Está tarde, ela sabe. E, além de tarde, faz frio. Nada glacial. Mas os pés pedem por meias. Ela não gosta de usar meias. Prefere luvas, de lã, para não ter de dar tapas de pelica. O ideal seriam as de boxe, combinariam com o capuz do roupão que pega emprestado do marido sem ele saber. Mas com o roupão o jogo é rápido, usa só para sair do banho e chegar no armário em busca de um abrigo, apeluciado de preferência, macio e quente feito um bichinho de criança, feito um corpo que quase respira, como aqueles que tinha sobre a penteadeira de seu quarto de menina, caixinha de música perdida em uma grande casa gelada, aquecida à lenha, a livros e a uma pequena máquina de escrever.
1 comentário:
Foi nesse espírito que cresci.
Sinto-me faliz por ter tido uma infancia assim.
Obrigado Helena
Henrique
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