Provávelmente a frase do momento é: quando vamos voltar à vida normal que tinhamos?
Espero que isto seja um erro passageiro. Se o confinamento teve alguma coisa de bom, foi a possibilidade de pararmos, repensarmos os nossos estilo de vida e eventualmente sairmos melhores, mais profundos e decididos. O covid não vai desaparecer, tal como qualquer outro virus, apenas temos de aprender a conviver com ele.
Foi uma queixa constante em todos os países, a maneira como os mais velhos estavam a ser tratados nos lares. Mas sabemos, que antes do confinamento e na esmagadora maioria dos casos, os mais velhos eram jogados pelas famílias nesses mesmos lares. Não é por acaso, que os internamentos de milhares de mais velhos acontece exactamente na quadra natalícia e Ano novo. E se perguntarem às assistentes sociais, verão a dificuldade que é, para contactar as famílias na altura da alta. E, neste momento em Portugal há 42.000 mais velhos com problemas exactamente porque lhes tem faltado o apoio familiar. Pode ser que este tempo de introspecção (???), nos faça melhores, torne melhores as famílias.
Sobre alterações climáticas, sem dúvida que o ar ficou mais limpo. Menos combustíveis fosseis usados, menos viagens, etc. Mas essa melhoria é momentanea. O planeta demora tempo a responder, e eu não acredito que toda a gente, alguma gente, saia com preocupações ecológicas. Na verdade, o problema é colossal e com muitas vertentes ( https://pt.venngage.com/blog/coronavirus-impacto-ambiental/ ). Se há absoluta necessidade de os governos se começarem a movimentar, há ainda mais necessidade de cada um, alterar o seu precioso e egoista estilo de vida. E na verdade, se cada um fizer a sua parte, os governos vão ser obrigados a fazer a deles. Tentem ler o mais possível, envolverem-se em ONG's sérias e levar um estilo de vida compatível. E tentem cativar o vosso vizinho.
Muita coisa há a fazer para terminar com os combustíveis fosseis.A indústria automóvel deu o primeiro passo, mas só isso é profundamente insuficiente. Energias renováveis, desaparecimento dos plásticos, combate a aquacultura intensiva e ao arrasto em alto mar, eliminar lareiras a carvão de todos os prédios, uso sensato dos meios hidricos, tornar-se tendencialmente vegan. Eliminar a produção intensiva de gados bem como o seu abate sem regras. Eliminar a produção desmesurada de soja para alimentar esse mesmo gado (há países que preferem comprar gado e outros animais abatidos, do que produzi-los localmente. Eles lá saberão porquê ), terminar com queimadas e abate indiscriminado das florestas deste nosso planeta ( precisamente para plantar soja e ter espaço para os gados). Considerar sériamente o trabalho remoto, a embalagem de materiais, tratamento adequado do lixo hospitalar, impor regras duras sobre o "streaming". Um sem número de iniciativas. Mas, cada uma considerada e pesada, porque muitas medidas aparentemente bondosas, revelaram-se extremamente hostis em termos ambientais.
E tudo isto tem de ser global. Qual é o benefício de ter uma cidade ou um país, ecológicamente limpo, se ao lado nada está a ser feito.
Na verdade, não podemos olhar para este problema de outra maneira. Tudo o que fizemos agora, vai ter um delay no planeta de pelo menos 30 anos. Portanto se começarmos já, só em 2050 teremos respostas. Talvez por isso, os acordos estabelecidos têm como meta 2050. Mas a evidência sugere que a maior parte dos países nessa altura, ainda nem terá cumprido as quotas a que se propôs.
Pode ser que os nossos filhos e netos sobrevivam, e façam melhor do que nós. A herança que lhes vamos deixar, irá marcar-nos como uma geração de combate, ou como uma geração de lixo.
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