E agora, que é que eu faço ao livro?
Sim! Que é que faço ao livro que encomendei à agente do Circulo de Leitores?
Do Circulo de Leitores, sim senhor, porque já não sabia que dizer à insistente moça, que por sinal e para mal dos meus pecados tinha o número do meu telemóvel... não sabia onde estava o diabo da revista e não tinha coragem para lhe dizer: Desisto!!! Ela dizia logo – Pense bem Sr. Fernando, Veja lá!
Depois de um passar de olhos apressado à revista do Círculo, eis que me surge: Fernando Nobre-Presidente da AMI – HUMANIDADE “Despertar para a cidadania global solidária”. É este! É este mesmo! (um gajo porreiro, despretensioso, que toda a vida contribuiu para ajudar o próximo – mesmo o distante, ou principalmente esse… às tantas, por isso) – Presidente da AMI! É este!
- Não quer ver com mais atenção, Sr. Fernando? Deixo ficar a revista!
- Não! Não, é mesmo este o livro que eu quero, identifico-me, e muito com este fulano! É este!Independente, solidário, nada o liga a partidos, nem essas coisas… é mesmo este!
E agora?
Agora? Agora faço minhas as palavras do GED...
Não é que agora o homem já aparece em fotos, com uma face algo parada e estranha, com um sorriso bacoco, aquele ar de conveniência... ligeiramente curvado, como convém, seguindo com ar babado aquela, agora, endeusada pessoa, bebendo os seus gestos e esperando alguma sobra?
Que é que eu faço ao raio do livro?
Alguém o quer?
Mando, livre de portes.
fmartaneves
17/06/2011
PS. Ged, pf, pára de pegar com o homem...
É assim a vida em TERRAMAR, onde dragões e feiticeiras se juntam e contam histórias em que tudo pode acontecer.
sábado, junho 18, 2011
terça-feira, junho 14, 2011
FERNANDO NOBRE E NÓS (REMAKE 15)
Lembram-se?
Concorreu como independente à Presidência da República. Dizia ele que era a voz do povo descontente.
Pouco tempo depois, apareceu coligado ao PSD, para ganhar as eleições e ficar no número dois do país, Presidente da Assembleia da República.
O PSD ganhou e ofereceram-lhe um cargo de ministro, que vai aceitar.
Se lhe oferecessem um cargo de porteiro da Assembleia da República aceitaria?
Eu fico na dúvida, mas aceitam-se apostas.
Concorreu como independente à Presidência da República. Dizia ele que era a voz do povo descontente.
Pouco tempo depois, apareceu coligado ao PSD, para ganhar as eleições e ficar no número dois do país, Presidente da Assembleia da República.
O PSD ganhou e ofereceram-lhe um cargo de ministro, que vai aceitar.
Se lhe oferecessem um cargo de porteiro da Assembleia da República aceitaria?
Eu fico na dúvida, mas aceitam-se apostas.
sexta-feira, junho 10, 2011
Poesia soviética
VIDA, VIDA
Não acredito em presságios nem temo
Os pressentimentos. Não fujo nem da calúnia
Nem do veneno. A morte não existe.
Todos são imortais. Tudo também.
Não há sentido em temer a morte aos sete,
Ou aos setenta. Só há aqui e agora, e a luz;
Nem morte, nem escuridão existem.
Já estamos todos à beira-mar;
E eu sou um desses que vasculham as redes
Quando um cardume de imortalidade passa nadando.
Arsênyi Tarkóvski
Não acredito em presságios nem temo
Os pressentimentos. Não fujo nem da calúnia
Nem do veneno. A morte não existe.
Todos são imortais. Tudo também.
Não há sentido em temer a morte aos sete,
Ou aos setenta. Só há aqui e agora, e a luz;
Nem morte, nem escuridão existem.
Já estamos todos à beira-mar;
E eu sou um desses que vasculham as redes
Quando um cardume de imortalidade passa nadando.
Arsênyi Tarkóvski
quarta-feira, junho 08, 2011
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
"Olhamos a estrela como olhamos o fogo.
Sabendo que são uma mesma substância,
apenas diferindo na distância
em que a si mesmos se consomem."
Mia Couto
Sabendo que são uma mesma substância,
apenas diferindo na distância
em que a si mesmos se consomem."
Mia Couto
sexta-feira, junho 03, 2011
OPINIÕES
Em tempos muito recuados, considerava-me ateu puro e duro, hoje vejo-me como um agnóstico. A maioria dirá que é natural e saudável que uma pessoa mude com a experiência e com a aprendizagem, e que mudar é um sinal de grande maturidade. Isto está em profunda contradição, com o que diz um verdadeiro escritor e que eu assino por baixo: “tenho 54 anos e nunca dei por estar a crescer”.
E não considero para além do mais, que neste assunto específico tenha havido qualquer mudança, apenas a vida me ensinou a suavizar as minhas opções e, hoje em relação a tudo o que me cerca, tento manter-me aberto e disponível para aceitar.
Mas desenganem-se.
Eu fui educado dentro de todas as normas e ritos da Santa Madre Igreja. Fui baptizado, fiz toda a catequese, tive a minha Comunhão Solene, fui crismado e por aí adiante. Não foi portanto uma questão de princípios.
A verdade é que a Igreja sempre me apresentou mais obrigações e deveres, do que graças. E nunca me habituei a lidar com o Deus sisudo e severíssimo que sempre me tentaram impor, e muito menos com a ideia de um brutal inferno, onde todos iríamos parar se não nos portássemos bem. Nunca consegui enquadrar esse Deus, como infinitamente bondoso e justo.
E quando achei que já tinha idade, perguntei aos meus pais, porque é que eles que me tinham educado segundo os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, cometiam o pecado semanal de nunca ir à missa. Responderam-me, que sempre que tinham necessidade de estar com Deus, ele estava presente. E sei que contactavam amiúde.
Com o sentido de humor, que felizmente herdei, o meu pai dizia-me que não gostava de tratar das coisas no escritório, além do mais através de intermediários, que a História tinha mostrado muitas vezes, que nem eram de confiança. Aquilo que era de facto importante, não podia nem devia ser adiado até ao domingo seguinte.
A partir daí nunca mais frequentei a missa e sei que os meus pais estejam onde estiverem, estão bem. Não deixo no entanto de reconhecer, que há gente que o faz por verdadeira fé, e esses para mim são os únicos, que verdadeiramente acreditam em Deus sem pedir nada em troca.
E foi assim que cheguei até aqui. Desacreditando da igreja e questionando a existência de um ser superior. Carregado de dúvidas e incertezas. E sem ser meu intuito envolver-me em profundezas teológicas, que para isso existe outra gente mais disponível, neste momento à minha frente colocam-se três hipóteses.
Deus de facto não existe e o problema está resolvido. Quando a altura chegar, quatro palmos de terra e adeus que me vou embora. Nada de muito preocupante para mim. Olho para a morte como uma situação inevitável e, se aprendi alguma coisa até aqui, foi que o que é inevitável não nos deve preocupar uma vez que nada podemos fazer para mudar o rumo dos acontecimentos.
Deus existe, e é de facto severo e castrador, tal e qual como a igreja recomenda e propaga aos quatro ventos. Não é um Deus que eu consiga aceitar e a ser verdade, provavelmente irei pagar por isso.
Deus existe, mas é como eu O penso. Igualzinho à própria vida: sereno, doce, justo e acima de tudo divertido e com um enorme sentido de humor, pois só assim, é que ele pode aguentar tudo o que lhe vêm fazendo, ou que fazem uns aos outros em nome Dele.
O cálculo de probabilidades mostra-se a meu favor. Das três hipóteses, duas são-me favoráveis. Ou não existe, ou existindo é como eu O imagino e está neste momento a divertir-se com o que eu estou a escrever. Saberá perdoar as minhas dúvidas, com ou sem um castigozinho a acompanhar (dependendo do Seu humor no momento, mas nunca será nada de aterrador ), uma vez que duvidei Dele.
Quanto a toda a imensa legião de gente, ao enorme rebanho tresmalhado sem o saber, que frequenta a igreja semanalmente, para fazer (como se diz hoje em linguagem informática) o “reset” do disco duro da alma, pensando ter na semana seguinte a oportunidade de cometer todos os seus pequenos crimes e pulhices, que poderão apagar à vontade no domingo seguinte com meia dúzia de rezas e uma confissão de permeio, para esses o cálculo de probabilidades diz que se irão seguramente danar.
É que mesmo um Deus divertido e com um sentido de humor invejável, não deve achar graça nenhuma a isso.
Tudo tem um limite.
E não considero para além do mais, que neste assunto específico tenha havido qualquer mudança, apenas a vida me ensinou a suavizar as minhas opções e, hoje em relação a tudo o que me cerca, tento manter-me aberto e disponível para aceitar.
Mas desenganem-se.
Eu fui educado dentro de todas as normas e ritos da Santa Madre Igreja. Fui baptizado, fiz toda a catequese, tive a minha Comunhão Solene, fui crismado e por aí adiante. Não foi portanto uma questão de princípios.
A verdade é que a Igreja sempre me apresentou mais obrigações e deveres, do que graças. E nunca me habituei a lidar com o Deus sisudo e severíssimo que sempre me tentaram impor, e muito menos com a ideia de um brutal inferno, onde todos iríamos parar se não nos portássemos bem. Nunca consegui enquadrar esse Deus, como infinitamente bondoso e justo.
E quando achei que já tinha idade, perguntei aos meus pais, porque é que eles que me tinham educado segundo os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana, cometiam o pecado semanal de nunca ir à missa. Responderam-me, que sempre que tinham necessidade de estar com Deus, ele estava presente. E sei que contactavam amiúde.
Com o sentido de humor, que felizmente herdei, o meu pai dizia-me que não gostava de tratar das coisas no escritório, além do mais através de intermediários, que a História tinha mostrado muitas vezes, que nem eram de confiança. Aquilo que era de facto importante, não podia nem devia ser adiado até ao domingo seguinte.
A partir daí nunca mais frequentei a missa e sei que os meus pais estejam onde estiverem, estão bem. Não deixo no entanto de reconhecer, que há gente que o faz por verdadeira fé, e esses para mim são os únicos, que verdadeiramente acreditam em Deus sem pedir nada em troca.
E foi assim que cheguei até aqui. Desacreditando da igreja e questionando a existência de um ser superior. Carregado de dúvidas e incertezas. E sem ser meu intuito envolver-me em profundezas teológicas, que para isso existe outra gente mais disponível, neste momento à minha frente colocam-se três hipóteses.
Deus de facto não existe e o problema está resolvido. Quando a altura chegar, quatro palmos de terra e adeus que me vou embora. Nada de muito preocupante para mim. Olho para a morte como uma situação inevitável e, se aprendi alguma coisa até aqui, foi que o que é inevitável não nos deve preocupar uma vez que nada podemos fazer para mudar o rumo dos acontecimentos.
Deus existe, e é de facto severo e castrador, tal e qual como a igreja recomenda e propaga aos quatro ventos. Não é um Deus que eu consiga aceitar e a ser verdade, provavelmente irei pagar por isso.
Deus existe, mas é como eu O penso. Igualzinho à própria vida: sereno, doce, justo e acima de tudo divertido e com um enorme sentido de humor, pois só assim, é que ele pode aguentar tudo o que lhe vêm fazendo, ou que fazem uns aos outros em nome Dele.
O cálculo de probabilidades mostra-se a meu favor. Das três hipóteses, duas são-me favoráveis. Ou não existe, ou existindo é como eu O imagino e está neste momento a divertir-se com o que eu estou a escrever. Saberá perdoar as minhas dúvidas, com ou sem um castigozinho a acompanhar (dependendo do Seu humor no momento, mas nunca será nada de aterrador ), uma vez que duvidei Dele.
Quanto a toda a imensa legião de gente, ao enorme rebanho tresmalhado sem o saber, que frequenta a igreja semanalmente, para fazer (como se diz hoje em linguagem informática) o “reset” do disco duro da alma, pensando ter na semana seguinte a oportunidade de cometer todos os seus pequenos crimes e pulhices, que poderão apagar à vontade no domingo seguinte com meia dúzia de rezas e uma confissão de permeio, para esses o cálculo de probabilidades diz que se irão seguramente danar.
É que mesmo um Deus divertido e com um sentido de humor invejável, não deve achar graça nenhuma a isso.
Tudo tem um limite.
quinta-feira, junho 02, 2011
La vida empieza a correr...
La vida empieza a correr
de un manantial, como um río;
a veces, el cauce sube,
a veces, ele cauce sube,
y otras se queda vacío.
Del manantial que brotó
para darte vida a ti,
ay, ni una gota quedó
para mí:
la tierra se lo bebió.
Aunque tú digas que no,
el mundo sabe que sí,
que nu una gota quedó
del manantial que brotó
para darte vida a ti.
Nicolás Guillén
de un manantial, como um río;
a veces, el cauce sube,
a veces, ele cauce sube,
y otras se queda vacío.
Del manantial que brotó
para darte vida a ti,
ay, ni una gota quedó
para mí:
la tierra se lo bebió.
Aunque tú digas que no,
el mundo sabe que sí,
que nu una gota quedó
del manantial que brotó
para darte vida a ti.
Nicolás Guillén
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