Como qualquer cidadão, fui surpreendido pela leitura do processo, altamente mediatizada pela primeira vez.
Não costumo ser imediatista, pelo que fui amadurecendo o que ouvi e agora, devo dizer que de todo não concordo com a maior parte das conclusões que entretanto foram veiculadas em tudo o que são redes sociais, por anónimos e por figuras bem conhecidas de todos nós. Este processo foi mediatizado ao longo dos anos, a opinião pública foi sendo formatada pelo dito "jornalismo de investigação", e no final os arguidos foram sumáriamente condenados, fora do sistema de justiça. Assim, só restaria à justiça alinhar neste pesadelo, correndo o risco de se não o fizesse, acontecesse o que veio a acontecer.
Isto é profundamente errado, até porque o tal "jornalismo de investigação", é pobre, muito pobre em Portugal e os jornalistas apenas querem vender mais e mais. Um jornalismo de investigação sério não funciona assim, e todos nos lembramos de exemplos por esse mundo fora, de excelentes investigações, que conduziram a processos e condenações sem margem para dúvidas.
Por outro lado, o sistema de justiça funciona por redundancias, e assim vai dando passos que serão sempre confirmados ou infirmados por outras instâncias. Não se pode pedir mais. Em teoria, qualquer decisão vai sendo ratificada nos diversos escalões, até chegar ao fim. E qualquer juíz poderá ver as suas decisões tornarem-se inválidas se o nível superior de justiça assim o entender.
O que é que está mal nisto tudo?
Em primeiro lugar, a impunidade da classe jornalistica, ainda que reconhecidamente ela seja desonesta e praticada por alguns que não o deveriam fazer.
Em segundo lugar, a morosidade da justiça, sem qualquer justificação e que leva à prescrição de actos altamente condenáveis, quando seria mais fácil, todos o sabemos, não entrar em megaprocessos que só favorecem os arguidos.
Em terceiro lugar, nunca, mas nunca, um arguido deve apresentar-se a julgamento já condenado pela opinião pública. Poderia ser qualquer um de nós.
Finalmente o que realmente se pede, é que deixem a justiça trabalhar. Se a mesma é independente do poder executivo, não há qualquer razão para que seja dependente da opinião pública ou de alguns pseudo-jornalistas. A direita está aí, tentando tirar proveito de mais este "jornalismo de investigação". A sua "indignação" já é visível, e não vão parar de o mostrar.
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