"Uma boa parte daqueles que se julgam
os mais conhecedores, os mais sábios, sempre me olharam assim com aquele
arzinho de doutor, eles no pedestal e eu sempre no chão - sempre gostei de pôr
os pés no chão - e foi uma surpresa, um choque para alguns deles, mas ainda bem
que foi assim, porque na verdade eu escrevo em português"
"Agora, em todas as
caminhadas, nós encontramos aqueles durões que acham que são os donos da língua
portuguesa e são os donos da sabedoria".
Paulina explica que, embora
tenha estudado o português, que é a sua segunda língua, pertence a uma cultura
bantu. "É lógico que a estrutura da língua portuguesa que eu falo vai
ser uma mistura de duas culturas. E eu sempre defendi isto e muitas vezes os
puristas da língua, moçambicanos, negros, académicos e alguns achavam que uma
boa língua portuguesa tem que ser falada, mesmo à portuguesa".
"África sempre viveu em
pandemia, desde os tempos da penetração colonial".
"Se não foi a pandemia
das guerras e dos terrores, dos horrores, foram as doenças. Nós, africanos,
estivemos sempre num círculo de inferno. É por isso que esta pandemia a mim não
me assustou".
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