terça-feira, abril 27, 2021

MAR




Tem vezes em que o mar se espanta

Se espuma,  se irrita, recua e avança

Soa na minha porta numa ira incontida

Vagas de origens profundas, distantes

Verdes escuras na garupa dos ventos

Tem vezes que é azul, silencioso, doce

Numa calmaria de convite irrecusável

De mergulhos inesquecíveis no silêncio

Tem vezes que os mares se enchem de rios

Ou os rios se enchem de todos os mares

No vaivém das noites e dias vagabundos

No lugar, onde tempos e marés se dobram

Tem vezes que revela velhos naufrágios

De outras vezes esconde-os na eternidade

Longe dos olhares do universo em redor

Ou guarda memórias de tantos acalantos

Cúmplice de outras vidas que ficaram atrás

Tem vezes  em que se enche de  cidadelas

Luzes cruzando-se em rumos desconhecidos

Ou o breu de tantas  noites desesperadas


Lobito, Abril de 2021 

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