quarta-feira, novembro 13, 2024

COP 437

Quem viu um COP, viu todos. Há quase trinta anos, que andam a enganar o mundo inteiro, e pior do que isso andam a enganar-se uns aos outros. Neste COP 29, pelo menos os três países mais poluentes, não estarão presentes.

Há uns anos começou a falar-se timidamente de florestamento e reflorestamento, mas não se passou daí. E ninguém se preocupou em explicar as causas primárias do desmatamento intensivo por esse mundo fora.

Os grupos ambientalistas, poderão ter alguma boa vontade, mas no geral, demonstram muita ignorãncia e muita timidez.

Tudo isto é recentemente mostrado ao mundo com o aparecimento dos carros eléctricos, que se promovem à força toda. Claro, que ainda ninguém veio dizer que o que se ganha com isso é zero,em termos do uso de combustíveis fosséis, acrescido ao problema de armazenamento das baterias.

Enfim, protocolos de Kioto e de Paris à parte, eu sou um optimista.

Acredito, que jamais se implementará nada de sério, e que a Natureza se encarregará de rápidamente colocar tudo no devido lugar. É assim muito provável que não venha a haver um COP 437. Os humanos no seu geral, e em particular os energumenos possuidores de grandes fortunas têm os dias e as fortunas contados. Resta-lhes durante pouco tempo a possibilidade de usar o seu dinheiro para se aquecerem.

Como disse, sou um optimista, porque sei que nada disto faz sentido e que o caminho para o grande final está aí, já com marcas bem visíveis. Não há como convencer a espécie humana, a mais predadora neste planeta, que nesta fase como em qualquer outra, esta é uma casa comum sem divisórias nem paredes. A única mágoa que tenho, diz respeito ao legado que vou deixar aos meus netos. Vai ser cada vez mais difícil viver aqui.

A comprovar o que digo, deixo um resumo de todos os COP, para que avaliem, o quanto todos enganam todos.

COP 1, Berlim 1995

Início do processo de negociação de metas e prazos específicos para redução de gases de efeito de estufa pelos países desenvolvidos.

COP 2, Genebra 1996

Criação de obrigações legais de metas de redução. Os países em vias de desenvolvimento, poderiam solicitar ajuda para desenvolverem programas específicos.

COP 3, Kioto 1997

Adopção do protocolo de Kioto. Estabelece metas de redução para gases de efeito de estufa, para os países desenvolvidos. Os EUA, não ratificaram o acordo e em 2001, retiraram-se.

COP 4, Buenos Aires 1998

. Fizeram-se esforços para implementar e ratificar o protocolo de Kioto.

COP 5, Bonn 1999

Decisão de implementar e discussões sobre redução de gás carbónico e início de ideias sobre florestamento e reflorestamento.

COP 6, Bonn 2001

Saída dos EUA. Aprovado o uso de sumidouros para cumprimento das metas de emissão e discutidos limites de emissão e assistência financeira para os países em desenvolvimento.

COP 7, Marrakech 2001.

Decisão de usar créditos de carbono, e estabelecimento de ajuda financeira aos países em desenvolvimento.

COP 8, Nova Delhi 2002

Início de discussão sobre fontes de enregia renováveis. A iniciativa privada apresenta projectos de mercado de créditos de carbono.

COP 9, Milão 2003

Regulamentação de sumidouros. Regras para projectos de reflorestamento, que se tornam condição para obtenção de créditos de carbono.

COP 10, Buenos Aires, 2004

Regras para a implementação do protocolo de Kioto.

COP 11, Montreal 2005

A Europa defendeu reduções de emissão entre 20-30% até 2030 e de 60-80% até 2050.

COP 12, Nairobi, 2006

Principal compromisso de rever os prós e contras do protocolo de Kioto.

COP 13, Bali 2007

Estabelecimento de compromissos transparentes e verificáveis para a redução de emissões causadas por desmatamento das florestas tropicais.Voltou a falar-se da necessidade da implementação efectiva de financiamento para os países em desenvolvimento.

COP 14, Poznan 2008

Representantes dos governos mundiais para discussão de um possível acordo climático global

COP 15, Copenhague 2009

Tentativa não conseguida de acordo, em torno do Acordo de Copenhague.

COP 16, Cancun 2010

Criar o Fundo Verde para o Clima, para administrar o dinheiro que os países desenvolvidos se comprometeram a contribuir: 30 biliões de dolares para 2010-2012, e 100 biliões anuais a partir de 2020

COP 17, Durban 2011

Compromisso com acções para conter o aumento de temperatura.

COP 18, Doha 2012

As negociações terminaram com um acordo fechado às pressas entre os países participantes para combater o aquecimento global até 2020.

COP 19, Varsóvia 2013

A grande tarefa foi preparar terreno para a COP 21 em Paris.

COP 20, Lima 2014

Aprovação de um conjunto de decisões, essenciais para negociação de novo acordo climático para apresentar na COP 21.

COP 21, Paris 2015

Acordo histórico, que pela primeira vez envolveu quase todos os países do mundo num esforço para reduzir as emissões de carbono. Manter o aquecimento global abaixo de 2 graus. Acertou-se que os países desenvolvidos financiaram com 100 biliões de dolares anuais, os apíses em desenvolvimento.

COP 22, Marrakech 2016

Foi definido como 2018 o prazo para começar a operacionalização do Acordo de Paris.

COP 23, Bonn 2017

Fortalecimento das metas de enrgias renováveis e aumento do financiamento para adaptação climática.

Consolidação de fundospara protecção das florestas da Noruega, Reino Unido e Alemanha.

COP 24, Katowice 2018

Implementação de um livro de regras detalhado, que estabeleceu como os governos mediriam e reportariam seus esforços na redução de emissões.

COP 25, Madrid 2019

Enfatizou-se a necessidade urgente de intensificar a luta contra as mudanças climáticas.

COP 26, Glasgow 2021

Promessa de eliminação progressiva de combustíveis fosséis por grandes emissores como a China, India, UE e EUA. Em contrapartida não houve um plano claro para um mecanismo de financiamento de perdas e danos e apoio financeiro aos países em desenvolveimento.

COP 27, Sharm-El-Sheikh 2022

Criação de fundos para perdas e danos para países em desenvolvimento.

COP 28, Dubai 2023

Avaliação do progresso em relação às metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris 

COP 29, Baku 2024

Dar continuidade às discussões internacionais a respeito das mudanças climáticas e do agravamento do aquecimento global, tendo como enfoque o financiamento climático que é oferecido a países emergentes e subdesenvolvidos para combaterem esse grave problema ambiental.

sexta-feira, novembro 08, 2024

ARUNDATHI ROY

Quando Benjamin Netanyahu segura um mapa do Oriente Médio no qual a Palestina foi apagada e Israel se estende do rio ao mar, ele é aplaudido como um visionário que está trabalhando para realizar o sonho de uma pátria judaica.

Mas quando os palestinos e seus apoiadores gritam “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, eles são acusados ​​de pedir explicitamente o genocídio dos judeus.

Eles são mesmo? Ou isso é uma imaginação doentia projetando sua própria escuridão nos outros? Uma imaginação que não pode tolerar a diversidade, não pode tolerar a ideia de viver em um país ao lado de outras pessoas, igualmente, com direitos iguais. Como todo mundo no mundo faz. Uma imaginação que não pode se dar ao luxo de reconhecer que os palestinos querem ser livres, como a África do Sul é, como a Índia é, como todos os países que se livraram do jugo do colonialismo são. Países que são diversos, profundamente, talvez até fatalmente, falhos, mas livres. Quando os sul-africanos estavam entoando seu popular grito de guerra, Amandla ! Poder ao povo, eles estavam pedindo o genocídio dos brancos? Eles não estavam. Eles estavam pedindo o desmantelamento do estado do apartheid. Assim como os palestinos são.


À medida que o horror que estamos testemunhando em Gaza, e agora no Líbano, rápidamente se transforma em uma guerra regional, seus verdadeiros heróis permanecem fora do quadro. Mas eles lutam porque sabem que um dia, do rio ao mar a Palestina será livre.

Fique de olho no seu calendário. Não no seu relógio.

É assim que o povo - não os generais - o povo que luta pela sua libertação mede o tempo.