quarta-feira, março 31, 2021

JORNALISTAS E ESCRIBAS A SOLDO

Confesso que nunca entendi, como é que de uma profissão nobre, que deveria ser isenta na publicação das notícias, se chegou a este ponto.

Exige-se de qualquer outra profissão, a decência, a competência, e o amor à verdade, como não exigi-lo do jornalismo? Além do mais, vivem vangloriando-se disso, querendo assumir-se como os grilos falantes da humanidade. Quem os ouvir, pensará que está em presença de uma alma impoluta apostada apenas na verdade.

Quando se escava apenas um bocado, percebe-se que para além de um número muito reduzido de excelentes profissionais, o jornalismo tem na sua esmagadora maioria uma quantidade de gentinha a soldo dos mais inconfessos interesses, pessoais ou de uma qualquer corporação que lhe paga para que difunda tudo o que for necessário e encomendado. É assim, que se tentam derrubam países, que se prendem inocentes, que se culpa quem quer que seja. E, quando desmascarados, limitam-se a dizer que não podem revelar as fontes e que desculpem qualquer “coisinha”. E se quiserem a democracia dá-vos sempre o direito de fazer queixa. Mas porque é que alguém de bom senso há-de fazer queixa? Apetece dizer que  fica mais barato, dar umas pauladas em qualquer um desses escribas e depois ele que faça queixa se quiser.

Escribas a soldo, sem moral, sem balizas nem limites para a sua desonestidade. Verdadeiros ratos de esgoto, permanentemente atolados. O caldo para que as coisas piorem está criado. Do lado de cá há uma imensa massa humana que roça a iliteracia ( um dia destes havemos de falar de iliteracia, porque muita gente acha que é apenas não saber ler nem escrever), infelizmente atravessando todo o espectro social, moldável a qualquer opinião do momento e a quem as redes sociais deram uma visibilidade, que lhes faz crer que são indispensáveis para o presente e futuro deste planeta. E estes escribas aproveitam à exaustão.

Eu encontro-me no grupo que acha que vale a pena retorquir e mostrar que são errados, desonestos, e que vale a pena ouvir a verdade dos factos indiscutíveis, e fazer-lhes cair a lei em cima. Porque é possível chegar lá, dá trabalho mas é possível e quanto mais desmascararmos essa escória, menos vão restando.

Habituei-me a nunca formar opinião sem primeiro ter a certeza de que não estou a ler uma “fake new”. E deixem-me dizer que na verdade é fácil chegar lá na maior parte das vezes.

Na semana passada um amigo enviou-me, preocupado porque se ia vacinar, um texto que grassava nas redes sociais, e perguntava-me se afinal se vacinava ou não. Um tal Vanden Bossche afirmava que a vacina ia acabar com a espécie humana. Apresentava-se como virólogo e criador de vacinas, cooperador de Bill Gates. Limitei-me a procurar o que havia sobre este senhor, mas a comunidade médica mundial já estava em cima do assunto. Além de não ter nunca publicado nada de relevante, esse senhor era…veterinário.

Claro que aconselhei o meu amigo a ficar sossegado e combinei irmos juntos vacinar-nos, coisa que já fizemos.

 

  

sexta-feira, março 26, 2021

SEMENTES RARAS

Um precipício de palavras jorrando em cascata. Desfazendo-se mais abaixo sem nenhum som. Saídas de nenhuma boca, apenas flutuando nos rios da memória de cada um. Muitas delas inúteis, perderam o significado ao longo desta viagem. Outras, marcando pilares nos caminhos percorridos e naqueles adiante. Muitas vozes silenciosas foram esquecidas. Algumas, apenas algumas, ressoam insistentemente na espuma de todos os dias. Quanto mais se anda nesta vereda, mais as palavras ganham sentido, melhor são escolhidas.

E dessas, muito poucas, raras, são sementes na construção dos alicerces da vida.

QUANTO DE NÓS?

 

Quanto de nós é chuva escorrendo nas vidraças

Quanto de nós são estradas solitárias

Percorrendo caminhos de ir e vir, mais de ir

Mais de palmilhar sonhos que realidades

Quanto de nós fica na cama ao acordar

No ponto em que a terra acaba e o mar começa

Onde os tempos e as marés se dobram

Quanto de nós se sente na respiração difícil

No cimo das cordilheiras que se atravessam adiante

E na ansiedade da descida para a planície

Quanto de nós existe na alegria indescritível

De viver como se nada mais importasse

Como se a chuva e o sabor da manga e as ondas

Apenas fossem uma extensão de nós

Quanto de nós existe na noite vagabunda

Brilhando com todo esse luzeiro de estrelas

Ou na cidadela de um navio sem rumo

Ou no serpentear indolente de um grande rio

Quanto de nós é a vida inteira, completa

Optimista, serena, alegre, no dorso de um arco- iris

quinta-feira, março 25, 2021

sexta-feira, março 19, 2021

VACINAÇÃO

É absolutamente vital, que as campanhas de vacinação corram bem.

É vital para a saúde, para a economia e para um regresso à normalidade.

E não haverá desculpas nem agora, nem no futuro. Haverá dirigentes que pela sua "performance", em algum momento irão encontrar-se com a justiça. O que aconteceu e continua a acontecer, pode configurar em alguns locais, uma forma de genocídio. 

A incúria, as vacinações mal geridas, com a desculpa de que até se ocupa um bom lugar no "ranking" mundial, não chegam para encobrir as verdadeiras mazelas de quem governa. Basta olhar para o Brasil.

Como justificar no futuro, o que aconteceu lá?

Como é que foi possível chegar alguém ao poder, que representa o pior da espécie humana?

Como cidadão deste planeta, estou completamente solidário com o movimento "forabolsonaro".

Depois os brasileiros que o julguem e que aprendam a lição.

quarta-feira, março 10, 2021

HAIKAI

Pedras e rochas

Lodos primevos distantes

De um tempo endurecido 

CAMADA DE VERNIZ

 Não vale a pena, perder tempo com as redes sociais e os seus devaneios momentâneos. Rápidamente passam de um devaneio para outro ao sabor das correntes do momento. É até possível pôr toda essa gente a favor de ideias retrogradas. Basta uma boa argumentação.

Racismo e xenofobia sempre haverá, não tenhamos ilusões. E não é uma coisa de brancos e negros. muitas matizes se encontram pelo meio e nem sempre a cor desempenha papel central. Claro que se deve lutar contra isso, mas do meu ponto de vista, não deste modo tão errado.

Este tipo de coisas não nasce connosco, adquire-se, desde logo em casa dos pais. Depois na escola. Portanto, é aí que as atenções devem estar centradas. Na educação de valores que sejam justos e correctos. Na paciência que é necessário ter, porque este fenómeno não se erradica do dia para a noite.

Fundamentalmente, na necessidade de racionalizar recursos e de colocar as instituições nos trilhos. Não basta ter um Alto Comissariado para os Direitos Humanos, se quem está à frente é incapaz de pensar antes de falar, se tiver lá sido colocado por influências políticas, ou se lá foi colocado pelo género e não pela competência. 

Fala-se à exaustão na quota que as mulheres têm de ter nos mercados de trabalho, o que quanto a mim é uma forma de racismo. As mulheres e os homens devem ser colocados pela sua competência e não mais do que isso. Mas, o que nós vemos são todos os fazedores de opinião a dizer o contrário, sejam de que género forem.

Já vamos no século XXI, mas o que nos distingue da idade das trevas, é apenas uma ligeira camada de verniz no comportamento, que rápidamente estala à menor dificuldade.

RECIPROCIDADE

 O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos alertou esta terça-feira que a decisão dos suíços de proibirem o uso do véu integral (burca) "levará a uma maior marginalização e exclusão da vida pública" das muçulmanas no país. "A Suíça juntou-se a uma minoria de países nos quais a lei discrimina ativamente as mulheres muçulmanas e isso é profundamente lamentável", sublinhou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado, numa conferência de imprensa.

Pessoalmente, não professo nem destilo qualquer forma de xenofobia, defendo árduamente a movimentação dos povos e não me interessa a sua cor, credo, ou religião. Também defendo que os países de acolhimento, tratem os seus usos e costumes de forma justa e cordial.

Actualmente, há uma disfuncionalidade global, no que diz respeito a estes valores. De repente toda a gente, repito toda a gente é anti-racista e anti-xenófoba. Liderados a nível mundial pelas grandes empresas de opinião, nomeadamente os profissionais de Direitos Humanos, Nações Unidas, etc.

Nunca ninguém me explicou a outra face da moeda, se calhar porque não interessa ou não há coragem. Uma mulher ocidental, que vá trabalhar para um país islamico sofre horrores na pele, porque tem que obrigatóriamente obedecer às leis desses países, nomeadamente no que toca a vestuário. Quem já viajou, sabe que as agências de viagens distribuem panfletos com recomendações sobre tudo isso.

Há critérios de reciprocidade que não estão a ser cumpridos.

Portanto, até ao dia em que as mulheres ocidentais se possam sentir livres num qualquer país islâmico, eu sou frontalmente contra o uso de burca, e acho que a Suiça esteve bem em fazê-lo.

E podem chamar-me xenófobo que eu não me importo.

quarta-feira, março 03, 2021

MORTE

Nestes dias, tem-se falado insistentemente de morte. A pandemia tem ceifado muita gente.

Por defeito de profissão, talvez, desde muito cedo me habituei a encarar a morte de uma forma muito natural, sem grande sofrimento, já que de uma maneira ou doutra acontecerá a todos nós.

Aquilo que me traz verdadeiramente sofrimento, permanente, doloroso, sem remédio, é a ausência.

Saber que nunca mais poderei partilhar a companhia, trocar ideias, ou simplesmente estar, mexe no mais fundo de mim.

Saber que a ausência é definitiva, seja de alguém próximo, família, estranhos que sempre foram importantes para mim, que janais poderei ouvir coisas novas de Jobim, que Gabriel Garcia Marquez nunca mais me surpreenderá, que nunca mais poderei trocar conversa, carinho, ou brincadeiras com o meu irmão, que jamais ouvirei as vozes dos meus pais, isso sim traz-me sofrimento permanente e uma enorme sensação de impotência.