Cidade do Vaticano, 28 mar 2022 (Lusa) - O Papa
Francisco inicia a partir de hoje reuniões com representantes dos indígenas
canadianos inuítes, métis e primeiras nações, no âmbito de um pedido de perdão
da Igreja Católica pelos abusos sofridos durante os processos de assimilação
forçada.
O Papa Bento XVI já tinha pedido desculpa pelo
ocorrido nas residências escolares estabelecidas pelo Canadá no final do século
XIX dedicadas à população indígena e que funcionaram até 1997.
Mas a descoberta em 06 de junho dos restos mortais de
215 crianças, estudantes da Kamloops Indian Residential School, na província de
British Columbia, reavivou a tragédia dos povos originários do Canadá e o seu
pedido de justiça.
“Uma delegação de 32 anciãos indígenas, guardiões do
conhecimento, sobreviventes de escolas residenciais e outros jovens ativistas
chegou a Roma”, informou a Conferência Episcopal Canadiana que os acompanha.
Os encontros privados com o Papa ficam concluídos em
01 de abril com uma audiência no Palácio Apostólico, com a participação
conjunta das delegações e da conferência episcopal canadiana durante a qual
Francisco terá a oportunidade de dirigir-se a eles, informou hoje o Vaticano.
Esta reunião foi adiada devido à pandemia de
covid-19, enquanto os indígenas pediram ao Papa que visitasse o Canadá para se
desculpar oficialmente pelos horrores cometidos pela Igreja Católica.
Francisco já tinha manifestado a sua intenção de
visitar o Canadá após o convite da conferência episcopal do país na sequência
da descoberta de centenas de corpos indígenas numa instituição católica e
embora não seja oficial, a viagem poderá ocorrer este ano.
O governo canadiano confiou a instituições católicas,
anglicanas e protestantes a educação de crianças indígenas que foram retiradas
de seus assentamentos, mesmo sem o consentimento de seus pais, e nesses
internatos foram proibidos de usar o seu nome, a sua língua e as suas
tradições.
Nesses centros, onde muitos deles estavam desnutridos
e morreram de doenças, não receberam a mesma educação que as restantes crianças
canadianas, mas receberam tarefas domésticas ou outros empregos.
Estima-se que entre 1890 e 1997 cerca de 150.000
crianças indígenas foram internadas à força em centenas de residências
escolares e cerca de 4.000 morreram durante a sua permanência em residências
escolares.
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