sexta-feira, junho 17, 2022

ESTÁ DITO

O ministro das Finanças afirmou hoje que a pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não decorre de nenhum condicionamento financeiro”, mas antes da falta de pessoal, adiantando que “seria mais fácil de resolver” se fosse esse o constrangimento.

De acordo com Fernando Medina, “o que está hoje colocado não é um problema financeiro”, mas antes “um problema nesta área específica de escassez de médicos a trabalhar na área pública [obstetrícia e ginecologia], num momento especial de conjuntura, de fins de semana, de dificuldade em organizar esses serviços, mas com uma dimensão mais estrutural, que tem a ver com a carência de efetivos”. 


La Palisse deve ser o morto mais incomodado pelos vivos. Neste caso por um ministro. Afinal era tudo fácil. Não é um problema de dinheiro. Portanto os ordenados miseráveis que nos andaram a pagar há decadas, faziam parte de um esquema de roubo da classe médica.

Mas afinal, o que há é uma carência de efectivos, o que todos nós já sabiamos e iamos periódicamente alertando desde há muitos anos. Isto é o que o público sabe. O que o público não sabe, são as causas disso.

Desinvestimento sistemático no SNS, destruição das carreiras médicas, salários miseráveis. Promoção da medicina privada.

A ministra da saúde, deveria explicar porque é que se chegou aqui, em vez de fazer conferências de imprensa para dizer o óbvio que deveria ter sido feito pelo menos quinze anos antes. O ministro das finanças, vem dizer também o óbvio, esquecendo-se é certo de que ajuda a enterrar o governo e a ministra.

Não são só vocês, mas por favor, temos de começar por qualquer lado. Demitam-se.

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