UM QUARTO LONGE DO MUNDO
Dois futuros e um quarto longe do
mundo. Um futuro passado e outro impossível.
Sobra o quarto pendurado num
varal já gasto pelo tempo. Dentro uma rosa, que era mesmo de Atacama, e
Penélope tecendo sem descanso, os fios da sua própria vida. Uma enorme cobra
azul, do lado de fora, vigiava o mundo em redor. E um corvo negro de olhar
brilhante pousado no beiral.Corpos nus, olhando-se em desacato até o dia raiar e mais além, acreditando que todos os caminhos eram para percorrer. A caligrafia dos corpos, escrita num poema há muito submerso. A promessa do olhar foi-se desvanecendo na lógica improvável de um futuro impossível. E no entanto…
O futuro que há-de vir, ficou sem
futuro, apenas com passado.
Percorrido na solidão de um amor
incondicional, intemporal, único e permanente, só possível num quarto longe do
mundo.
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