quarta-feira, junho 23, 2010

MÃOS

É de mãos que eu falo
Dedilhando cuidadosamente os sons
De corpos e almas
De mãos serenas, traçando contornos
Para além do vazio e da solidão
Criando ilhas em oceanos violetas
De mãos firmes desventrando amores
Apontando firmemente os caminhos futuros
De mãos entrelaçando outras mãos
Em gestos de ternura incontida.
De mãos incapazes de rasgar cartas
Concavas, segurando a areia dos penhascos
Voando exuberantes sobre as ondas
De mãos feiticeiras tecendo sem fim
Penélopes traçando os seus próprios rumos
De mãos acariciando serenas, o dorso dos rios
Desvendando labirintos e enseadas
Até que finalmente tudo seja mar
É de mãos que eu falo.

GED

2 comentários:

Bípede Falante disse...

Ged, recrias com intensidade e arte as palavras que escapam dessas outras mãos de que falas. A tua poesia é como a tua África: íntima, inatingível e acalentadora.
Obrigada.

Alice Almeida disse...

Olá Henrique!

Mãos de ternura
Mãos de trabalho
Mãos que tentam fazer a diferença!
Um beijinho
Alice Almeida