Olha-me. Percebe a pá que ofereço? Em cada tecla uma enxadada. As palavras loucas de fome e de raiva de quem as controla. Nada preenchendo as lacunas do esperado. Os pensamentos perdidos no preto plástico, no tec tec de uma digitação tão rápida quanto capenga. Frases e mais frases por uma pessoa desconhecida, pelo ser que me desmente, porque me desminto tonta feito um carrossel de cavalos brancos, que me coiceiam e já não mais me espantam, nem a minha vida secreta, secreta até de mim, de minhas ambições sem entrega, acidentes à margem do meu idioma, da essência que me azucrina e, indiferente, me coloca em uma condição de estranhamento, de sublocatária da minha estrutura, estrutura de pouca maldade, de acentuado desconforto, irritada com as imitações do mundo, com a mímica macaca dessa espécie de geografia delicada, que acredita em um mundo além sem nunca ter dado um passo para fora do cercado implacável que a enraiza aqui.
8 comentários:
Garimpar a vida, tem dessas coisas.
Nem sempre é fácil, nem sempre os sonhos se atingem.O poeta dizia que a vida é um baile de cicatrizes.
E no entanto eu olho-a de outra maneira!
Ser feliz é a palavra de ordem e fazer de tudo para isso.
Este é um jogo com uma única mão, não há segunda oportunidade. O bom jogador aproveita.
Beijos
PS: gostei muito
Henrique
Jose, seja muito bem-vindo ao blog :)
GED, o bom jogador aproveita. Não há dúvida. E aproveita também os erros e as perdas, o que nem sempre é fáci, mas é possível.
Fico muito contente que você tenha gostado do post. Sua opinião não é um lance de dados, é a opinião de um escritor. Obrigada :)
Sem falsas modéstias, essa de me chamar escritor é obra.
Apenas brinco com as palavras. Daí até ser escritor...
de qualquer modo, fico encantado. Nunca ninguém me tinha chamado tal coisa.
Beijos
Henrique
Garimpando
Os golpes que dás nessas teclas, dão-nos algo de valioso, pazadas de ideias ou, tão-somente, a simples vontade de pegar na pá que ofereces e, porque não, colaborar nesse garimpo.
Mas, o crivo, o meu, que devia reter as pepitas que fugazmente vislumbro é de uma malha tão espaçada que poucas são as que ficam e mesmo estas, de pouca valia.
Portanto, a minha ajuda de pouco vale, vale sim, talvez, o esforço e a entrega.
No garimpo da vida temos de aproveitar o pouco que fica no crivo e, tentar, o mais alegremente possível, valorizá-lo.
Pouco interessa a valia que os outros lhe dão, interessa sim, o que representa para nós.
A luta constante com o eu, com os outros e com que nos rodeia, faz parte do garimpo.
Há que tentar travá-la de forma a conseguirmos sair dela sem nos magoarmos e, para mim, mais importante ainda, sem magoar.
Ah, já me esquecia, tens uma pepita valiosa, com o nome igual ao de um amigo meu que não se julga escritor!
Por ela sim, vale a pena garimpar.
Sê feliz.
Sejamos felizes.
Vamos garimpando…
Fernando Marta Neves
Fernando, mas que comentário bem escrito, profundo e mesmo poético. Deveria estar publicado como post. Gostei muito!
Gostei,gostei muito.
As tuas palavras,a tua musica,as tuas pinturas,emfim todo o teu blog, mostra bem que es um jogador
que esta por ca para ser feliz.Es uma pessoa que apesar de conhecer mal,aprecio bastante.
Um grande obrigada.
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