Os amuralhados do Jau rodeavam uma porção de uma cornija que dava para um vale com cerca de 1,5Km aproximadamente ( do lado direito da fotografia) escavado por uma ribeira. Foi construído com uma planta mais ou menos elíptica com cerca de 200m no eixo maior e uns 50m pelo eixo menor. Compõe-se de duas linhas de muralha assentes em duas cotas do terreno separadas por uns dez metros. A linha exterior tinha provavelmente dois metros de altura (visível do lado direito) e a do interior cerca de 3m. A comunicação entre uma e outra linha era feito por um espaço em que uma das "abas" se alonga em relação à outra, protegendo assim a entrada. ( visível na foto em primeiro plano) O muro era formado por lagetas de calcário dolomítico cortadas no próprio local. Eram colocadas com inclinação de cerca 30º para o interior da parede de forma a dar firmeza à construção. ( reparar na figura em primeiro plano)
O segundo pano de muralhas era "perfurado" por vigias ( algumas delas de perfil triangular) construídas distando cada uma três ou quatro metros, nuns casos noutras a mais ou menos um metro. ( na foto, abaixo do autor)
Este pormenor arquitectónico a poucos cm do chão, faz suspeitar que se destinava provavelmente à colocação de uma peça de artilharia de pequeno calibre, ou serviria para lançar setas com os arqueiros ajoelhados. Relativamente à cronologia, de acordo com
O padre Carlos Esterman também as situa no século XIX, presumindo que tivessem sido também usadas nas campanhas de João de Almeida. Pelo facto de não ser evidente a construção de cabanas com base em pedra ou à maneira Muhuíla ( a arqueologia dar-nos-ía essa informação) leva a pensar que seria uma ocupação temporária, enquanto durasse a campanha militar. Infelizmente não foi possível fazer escavações para recolha de artefactos in sito e sobretudo, ossos ou carvões, que permitissem datação por carbono catorze ( foram, contudo, recolhido alguma cerâmica com colo fragmentos de cerâmica com colo decorado com caneluras, vulgares da cultura bantu). Sem tais documentos não é possível indicar se o período de utilização fora longo ou curto e quais os seus construtores/utilizadores. Os sobas não disseram, ou não quiseram dizer, se tinha sido gente Muhuíla ou Ganguela.
As escavações do local, bem como o do Ossi, eram um dos muitos projectos que a equipa de estudos arqueológicos dos Cursos de Letras da Universidade de Luanda tinha em carteira em 1974/75.
O autor, a Ana e o filho do Professor David Birminghan, junto à linha descendente da segunda fila de muralha.
2 comentários:
Com amigos assim, qualquer blog, se torna bom.
Obrigado Sá Pinto
Um abraço
henrique
Obrigado. É sempre um prazer escrever sobre a terra e a gente.
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