Sou dado a estas coisas.
Acredito em almas gémeas, em transmissões de pensamento, e coisas congéneres. Por isso, hoje pasmei quando vi o post no blog do Manel. Tinha pensado, que hoje quando chegasse a casa, faria um texto do género. E, digo do género porque ao ler o dele, achei que era excelente, que estou totalmente de acordo, ou quase, o que é raro, e que jamais conseguiria fazer nada tão bem feito.
Depois destas premissas aqui vai.
Em 1974, estava longe de estar amadurecido para estas questões, mesmo tendo em conta que vivi toda a crise académica activamente e do lado certo da barricada.
O 25 de Abril, não me apanhou de surpresa, já o pressentia nas conversas que tinhamos. Depois, foram vários anos de muita luta, de alegria contagiante, em que a palavra de ordem, era de que tudo era possível. No entanto ao contrário do Manel, continuo a manter aquilo que ele chama de romantismo.
Consigo olhar para trás e fundamentalmente olhar para a frente e sentir que tudo valeu a pena e que tudo valerá a pena sempre. Continuo com a firme convicção de que estarei sempre pronto para intervir e para voltar a ser ingénuamente feliz se for caso disso. Olhando em redor, não há nada que não repetisse. O tempo que passei em Angola, em plena revolução, foram dos mais felizes e simultâneamente dos mais duros da minha vida.
Faço minhas as palavras de um Capitão de Abril: aqueles anos já ninguém mos pode tirar!
Tudo isto, é apenas um intervalo que vai passar certamente. Posso olhar com um olhar maduro e crítico para tudo o que se passa, mas continuo a sentir que isto é efémero e que um dia tudo voltará a ser possível.
A História é cruel, no sentido em que o que aconteceu já não pode ser modificado. Os países do nosso país, estão aí, dando passos, muitos errados, mas caminhando para o futuro deles e também o nosso.
Podia ter sido melhor?
Absolutamente.
Provávelmente, a única diferença que me separa do Manel, é que eu sou um optimista. Tento tirar da vida aquilo que ela tem de melhor para me oferecer. O Manel é um eterno pessimista, sempre vendo o lado pior das coisas. Mas que é um dos meus grandes amigos e a minha alma gémea, lá isso é.
Ainda que renegue o "Che", ou tudo o que aconteceu e tem vindo a acontecer em Cuba.
Não mudei uma linha ao meu pensamento político de base. Muitas coisas, discordei violentamente. Deste lado da barricada, cometeram-se também erros tremendos. No entanto, a amizade, a solidariedade, a luta contra a marginalidade, a correcção dos enormes desvios sociais, a igualdade de oportunidades, continuam incólumes na base do meu pensamento.
Continuo a pensar que malmequeres, só de bem-querer, ainda que a Maria de Lurdes pense nisso como uma utopia.
25 de Abril, sempre.
Acredito em almas gémeas, em transmissões de pensamento, e coisas congéneres. Por isso, hoje pasmei quando vi o post no blog do Manel. Tinha pensado, que hoje quando chegasse a casa, faria um texto do género. E, digo do género porque ao ler o dele, achei que era excelente, que estou totalmente de acordo, ou quase, o que é raro, e que jamais conseguiria fazer nada tão bem feito.
Depois destas premissas aqui vai.
Em 1974, estava longe de estar amadurecido para estas questões, mesmo tendo em conta que vivi toda a crise académica activamente e do lado certo da barricada.
O 25 de Abril, não me apanhou de surpresa, já o pressentia nas conversas que tinhamos. Depois, foram vários anos de muita luta, de alegria contagiante, em que a palavra de ordem, era de que tudo era possível. No entanto ao contrário do Manel, continuo a manter aquilo que ele chama de romantismo.
Consigo olhar para trás e fundamentalmente olhar para a frente e sentir que tudo valeu a pena e que tudo valerá a pena sempre. Continuo com a firme convicção de que estarei sempre pronto para intervir e para voltar a ser ingénuamente feliz se for caso disso. Olhando em redor, não há nada que não repetisse. O tempo que passei em Angola, em plena revolução, foram dos mais felizes e simultâneamente dos mais duros da minha vida.
Faço minhas as palavras de um Capitão de Abril: aqueles anos já ninguém mos pode tirar!
Tudo isto, é apenas um intervalo que vai passar certamente. Posso olhar com um olhar maduro e crítico para tudo o que se passa, mas continuo a sentir que isto é efémero e que um dia tudo voltará a ser possível.
A História é cruel, no sentido em que o que aconteceu já não pode ser modificado. Os países do nosso país, estão aí, dando passos, muitos errados, mas caminhando para o futuro deles e também o nosso.
Podia ter sido melhor?
Absolutamente.
Provávelmente, a única diferença que me separa do Manel, é que eu sou um optimista. Tento tirar da vida aquilo que ela tem de melhor para me oferecer. O Manel é um eterno pessimista, sempre vendo o lado pior das coisas. Mas que é um dos meus grandes amigos e a minha alma gémea, lá isso é.
Ainda que renegue o "Che", ou tudo o que aconteceu e tem vindo a acontecer em Cuba.
Não mudei uma linha ao meu pensamento político de base. Muitas coisas, discordei violentamente. Deste lado da barricada, cometeram-se também erros tremendos. No entanto, a amizade, a solidariedade, a luta contra a marginalidade, a correcção dos enormes desvios sociais, a igualdade de oportunidades, continuam incólumes na base do meu pensamento.
Continuo a pensar que malmequeres, só de bem-querer, ainda que a Maria de Lurdes pense nisso como uma utopia.
25 de Abril, sempre.
5 comentários:
Completamente de acordo com tudo o que escreveu, apesar da revolta e desilusão que deixo passar no poema do post acima. Embora ténue, deixo também um laivo de esperança, de que algum dia haja um movimento semelhante, com preocupações humanistas, em que a inépcia e os néscios, a rapacidade e a falta de vergonha, ostensiva e orgulhosa, sejam erradicados. Todavia, apesar de profunda e convictamente optimista, divirjo no grau do seu optimismo, apenas porque a minha crença num mundo melhor é muito mais débil. Porque para a construção desse mundo seria importante a extinção da raça daninha dos poderosos desse mesmo mundo que, habitualmente, possuem edemas no ego e hematomas na alma; para eles, os únicos valores a respeitar são a vã glória de mandar, o gozo que o exercício do poder sobre os outros lhes proporciona e os proventos que daí lhes advêm. Face à conjuntura actual e ao feroz menosprezo pela dignidade humana que grassa em toda a parte,não posso deixar de lamentar o caminho que trilhamos, desesperando por não conseguir vislumbrar a desejada inflexão. Nesse sentido, aproximo-me mais do grau de realismo de Manuel Sampaio, a cujo blog ainda não acedi.
No fundo, a minha convicção é que, por exaustão ou desespero, expluda, num belo dia,a "revolta dos escravos". Afinal, no dia 24 de Abril quase ninguém estava à espera de um acontecimento de tal magnitude. Só uma imaginação delirante conceberia tudo quanto se passou logo a seguir. Por isso e por enquanto, tentemos apoiar-nos
nesse desiderato.
Um abraço.
Maria de Lurdes
O blog do Manuel, está à direita onde diz: "há um mundo lá fora", assim como outros blogs muito bons.
E pode postar directamente no blog, na página principal
Abraços
henrique
Afinal, não pode colocar directamente no blog.
Para que isso aconteça, tem que me enviar o seu email, coisa que desde já agradeço.
Henrique
Meu querido amigo, agradeço as referências elogiosas que fazes ao meu post "Abril (e eu)". Eu sei que tens a nossa amizade no coração e... à flor da boca. Obrigado meu caro. Comentando algumas asserções tuas: Não tenho dúvidas que tenho um pendor pessimista. Terá, possivelmente, a ver com a minha experiência de vida. Já não acredito em revoluções. Já não acredito em "manhãs que cantam". É verdade. Já não acredito. E, meu caro,tu sabes bem como eu me empenhei na revolução, não só cá, mas, particularmente, em Angola, e sabes que o fiz correndo muitos riscos e com consequências irreparaveis para a minha vida pessoal. Sempre fui, como sabes, coerente e consequente (sublinho consequente) com o aquilo que penso. E, é inegável, hoje não penso como pensava. Hoje acredito que a melhor maneira e a mais profunda de mudar e melhorar o país e o mundo é através de constantes e persistentes reformas, através do exercício da cidadania, do confronto (ainda que acalorado) de ideias, da participação nos movimentos associativos, nos partidos (e porque não? E se este não servem por que não criarmos outros), em suma, através dos mecanismos que a democracia nos proporciona. Mecanismos não violentos que só, sublinho só, a democracia nos proporciona. Já não acredito na via revolucionária para transformar a sociedade. Conheçi na pele as suas consequências. É isto (os meios) que hoje me afasta da ideologia do Che Guevara. Não são os fins. Se reparares, as sociedades mais igualitárias em que o bem estar, o conforto, o conhecimento, a cultura se estendem por todos os estratos sociais, são aquelas que fizeram do reformismo uma constante da vida política. Meu caro,eu acho que não "vejo o lado pior das coisas", eu acho que vejo os dois lados das coisas. O Mau e o Bom ou... se quiser ser menos pessimista, o Bom e o Mau. Se algumas certezas tenho hoje, uma delas é que as coisas na vida têm sempre, pelo menos, duas faces. E que do preto ao branco há uma infinita e enriquecedora gama de cinzentos. Quem me dera poder dizer, como tu, que "não há nada que não repetisse". Não tenho eessa sorte. (Não repetiria, por exemplo, a minha militância no MPLA nem no partido Comunista. Ao contrário já me envolveria de novo na crise Académica de Coimbra em 69). Meu caro já vai longo o meu comentário. Um grande, grande abraço.
Ainda sobre a minha opinião supra, após reflexão e pensando melhor, o desânimo será a pior atitude a tomar. Pelo contrário,há que superar a descrença num mundo melhor. Uma postura derrotista de braços caídos só alimentará o conformismo, a aceitação pacífica do deprimente status quo. Uma atitude sombria é castradora e inibidora, torna-nos acomodados.
Diz a canção que o sonho (também conhecido por utopia) comanda a vida. O sonho tem sido, ao longo da História, gerador de progresso e desenvolvimento. O optimismo, que acredita nas potencialidades do ser humano, é gerador de sinergias impulsionadoras da vontade,que permitem optimizar as nossas capacidades, criando dinâmicas de acção e intervenção que colmataram a abissal diferença entre o mundo da pedra lascada e o mundo actual.
Não foi o derrotismo que, desde tempos imemoriais, impulsionou as sociedades na construção de um mundo melhor; a esperança, a criatividade e a vontade estimularam o homem, permitindo avanaços científicos e tecnológicos incríveis, propiciando conforto e melhores formas de vida; foi esse espírito positivo que interveio também na elaboração e adopção de princípios éticos, de respeito pelo outro; foi com esse espírito batalhador e interventivo que se avançou no campo das ideias e dos valores que fundamentam as sociedades modernas actuais.
Não foi o pessimismo castrador e inibidor que motivou os militares de Abril, os quais, pela sua acção corajosa, fizeram com que emergíssemos do marasmo de um mundo atrasado, analfabeto, rural, e atingíssemos um padrão de vida bem melhor, apesar de longe de padrões verdadeiramente europeus.
Acho que a melhor contribuição para uma revolução tão pacífica quanto a dos cravos será confiança e uma atitude próactiva, não nos demitindo das nossas responsabilidades nesse campo, desempenhando individualmente a nossa parte.Isso fará diferença,seguramente.
O meu email: mluma10@gmail.com
Um abraço.
Lurdes
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