Tem vezes em que o mar se espanta
Se espuma, se irrita, recua e avança
Soa na minha porta numa ira incontida
Vagas de origens profundas, distantes
Verdes escuras na garupa dos ventos
Tem vezes que é azul, silencioso, doce
Numa calmaria de convite irrecusável
De mergulhos inesquecíveis no silêncio
Tem vezes que os mares se enchem de rios
Ou os rios se enchem de todos os mares
No vaivém das noites e dias vagabundos
No lugar, onde tempos e marés se dobram
Tem vezes que revela velhos naufrágios
De outras vezes esconde-os na eternidade
Longe dos olhares do universo em redor
Ou guarda memórias de tantos acalantos
Cúmplice de outras vidas que ficaram atrás
Tem vezes em que se enche de cidadelas
Luzes cruzando-se em rumos desconhecidos
Ou o breu de tantas noites desesperadas
Lobito, Abril de 2021
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