Já fiz muitos poemas à minha terra. Neste blog, a esmagadora maioria dos poemas são originais, escritos pelos respectivos autores que têm a fidalguia de os publicar aqui. Por isso, o poema que vou partilhar com vocês, e que constitui uma excepção às regras que impus, não foi escrito por mim nem por nenhum de vós.
Apenas gostaria de o ter escrito. Foi-me enviado por um grande amigo e, tocou-me bem fundo.
Apenas gostaria de o ter escrito. Foi-me enviado por um grande amigo e, tocou-me bem fundo.
Quando te disse
que era da terra selvagem
do vento azul
e das praias morenas...
do arco-iris das mil cores
do sol com fruta madura
e das madrugadas serenas...
das cubatas e musseques
das palmeiras com dendém
das picadas com poeira
da mandioca e fuba também...
das mangas e fruta pinha
do vermelho do café
dos maboques e tamarindos
dos cocos, do ai u'é...
das praças no chão estendidas
com missangas de mil cores
os panos do Congo e os kimonos
os aromas, os odores...
dos chinelos no chão quente
do andar descontraido
da cerveja ao fim de tarde
com o sol adormecido...
dos merenges e do batuque
dos muquixes e dos mupungos
ds imbondeiros e das gajajas
da macanha e dos maiungos.
da cana doce e do mamão
da papaia e do cajú...
tu sorriste e sussurraste
'Sou da mesma terra que tu!'
Ana Paula Lavado
in ' Um beijo sem nome' do livro 'Vozes ao Vento'
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