris.
As nuvens negras são virgens tontas,
quais almas do outro mundo,
errando como sonâmbulas
pelo céu negro e profundo...
é a chuva, constante e forte,
é o pranto (parece eterno)
dos deuses negros que a Morte
sacrificou no Inferno."
Geraldo Bessa Victor 1917
Um abraço Henrique. Espero que o poema cure.
Jorge Sá Pinto.
E a trovoada
É um batuque incessante,
uma estranha batucada.
Os raios são setas de fogo
que misteriosamente, em tom de guerra,
espíritos do mal lançam da altura
para incendiar a Terra.
O vento
Ora violento, ora brando,
o vento é o cazumbi dos cazumbis
-o Deus do mar, do rio e da floresta -
que vai cantando e dançando,
em tragicómica festa,
o seu coro de mil vozes,
os seus bailados febris.
As nuvens negras são virgens tontas,
quais almas do outro mundo,
errando como sonâmbulas
pelo céu negro e profundo...
é a chuva, constante e forte,
é o pranto (parece eterno)
dos deuses negros que a Morte
sacrificou no Inferno."
Geraldo Bessa Victor 1917
Um abraço Henrique. Espero que o poema cure.
Jorge Sá Pinto.
terça-feira, janeiro 15, 2008
NUVENS
RESPOSTA
Meu amigo.
O recado está dado. Vou cumpri-lo na integra, aliás já está meio cumprido.
Apaixonei-me há muito, sem remédio nem retorno.
Tenho gritado tanto quanto posso, para dizer que o futuro daquela terra já é, e que o que está para trás aí deve ficar.
Tudo o resto cumprirei fielmente.
Para além disso vou ao Kalaari.
Quero encher-me de silêncios, ver estrelas há muito esquecidas e estar com um homem que fala com os ventos.
Quanto a Benguela, a minha querida Benguela, também eu cresci lá. Já combinei.
Saio do aeroporto e vou directamente para a praia morena. Fazes lá ideia do que essa praia tem para me contar!
Sempre que ouço o Let's Twist Again, vejo a praia morena e muito mais que não te vou contar aqui.
As contas desse rosário, dir-te-ei um dia de viva voz e sem testemunhas.
Um grande abraço e a minha profunda emoção pelo enriquecimento que tu e todos os outros amigos trazem a este blog.
GED
O recado está dado. Vou cumpri-lo na integra, aliás já está meio cumprido.
Apaixonei-me há muito, sem remédio nem retorno.
Tenho gritado tanto quanto posso, para dizer que o futuro daquela terra já é, e que o que está para trás aí deve ficar.
Tudo o resto cumprirei fielmente.
Para além disso vou ao Kalaari.
Quero encher-me de silêncios, ver estrelas há muito esquecidas e estar com um homem que fala com os ventos.
Quanto a Benguela, a minha querida Benguela, também eu cresci lá. Já combinei.
Saio do aeroporto e vou directamente para a praia morena. Fazes lá ideia do que essa praia tem para me contar!
Sempre que ouço o Let's Twist Again, vejo a praia morena e muito mais que não te vou contar aqui.
As contas desse rosário, dir-te-ei um dia de viva voz e sem testemunhas.
Um grande abraço e a minha profunda emoção pelo enriquecimento que tu e todos os outros amigos trazem a este blog.
GED
LEVA-ME UM RECADO
Henrique, sei que em breve vais até à terra que me viu nascer. Então, se fizeres esse favor:
LEVA-ME UM RECADO
Estranhará o bútio-vespeiro se lhe pedir
O favor de comigo se identificar
Num recado que gostaria de transmitir
Pois anda retido no peito e a mistificar
Uma ausência há muito esquecida. Ouvir
O que tenho para dizer sem calcificar
É o primeiro passo que a pobre ave
Terá que suportar, apesar de não ser grave.
Então peço-te que quando arribares
Em Quibaxe digas à terra que me viu nascer
Que tens um prazer inofensivo se surribares
Aquele solo vermelho que o café faz renascer
Em ciclos biológicos renovantes e se estribares
Naquela frondosa vegetação, ao alvorecer,
Arranca uma colorida e cheirosa folha,
Põem-na no bico e dá-me, pois é a minha escolha.
No teu voo para Sul poisa no Cuito
(A antiga Silva Porto) com a graciosidade
Que este pedaço de terreno merece e se o periquito
Que era meu ainda lá estiver, sem facciosidade
Abraça-o por mim sem outro intuito
Que não o agradecer-lhe a companhia na ociosidade
Do quintal em que partilhámos mangueiras
E mamoeiros no meio da tantas goiabeiras.
Quando te virares para o mar da corrente
Fria que equilibra a força dos ventos e marés,
Escolhe a Benguela do meu crescimento em torrente
Que me ensinou a andar no meios dos larés
Evitando os simuladores que na extracorrente
Atraíam a miudagem para os enormes jacarés
Vestidos de homens audazes e sem escrúpulos,
Mas que felizmente não tinham discípulos.
Ao sobrevoares Luanda refreia o entusiasmo,
Mergulha devagar na baía azul e serena
Espreguiçando as asas e repete o diplasiasmo
Altruísta que açambarca aquela morena
Encostada ao coqueiro que é um pleonasmo
Da beleza tropical na antítese da gangrena.
Não demores porque ainda te vais apaixonar
E enfeitiçado nunca mais a queres abandonar.
E quando o teu regresso estiver eminente,
Grita-lhes bem alto um recado de confiança
No futuro, pois Povo que ultrapassou tão evidente
Martírio com tanta persistência e esperança
Não precisa de lembrar o passado impertinente.
Mistura-te no meio da multidão e qual criança
Estouvada, dança e pula no meio dos charcos
Que contêm a vida renascida em múltiplos arcos.
kambuta
LEVA-ME UM RECADO
Estranhará o bútio-vespeiro se lhe pedir
O favor de comigo se identificar
Num recado que gostaria de transmitir
Pois anda retido no peito e a mistificar
Uma ausência há muito esquecida. Ouvir
O que tenho para dizer sem calcificar
É o primeiro passo que a pobre ave
Terá que suportar, apesar de não ser grave.
Então peço-te que quando arribares
Em Quibaxe digas à terra que me viu nascer
Que tens um prazer inofensivo se surribares
Aquele solo vermelho que o café faz renascer
Em ciclos biológicos renovantes e se estribares
Naquela frondosa vegetação, ao alvorecer,
Arranca uma colorida e cheirosa folha,
Põem-na no bico e dá-me, pois é a minha escolha.
No teu voo para Sul poisa no Cuito
(A antiga Silva Porto) com a graciosidade
Que este pedaço de terreno merece e se o periquito
Que era meu ainda lá estiver, sem facciosidade
Abraça-o por mim sem outro intuito
Que não o agradecer-lhe a companhia na ociosidade
Do quintal em que partilhámos mangueiras
E mamoeiros no meio da tantas goiabeiras.
Quando te virares para o mar da corrente
Fria que equilibra a força dos ventos e marés,
Escolhe a Benguela do meu crescimento em torrente
Que me ensinou a andar no meios dos larés
Evitando os simuladores que na extracorrente
Atraíam a miudagem para os enormes jacarés
Vestidos de homens audazes e sem escrúpulos,
Mas que felizmente não tinham discípulos.
Ao sobrevoares Luanda refreia o entusiasmo,
Mergulha devagar na baía azul e serena
Espreguiçando as asas e repete o diplasiasmo
Altruísta que açambarca aquela morena
Encostada ao coqueiro que é um pleonasmo
Da beleza tropical na antítese da gangrena.
Não demores porque ainda te vais apaixonar
E enfeitiçado nunca mais a queres abandonar.
E quando o teu regresso estiver eminente,
Grita-lhes bem alto um recado de confiança
No futuro, pois Povo que ultrapassou tão evidente
Martírio com tanta persistência e esperança
Não precisa de lembrar o passado impertinente.
Mistura-te no meio da multidão e qual criança
Estouvada, dança e pula no meio dos charcos
Que contêm a vida renascida em múltiplos arcos.
kambuta
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