sexta-feira, maio 20, 2011

DOENÇA MORTAL




DOENÇA MORTAL
Conversas imaginárias ( escrita sobre as nuvens entre Paris e Lisboa)




Rosalinda tinha tudo para ser feliz e fazer qualquer homem feliz.
De facto era uma mulher muito bonita, sensual, inteligente culta e divertida.
Foi assim que Pedro a conheceu e se apaixonou de imediato. Ela também, porque Pedro parecia ser tudo o que ela sempre tinha desejado.
E ao fim de algum tempo de namoro casaram.
Viveram felizes e muito apaixonados, pelo menos durante algum tempo nada manchou esta relação .
Um dia de manhã, sem qualquer motivo aparente ela diz-lhe.
- Pedro, estás tão perfumado, passa-se alguma coisa?
- Claro que não, uso este perfume há mais de cinco anos e sempre o ponho de manhã como sabes
- Sei, mas hoje o cheiro parece-me mais intenso, mas deixa, deve ser impressão minha.
Pedro saíu para o trabalho, levemente perturbado, mas depressa esqueceu o pequeno incidente.
E tudo foi correndo bem nos dias seguintes.
Algumas semanas depois, de manhã, já Pedro tinha esquecido o pequeno incidente, Rosalinda volta a perguntar-lhe.
- Pedro, estás de meias pretas, vais ter com alguém, andas a enganar-me?
- Claro que não meu amor, tu sabes muito bem que eu só tenho meias pretas, e porque haveria de te enganar? Nós não somos felizes?
Mais uma vez, Pedro saiu para o trabalho, desta vez com alguma preocupação, pois não achava normal a atitude de Rosalinda.
Nos dias seguintes tudo se tornou mais sério e obssessivo.
- Pedro, estás a cortar as unhas dos pés e das mãos porquê?
- Pedro, porque estás a fazer a barba?
-Pedro, porque estás a pegar na chávena de café com a mão esquerda?
- Pedro porque estás a tomar banho? Tenho a certeza que andas metido com outra a enganar-me todos os dias. Odeio-te.

Hoje, Pedro e Rosalinda vivem separados.
E ela, vive a sua vida, feliz (?) na sua roda de amigos e amigas a quem confidencia com grande à vontade e com o sentimento de ter toda a razão do mundo, durante o chá das cinco, numa esplanada qualquer:
- Eu não vos dizia? Não vos disse sempre que ele me andava a enganar? Os homens são todos iguais. Apenas nos querem durante um tempo, depois fartam-se e abandonam-nos.
Façam como eu, que aprendi à minha custa que nunca se deve confiar em ninguém .

11 comentários:

MA FERREIRA disse...

....Quando o amor acaba....

bj

Ma Ferreira

GED disse...

Não necessáriamente. Pode não acabar, mas se estraga sem razão.
BJ.

MA FERREIRA disse...

.. o tempo se encarrega de acabar? a rotina?

Ma

lua disse...

Não ela não vive nem pode viver feliz; não se é feliz sem amor, mas vai-se vivendo..as pessoas ou se acomodam ou se transformam e levantam-se e acordam e aceitam-se por mais despedaçada que a alma esteja..a vida continua…. com outros amores..com outras paixões, com outras formas de viver

Bípede Falante disse...

Quem disser que é realmente feliz o tempo todo todos os dias desde sempre que atire a primeira pedra em si mesmo porque estará mentindo.

Bípede Falante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bípede Falante disse...

GED, razões sempre existem, mesmo quando não se quer ver.

Bípede Falante disse...

lunda, é de se pensar.

Bípede Falante disse...

Doença mortal é o orgulho. O resto são sintomas.

GED disse...

E eu a pensar que tinha escrito sobre ciúme doentio, capaz de exterminar tudo à volta.

...AMANHECER disse...

O ciúme é um sentimento negativo,cego,destrutivo.Alimenta-se da desconfiança.Não existe amor na Rosalinda.Infelizmente existem muitas Rosaslindas.O amor vence a rotina, não acompanha não vence o ciúme. Mas... eu sou uma sonhadora!