sábado, setembro 23, 2006

DESESPERO

24.09.2006
Estamos a oeste da Europa! O mais oeste possível. Mais um pouco e estariamos no mar. Talvez por isso, temos problemas e uma batalha que não venceremos tão cedo. Não vale a pena queixarmo-nos dos políticos e de tudo o resto. A causa do atraso é nossa. A culpa é de todos nós, por sermos incapazes de vencer esta batalha.
A que é que me refiro?
À nossa educação claro. E, não, não me refiro à escolar e sim àquela básica que nos permite conviver uns com os outros em paz e com decência.
Basta ver a maneira como se reage em situações de tensão. Nunca civilizadamente, mas sempre aos gritos, para melhor sermos ouvidos e, para sermos filmados por uma qualquer televisão. Roçamos a histeria gratuita. Os exemplos são diários na televisão.
E que dizer da condução em estrada? Eu defendo que os carros aqui deviam ser mais baratos. Pois, se ninguém usa pisca! Já repararam na cara dos condutores ao vosso lado? Olhem, e mirem-se a um espelho. Isto não é uma guerra.
Que dizer da violência, nem sempre verbal exercida sobre os professores? Alguém já parou para pensar que eles estão lá a tentar educar os nossos filhos? A maior parte das vezes a fazer o nosso trabalho de casa?
Já repararam que sempre que alguém pergunta se lemos, toda a gente diz que sim, que tem vários livros à cabeceira. Instados a concretizar ninguém se lembra do que anda a ler!!!
E que dizer dos concursos de televisão, que se pretendem culturais. A ignorância geral é medonha.
Pois é. Posso continuar a escrever indefinidamente, mas o facto real é que a educação no que ela tem de mais básico, ainda não foi alcançada.
E por este andar cada vez nos atrasaremos mais.

domingo, setembro 10, 2006

A PAÍSA

Tenho um amigo, desde os tempos da Universidade. Na altura eramos de esquerda, não filiados, pois achavamos que as teses comunistas do princípio do século, fabricadas para a sociedade de então, em princípio de industrialização, precisavam de ser revistas e adaptadas. Essa posição custou-nos dissabores vários e o apelido de fascistas de esquerda.
Tantos anos depois, continuamos de esquerda e não filiados, o que continua a causar-nos dissabores. Agora já não nos chamam fascistas, mas acham que somos perigosos esquerdistas. Na verdade, achamos que ser de esquerda é um acto natural e, não fizemos como tantos que todos conhecemos, que chamaram a isso um devaneio da mocidade e mudaram os azimutes para a direita de todos os matizes.
Vem isto a propósito do titulo deste "post". É que esse amigo dizia-me: sabes? eu acho que este país não é um país. É uma paísa. Hoje, quando estou com ele digo-lhe sempre: este país ainda é uma paísa!

Como qualquer português, tenho direito a ter uma opinião sobre o que se passa. No entanto, aqui apenas colocarei aquilo que achar mais ridículo, mais vergonhoso e sem explicação possível numa sociedade saudável.

10.09.06
A propósito da modificação das carreiras médicas agora em curso e para entrar em vigor em Janeiro de 2007, pode ler-se o seguinte: "Pelo trabalho prestado em regime de prevenção não acresce qualquer remuneração, ainda que ocorra a presença física do médico durante parte ou a totalidade do tempo a que se refere aquele regime". Não comento.

11.09.06
Há dias fomos surpreendidos, pela notícia aparentemente nova de que se tinha conseguido um pacto de regime, na área da justiça. Pompa e circunstância. Aparentemente tudo estava bem e os portugueses felizes. Não era para menos. Pelo menos uma vez, os políticos demonstravam bom senso e preocupação com o cidadão eleitor. Depressa se percebeu que havia gente que poderia ter assinado o pacto, alargando assim o consenso, mas que não assinou, pois aparentemente não foram sequer ouvidos. Não comento.
26.09.06
"Não contem aos nossos filhos"
Há dias, fui surpreendido enquanto almoçava e aguardava o telejornal. Dava na altura um daqueles programas de grande nível cultural, que costuma infelizmente acompanhar as manhãs dos reformados. É assim neste país. Ainda há quem ache que os nossos velhos são atrasados mentais. Nesse programa a vedeta era uma senhora que confessava aos locutores babados, que se tinha prostituido em determinado período da sua vida, com o consentimento do marido, para melhorar o nível de vida familiar. Tudo muito bem explicado e com uma roupagem intelectual a vestir esta façanha. Entretanto tinha escrito um livro "não contem aos nossos filhos", que de todo não vos aconselho a ler. Se a coisa é tão desdramatizada e feita num contexto tão honesto, então porquê esconder esta verdade?
Pressupõe-se que com pais tão intelectualmente superiores, os filhos perceberiam na integra, que não havia qualquer problema no facto.
Enfim!
Já agora, mulheres do meu país, deixem-me dizer-vos que a esmagadora maioria de vós, continua a ter a nossa mais profunda admiração.

FUTEBOL

Eu gosto muito de futebol... mas assim não dá.
Não há disso em Portugal.
Há maus jogos, corrupção sem limites, ninguém é castigado, os árbitros é o que se vê, os dirigentes vão todos pelo mesmo caminho, os jogadores ganham milhões sem o merecerem e, prometem no fim que no próximo domingo é que é!!
O público que paga devia tomar uma atitude. Não ir aos jogos em sinal de protesto.

10.09.06
Hoje fui ao futebol. Regressei a casa com a convicção profunda de que devo fazer a minha parte. Não volto lá.

14.09.06
Apito dourado: ao fim deste tempo todo, finalmente alguém descobriu que a corrupção instalada, não pode ser punida, porque os mecanismos para isso, poderão ser (serão com toda a certeza) inconstitucionais. E, assim vamos caminhando alegremente. Loureiros, Pintos, Vieiras e muitos mais riem-se de todos nós. Principalmente de quem governa e, dos tolos em que todos nos transformamos.