Ser pai, é profissão a tempo inteiro, 24 horas por dia, durante toda a vida. E não é remunerada.
Uma tarefa ciclópica quando se pensa nisso. Tratar da saúde dos filhos, e fundamentalmente ensinar-lhes tudo, literalmente tudo, esperando que oiçam, aprendam e gostem.
Todos os momentos são bons para isso. Se está a comer uma maçã, porque não falar da gravidade e de Newton. Se não que tomar banho, dizer-lhes que o banho foi óptimo para Arquimedes. Se acharem que a luz é rápida, dizer-lhe que Einstein também achava isso e que a célebre fórmula das t-shirts, não é nada ligado ao esoterismo.
Se estivermos a ouvir música, ensinar-lhes a gostar de Chopin, ou de Sérgio Godinho, ou de Chico Buarque.
Ensinar-lhes que a leitura compulsiva do pai, é uma forma de atingir o mundo e o conhecimento.
Tudo isto, misturado com grandes doses de ternura e dizendo pelo meio que a melhor coisa do mundo é ser solidário. E na oportunidade falar-lhes do Che.
E ainda assim fica tanto por ensinar. A esperança é que as armas que lhes fornecemos, os ajudem a descobrir novos caminhos, que possam por sua vez transmitir aos filhos.
É, ser pai é uma tarefa ciclópica, mas é bom vê-los crescer sadios e de cabeça limpa.
5 comentários:
Parabéns PAI!!!
Obrigado Amanhecer.
beijo
Parabéns PAI!!!!
Adorei, porque está escrito como uma receita, muito fácil de fazer, como misturar os ingredientes, deixar marinar um pouco e esperar… Fiquei com a certeza que as “armas” que lhes forneceu, os ajudaram a descobrir novos caminhos……
É mais ou menos isso.
E muita esperança que dê certo. Daquelas receitas que a gente espera que saiam bem.
Beijo
Ser pai ou mãe (que agora já posso falar, embora mãe seja diferente de pai!) é tudo isso. Não seria quem sou hoje se não tivesse sido inundada de ciência e cultura e ternura, muita, pelo meio. Mas faltou-te dizer que, cada vez que a lua estava a brilhar altiva no céu, íamos para a varanda, à falta de um quintal, e que não só me apaixonei pela lua, como entendi a sua altivez. Ou Cassiopeia, Orion, ou Io de Jupiter! Ou ainda que aprendi inglês a cantar os Beatles contigo, de letra na mão.(há quanto tempo não cantas?) Ou que ando meio doida com este mundo, porque o Sérgio Godinho e o Chico (e Vinicius e Silvio Rodriguez e Drummond, e outros) entraram pela minha cabeça dentro e eu acho que só eles estão certos? (também tu andas doido com este mundo, quanto é que te apetece revoltar?).
E que ler não é só cultura, é um modo de estar na vida.
E ser pai é também aprender, faltou-te isto. Adoro chegar a casa e dizer-te coisas que não sabes. Fico lixada se não vais investigar, ouviste?(não sabias, mas ficas a saber).
É também partilhar emoções. (desenhos, músicas, poemas...). A felicidade de ver a minha filha crescer bem também é tua. É que ser avô tem um bocadinho de pai, apesar de dizeres à pequena pestinha que lá em casa ela pode fazer tudo o que quiser, porque tu deixas e ali quem manda és tu!
É, ainda, dizer que um problema deixa de o ser quando não tem solução, na esperança de que isso ajude. Ajuda, sim.
E, finalmente, é não ter nunca mais descanso na vida.
Obrigada pelo teu texto, este é o meu humilde agradecimento por estes 38 anos de aprendizagem. E não, não aprendi tudo. Aliás, quase nada.
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